Quem acompanha os lançamentos da editora Record já deve ter percebido o quanto de séries policiais, thrillers e suspense investigativos eles lançam todos os meses. E para eu que acompanho desde antes o blog entrar no ar foi uma surpresa mais do que agradável notar que a editora tem lançado cada vez mais as séries pelo começo. Pararam de lançar misturado e por isso quando vi o livro da autora Ann Cleeves fiquei muito feliz. Com um cenário sem igual e um retrato fiel as cidades pequenas e isoladas, Cleeves consegue uma história intrigante e que instiga o leitor até um final surpreendente.
Quatro personagens, quatro frentes narrativas. A história começa nos apresentando Catherine Ross e sua amiga Sally Henry, de volta da festa de ano novo. As garotas andavam juntas desde que Catherine chegou a ilha e naquele dia indo para casa as duas como em um desafio visitaram Magnus Tait, o velho senhor que vive recluso desde que foi apontado como responsável pelo desaparecimento de Catriona Bruce. Uma menina de sete anos que sumiu sem deixar vestígios. Magnus na época foi brutalmente interrogado pela polícia, que sem provas o deixei ir. O preço foi passar a vida inteira excluído, aguentando olhares e cochichos. Quando Catherine é encontrada morta sob a neve por Fran Hunter as ilhas ficam em polvorosa. Todos desde Ravenswick até Lerwick acusam Magnus. Porém o detetive Jimmy Perez não está convencido de sua morte. Morar perto da cena não faz de Magnus um assassino. Enquanto isso Sally experimenta uma popularidade estranha no colégio e não consegue entender porque tanta comoção acerca da morte de Catherine, afinal ela não era querida por ninguém. E a medida que a vida de Catherine começa a ser desfiada pela polícia o detetive tem mais certeza que a morte de Catherine tem um motivo mais obscuro por trás. A personalidade forte de Catherine não casava com o sossego da ilha, e em um lugar onde segredos são guardados a sete chaves perguntas demais nunca são bem-vindas. Correndo contra o tempo Perez tem de descobrir o verdadeiro assassino antes que a população decida fazer justiça com as próprias mãos indo atrás de quem não provavelmente não tem nada a ver com a morte...
É a partir dessa trama que a história se desenvolve e o que mais se destaca a princípio é o cenário, as ilhas de Shetland é um cenário curioso e incrível. Procurei no Google Maps e fiquei impressionada com tudo, desde os campos, as casas de pedra e a forma como a autora usou o ambiente em favor da história foi perfeito. A narrativa de Cleeves alterna como disse entre quatro personagens centrais e alguns outros secundários que aparecem aqui e ali, sendo o tom bastante cadenciado, sempre mais lento o ritmo não acelera muito nem no final, permanecendo sempre tenso e sufocante.
As descrições como disse funcionam muito em favor da história assim como na construção dos personagens. Os narradores possuem personalidades distintas e as visões de cada um deixa a investigação bem interessante. Não conseguimos decifrar quem foi o assassino visto que dois personagens agem de forma muito suspeita e os motivos não são claros. A autora ainda aproveita nesse primeiro volume da série para nos apresentar Perez, o detetive que lidera a série de livros, por isso mesmo o ritmo foi mais lento. Eu gostei muito do estilo do detetive e muito do tom da série. Por se passar em um conjunto de ilhas e ainda com pouca população a investigação é conduzida de forma muito diferente, e funciona bem para quem quer uma trama inovadora e intrigante.
Leitura que flui rápida e envolve o leitor desde o começo, nos intrigando e instigando pelos meandros do caso central. Ann Cleeves conhece muito bem Shetlands e isso fica claro na história. Fiquei fascinada com o lugar. Um lugar que dá vontade de morar só de ver. A série de livros foi adaptada pela BBC e cada dois episódios é um livro. Dos cinco livros foram adaptados quatro e vai continuar se a autora lançar mais volumes. Estou assistindo e gostei muito. A edição da (...)