Rosi 22/03/2015
Livro, você não é essa coca-cola toda
O Bicho-da Seda é um thriller investigativo do pseudônimo de J. K, Rowling, Robert Galbraith.
J. K., autora mundialmente conhecida pela saga de livros Harry Potter, tem investido bastante em romances adultos. Exemplo disso é Morte Súbita, maravilhoso relato dos personagens intrigantes de uma pequena cidade fictícia chamada Pagford.
Já O Bicho-da-Seda narra as aventuras investigativas de Cormoran Strike, um ex-soldado que ganha a vida sendo um detetive de poucos amigos. Cormoran é protagonista também de O Chamado do Cuco, lançamento adulto anterior da autora.
No entanto, O Bicho-da-Seda não é uma continuação seriada de O Chamado do Cuco. Ambos os livros narram investigações de Cormoran, mas possuem temporalidade e circunstâncias diversas. Um pode ser lido sem o outro. Tipo os livros de Dan Brown, sacou?
Se em O Chamado do Cuco, Cormoran investiga o assassino que causou a morte misteriosa de uma famosa modelo, em O Bicho-da-Seda ele precisa se contentar em encontrar um desaparecido e de sanidade questionável escritor em decadência. E agora, com a ajuda efetiva de sua eficiente secretária, Robin.
O mistério, na minha singela opinião, agora é mais interessante. Se em O Chamado do Cuco, eu adivinhei quem era o assassino depois de terminar o primeiro capítulo (sério), em O Bicho-da-Seda a flecha da culpa pode estar apontada para qualquer direção. Todos são suspeitos, e confesso, até o momento em que Cormoran revela o vilão da história, nem havia passado pela minha cabeça aquele encaminhamento para a história.
O autor tece melhor os detalhes - em comparação a O Chamado do Cuco. As descrições minuciosas e delicadas de lugares, pessoas e sentimentos têm a capacidade de dissecar a realidade, uma realidade fictícia.
Galbraith parece estar decidido a não fazer de Robin e Cormoran Strike um casal romântico. Mesmo assim, é instintivo torcer por eles dois. Estamos tão enraizados com a ideia arcaica e clichê de que um homem e uma mulher não podem ser apenas parceiros profissionais e amigos, eles "têm" que ser algo mais, que fica difícil ler trechos em que eles compartilham certa intimidade (como o autor gosta de frisar, "desconfortável" para ambos) e não especular o prenúncio de um romance.
No entanto, acredito que o que estragou o livro foi a forma como Cormoran juntou as peças do quebra-cabeça no final do livro. Não sei se esse é um problema meu ou de todos os seres humanos razoavelmente inteligentes, mas mesmo quando o autor joga todas as provas e evidências ao longo da narrativa, no momento em que Cormoran as junta, a conclusão de seu raciocínio se torna uma coisa tão inimaginável e estrambólica que eu fico com a sensação de que estou lendo Sherlock Holmes.
Talvez eu seja dislexa (pouco provável), tenha déficit de atenção (um pouco) ou seja burra mesmo (mais provável). É como se o autor desse todo o crédito da descoberta ao detetive, e nos deixasse perdidos na lagoinha... ACHO que esses livros de detetive deveriam permitir uma descoberta conjunta dos mistérios, leitores e autor chegando a um ponto em comum. CLARO que tem que ter alguma surpresa, um elemento boom, mas em O Bicho-da-Seda, o único elemento que teve foi o WTF?!
ODEIO BOIAR
Enfim, sou reclamona mesmo. A leitura estava boa, muito boa, e ficou horrível. Gostei do livro, só não gostei do final.
site: eaquelaxicaradecafe.blogspot.com