Spy Books Brasil 11/03/2022
Sobre bons e maus pardais
Antes de se tornar escritor, Jason Matthews trabalhou por 33 anos como oficial de operações da CIA. Ele não era um mero analista. Designado para a Diretoria de Operações, o braço clandestino da agência, ele recrutava e gerenciava redes de agentes e informantes em grandes capitais pelo mundo (o link para o perfil está no final deste texto).
É um autor, portanto, que conhece em profundidade o tema de sua obra. Isso garante a enorme verossimilhança de Operação Red Sparrow (ou Roleta Russa, dependendo da edição que você encontrar).
O problema começa quando, empenhado em administrar todo esse amplo conhecimento, o autor atravessa um pouco a trama.
A impressão que eu tive, ao final da leitura, é que havia ali pelo menos três possíveis enredos menores que poderiam ter ficado para futuras obras. Aantes de chegar lá, porém, vamos conhecer a trama principal.
A trama (ou as tramas?)
Nathaniel Nash é um jovem oficial de operações da CIA designado para a estação de Moscou logo em seu primeiro posto internacional. Entre suas responsabilidades na capital russa está o contato com o principal informante da CIA em todo o mundo. Conhecido pelo codinome MARBLE, ele é um oficial russo de alta patente infiltrado no SVR, o serviço secreto russo desde os tempos em que o serviço ainda se chamava KGB.
Os russos, claro, estão desconfiados. Eles recrutam Dominika Egorova, uma bailarina sobrinha do diretor da SVR e a treinam como pardal (o sparrow do título em inglês) para seduzir Nash e descobrir a real identidade de MARBLE. Os dois acabam se envolvendo amorosamente, o que vai colocar em risco a carreira de ambos.
Enredos paralelos
A descrição acima seria uma simplificação da trama que inicia a obra. Se ficasse apenas nesse jogo de sedução, o livro seria mais um romance de amor do que de um thriller de espionagem. Por isso, eu já esperava algum desenvolvimento extra quando comecei a leitura.
O que eu não esperava, porém, era pelas mudanças tão profundas na direção da trama, a ponto de gerar novos enredos.
Não quero entrar em detalhes para não dar spoiler, mas de forma geral, nem o mistério sobre a identidade de MARBLE se sustenta por muito tempo. Eu desmascarei rapidamente o agente e se você for um leitor atento, também vai descobrir a identidade de MARBLE nos capítulos iniciais.
Talvez o autor tenha deixado pistas de forma intencional, porque um pouco à frente ele revelará com todas as letras o nome do nem tão misterioso agente infiltrado na SVR.
Quando isso acontece, o enredo inicial já se desenrolou e Matthews praticamente inicia uma nova trama, com novos personagens secundários e pelo menos dois enredos paralelos. Não que isso seja ruim, veja bem, mas é bastante incomum. Como se fosse um livro dentro do livro.
Se eu fosse editor de Matthews, sugeriria, no mínimo, uma divisão em Parte 1 e Parte 2.
Um resumo da trama da parte 2, sem dar spoiler, seria algo mais ou menos assim: enquanto os russos continuam tentando descobrir a identidade de MARBLE – que a esta altura até você já desvendou –, a CIA é alertada sobre um informante de alta posição no governo americano que abastece os russos com planos secretos de um veículo espacial. Com a ajuda de seu informante, Nathaniel Nash vai tentar expor o agente russo infiltrado. Infelizmente, não posso ir além para não dar spoiler. Mas adianto que a identidade do americano a serviço dos russos também é revelada aos leitores no início desse novo enredo.
Para ler a resenha completa, acesse o blog Spy Books Brasil. Lá você encontra detalhamento das personagens, altos e baixos do livro, recomendação de leitura e um perfil do autor. Visite o blog.
site: spybooksbrasil.wordpress.com