Leandro Matos 15/08/2014EM BUSCA DO INFINITO | UMA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA DOS PRIMEIROS NÚMEROS À TEORIA DOS CAOSNessa semana, o carioca Artur Ávila, recebeu o prêmio que é considerado o Nobel da Matemática, por avanços e resultados conclusivos sobre o campo dos sistemas dinâmicos. A medalha Fields é entregue para no mínimo 2 e no máximo 4 pessoas com até 40 anos, dos quais seus trabalhos tenham tido alguma relevância para o avanço de alguma área que envolva a Matemática. Sistemas dinâmicos por sua vez são estados que mudam com o tempo. Suas aplicações servem para medir e fazer previsões sobre efeitos biológicos, financeiros, físicos, dentro outros. Um veículo, um pêndulo e até uma população de microorganismos são exemplos de sistemas dinâmicos.
Por que tratar sobre isso? Porque esse e outros assuntos relacionados ao universo infinito da Matemática, estão detalhados no livro publicado pela Editora Zahar no início do ano. Em Busca do Infinito,narra com domínio a história da Matemática e toda a sua importância e aplicabilidade em nossos dias atuais. Relatando os símbolos com representações pré-numéricas até os grandes problemas, até hoje não resolvidos dessa ciência, o livro se faz como uma fonte interessantíssima de conhecimento dessa matéria por algumas vezes tão negligenciada. Escrita pelo premiado matemático e professor Ian Stewart, a publicação propõe ao leitor uma apresentação clara, didática e muitas vezes até técnica do assunto, com uma excelente segmentação histórica em mais de 380 páginas e ainda contando com mais de 100 ilustrações.
As leis da natureza são escritas na linguagem do cálculo, o que importa não são os valores das variáveis físicas e sim as taxas com que variam.
O avanço da matemática está intrinsecamente ligado ao da humanidade. Sua aplicação é gigantesca e seria praticamente impossível enumerá-las. Até obras de arte já usaram (e ainda usam), essa sabedoria para criar seus ícones e objetos. Aliás, uma pesquisa apontou que nos cérebros de matemáticos, os números possuem atribuições ligadas a beleza, a contemplação, para eles, equações matemáticas são belas (!) (?).
A Matemática é uma ciência em constante mudança. Durante a leitura, Ian afirma que existem mais de 50 mil pesquisadores matemáticos no mundo, publicando mais de 1 milhão de páginas a cada ano de nova matemática. Não são só resultados de velhos problemas e equações, mas matemática genuína, nova e curiosamente, boa parte do que é ensinado nas escolas atualmente dessa área, tem pouco mais de 200 anos. Os primeiros registros matemáticos datam de mais de 4 mil anos (e há datações bem mais antigas que isso), mas os séculos XVI e XVII foram os mais substanciais para a Matemática. Durante esses dois séculos, foi possível resolver equações de 3º e 4º grau, foi determinado o símbolo da raiz quadrada e os outros famosos símbolos { }; [ ]; ( ); < >, o uso da álgebra à geometria (duas ciências que por séculos, jamais poderiam andar em conjunto), os logaritmos e até a primeira máquina de calcular.
A Matemática é universal e onipresente.
Em Busca do Infinito, foi uma leitura cativante. Um livro repleto de exemplos e curiosidades sobre a Matemática. Por breves momentos durante a leitura, a abordagem do autor pareceu ser técnica demais, porém o mesmo soube equilibrar essa barreira, inserindo ilustrações informativas, quadros com biografias dos principais nomes da área e principalmente com dados e informações de como alguns objetos e tecnologias de hoje, tão comuns a nossa vida globalizada e conectada foram embrionados séculos atrás. Pra mim essa foi a maior proposta do livro, a mescla do Matemática de ontem com nossa vida atual.
Longe de ser um livro direcionado para os envolvidos direta ou indiretamente à área, a edição é de uma forma geral, um compêndio histórico e narrativa dessa ciência. Que ainda conta com um sempre prático índice remissivo, que facilita bastante uma pesquisa futura.
Há capítulos no livro que são de uma análise fantástica perante os temas propostos. Como por exemplo, os relatos que tratam sobre os primeiros esboços, do que um dia viria a ser a Matemática, de como os astrônomos a utilizaram e a importância de Newton para o desenvolvimento dessa ciência, são apenas alguns dos exemplos de como esse livro foi instrutivo e edificador. O último capítulo, Caos e Complexidade finaliza com maestria todo o trajeto da Matemática até aqui. Atestando que estamos desenvolvendo e principalmente aprendendo com esse conhecimento constantemente. E que veja só, estamos na Era de Ouro da Matemática!
Bom calculo, tsc tsc, digo boa leitura!
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