Robert 21/12/2022
A onipresença da morte e uma solução possível
Da mesma forma que todo o passado - tenha sido ele bom ou ruim - o minuto anterior não existe mais, morreu. Assim como tudo que foi sentido e vivido nele. O minuto que agora perdura tem seus 60 segundos e morre. E assim sucessivamente. Isso vale também para os dias, semanas, meses, anos? A manhã é morta pela tarde, que é morta pela noite. Mas é mais que isso. A morte não é algo que acontece no fim, um momento derradeiro, mas sempre presente. Como diz Sêneca, "a morte não é o último grão que cai da ampulheta, mas todos que caíram antes".
O antropólogo Ernest Becker afirmava que tudo que pensamos, fazemos, criamos é estimulado por nosso medo atávico da morte. Por que tememos algo que é onipresente desde sempre? Tudo que nasce morre. As plantas, os bichos, os seres humanos. Alguém nasce agora e sabemos que morrerá ou que já está morrendo.
Mudar a maneira com lidamos com a morte não mudaria a maneira como lidamos com a vida? O filósofo Montaigne dizia que o homem sábio medita constantemente sobre a morte. Por essa proposta, a morte seria uma grande pedagoga. Sêneca propunha algo semelhante. Dizia ele que não faz sentido temer algo inevitável, sabido por todos, presente em toda natureza. Ainda mais, propunha que desdenhássemos da morte, não fugíssemos dela, mas apreciando a vida. É possível? No caso dele, parecia que sim porque tinha um objetivo fundamental de vida: a ataraxia (serenidade, tranquilidade). Mas seria esse um objetivo de vida viável ou querido por nós, homens do mundo atual?