O Brilho das Sombras

O Brilho das Sombras Amy Ellis Nutt




Resenhas - O Brilho das Sombras


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DayanePrincipessa 22/08/2023

Uma Vida Incrível
Encontrei este livro em um dia de garimpo no sebo da minha cidade, pois além de gostar dos clássicos, também sempre procuro por preciosidades escondidas, ainda não descobertas pelo grande público, e foi o caso deste belíssimo exemplar.
Ele é uma mistura de tudo que gosto: biografia, ciência e poesia, relata a vida de Jon Sarkin, um indivíduo que era comum, mas que teve a vida transformada após sofrer um derrame e ter complicações após cirurgias no cérebro.
Ocorre que Jon voltou do coma com uma personalidade totalmente diferente, certas limitações, obsessão e talento para arte.
A autora começa o livro focalizando bastante na figura de Kim, a esposa de Jon, pelo que pude perceber, então começarei dizendo o que achei dela.
Que mulher!!! Realmente Kim surpreendeu a todos, a humanidade poderia parar para observá-la e tentar aprender um pouco com este ser humano incrível. Esteve do lado de Jon em todo momento, jamais desistiu dele, mesmo quando sentia suas forças se esgotarem diante do medo de nunca mais ter seu marido de volta (como ele era antes).Com toda sua força de vontade, cuidou do esposo e não desistiu dos seus sonhos, pois queria ter uma família grande, mesmo diante da condição de Jon, ela engravidou mais duas vezes e cuidou de todos muito bem.
Ela nos mostrou o que é o verdadeiro amor, aquele que ninguém mais lembra, sabe? “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença…”
Mudando o foco para Jon, a autora retrata toda a trajetória dele, a sua busca pelo seu antigo “EU’, pois após as cirurgias no cérebro, nunca mais se sentiu o mesmo, de fato, nunca mais foi.
Quando comparamos a narrativa do início do livro que descreveu a personalidade de Jon, um homem centrado, estudioso, dedicado ao trabalho, que valorizava a família, tranquilo, pacato, consegue observar a imensa disparidade com o novo Jon, pós derrame.
Jon agora era impulsivo, desatento, tinha dificuldade em sentir empatia, não conseguia se concentrar em nada, exceto, na arte. No regresso do coma ele apresentou um misterioso talento para a pintura, com criações exuberantes, expressivas, cheias de cores e mistério, quando antes, mal pintara algumas vezes na vida.
O tempo todo durante sua trajetória tentava entender quem ele era, tendo em vista, que tudo mudou completamente após o incidente.
A autora mesclou a narrativa com os fragmentos da história de Jon e dados científicos sobre neurociência com o objetivo de tentar elucidar estes sintomas.
Um dado que me chamou atenção foi a abordagem de um estudo que analisou a possível existência de dois “eu” dentro de cada ser humano. Não sou médica, nem psicóloga, mas vou dar minha contribuição do que acho sobre isso kkk.
Eu acredito que todo mundo tem dentro de si essa dualidade, observem este fragmento do texto de Paulo de Tarso:
“Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”. Romanos 7:19-20 ARC
Paulo já tinha refletido sobre isso, observado que dentro dele é como se existissem dois “eu” que inclusive militam entre si, um quer fazer o bem, outro o mal…
Há alguns anos também tive noção sobre isso, pude verificar dentro de mim que existem estes dois “eu”, hora ou outra um deles domina a situação, porém sempre tento fazer com o que o lado bom domine. Isto tem haver com espiritualidade, que nem todos acreditam, de qualquer maneira, achei relevante trazer este dado, tendo em vista que é um texto milenar e que já indicava um caminho semelhante ao apontado pela neurociência.
Além desta questão do bem e do mal, também acredito que todo ser humano tem dois lados, um criativo e outro mais racional. No caso do Jon, acredito que o que possa ter acontecido é que após o acidente o lado criativo dele veio à tona, quando antes, era reprimido, consciente ou inconscientemente por ele. Se você for pensar, sempre quando perguntamos para alguém do que gosta, ou que profissão gostaria de ter, normalmente respondem uma área relacionada a arte e em seguida vem: ah mas não dá dinheiro, não tenho talento, não tive oportunidade de aprender, não tenho tempo, etc.
Acho que infelizmente reprimimos este nosso lado, porque seria difícil demais correr atrás de um sonho assim, é uma covardia com nós mesmos…
Eu mesma sempre que faço testes de personalidade os resultados são os mesmos: vocação para escritora, psicóloga, artista, fotógrafa, música. Mas no entanto, não me dedico a nenhuma dessas áreas, minha vida atualmente é comum e monótona, trabalho burocrático, casa, etc. (com exceção dos livros s2).
Ou seja, talvez esse “novo Jon” sempre foi ele mesmo, só estava “escondido” “sufocado” dentro do antigo Jon, moldado pela sociedade.
Acredito que o único problema foi a libertação desse novo Jon ter sido nível inconsciente, porque se tivesse sido no nível da consciência ele teria aceitado com mais facilidade, por exemplo, se tivesse acordado do coma e pensado: “Meu, quase morri, minha vida era monótona, não fazia nada do que eu queria, vou fazer tudo diferente agora, vou ser um artista!”
Se ele tivesse tomado essa consciência, tanto ele como a família teriam aceitado tranquilamente, creio eu, minha hipótese kkkkkkkk.
O que ele inclusive chamava de obsessão por pintar, não acredito que seja algo nocivo como um vício, por exemplo, porque de acordo com o que foi relatado ele tinha rotina, contato com a família, viajava nas férias etc. O vício impede a pessoa de fazer tudo isso, então creio que não era o caso dele.
Algumas partes da história dele com a família me chamaram muito a atenção, foram marcantes pra mim, gostaria de citá-las.
Teve a cena quando a esposa dele, Kim, se deu conta que estava sozinha para cuidar do filho ainda bebe e do marido agora totalmente dependente dela, até para se trocar, então ela pensou: Fui criada no meio de três irmãos, sou durona!
Foi o momento “Uauuuuuuuu” do livro, me soou até familiar rsrs.

Outro momento marcante foi quando depois de muitos anos Kim ficou doente e passou mal no Shopping então ligou para seu irmão ir buscá-la. Depois ela falou para Jon sobre o ocorrido e ele então perguntou: Por que você não me ligou? Ela respondeu: Não sei, acho que queria alguém que fosse me buscar…”
Este foi o momento que cortou meu coração, porque cuidar da esposa e dos filhos é o orgulho do homem, é uma das coisas que faz com que eles se sintam homens, no entanto, Jon devido as suas limitações não poderia ajudar nisso e tinha consciência 🙁

Outro momento espetacular foi quando ele encontrou um homem que sofria do mesmo problema que ele, então passaram horas desenhando e filosofando. Nesta ocasião, Jon se sentiu bem em ser quem era. s2

Outra questão que queria comentar são as poesias do Jon, poderiam não fazer sentido para ninguém, mas eu amei kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Amei ele repetir sempre a mesma situação, mas de diversos modos diferentes, achei incrível demais.


A conclusão geral que tive deste livro é que podemos superar qualquer coisa se não desistirmos e continuarmos lutando. Também, que devemos ouvir o nosso “JON” interior e deixar vir à luz nossas emoções, criatividade, arte, vida…

21/08/2023
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