Capão Pecado

Capão Pecado Ferréz




Resenhas - Capão Pecado


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Ricardo de Andrade 06/04/2022

O Capão Destrinchado
Que experiência fugaz, mas felizmente muito satisfatória foi ler "Capão Pecado". Conheci o autor Ferréz ao ouvi-lo em um Podcast e me interessei por sua pessoa. Logo decidi tentar sua primeira obra, considerada um marco na literatura marginal no começo dos anos 200.

A obra é fácil de ler e entra fácil na nossa mente. Os personagens são envolventes e carismáticos. E trazem com eles as reflexões mais difíceis de serem feitas. Não porque são difíceis de se entender, mas porque possuem uma realidade que incomoda.

Entramos então num mundo dilacerante, do qual poucos saem vivos. Causado por aqueles que estão longe desse mundo e querem distância. "Capão Pecado" é sobre vítimas. É sobre ciclos sem fim. Caminhos sem saída. Ou caminhos com uma única saída. É sobre muito mais que isso também. São histórias verdadeiras, reais e por vezes, cruéis. É um retrato do Brasil a qual muitos ignoram.

Muito recomendo. É leitura que não dura mais que dois dias. Dê uma chance.
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Desterrorama 08/06/2023

Capão hardboiled
"Capão Pecado" é o tipo de livro que só pode ter sido cozido exclusivamente na mente de quem vivência a realidade duma zona periférica. a força de "Capão" mora na violência descrita com concisão. seria contraditório descrever essas crônicas com uma linguagem embelezada, portanto, o coloquial aqui segue o flow, propõe a estética do romance. a história central é simples: Rael, um jovem fodido, busca na leitura de livros de bolso e de gibis um sentido mais amplo para a sua existência enquanto trampa, num bico que não tem a ver com seu perfil, para sobreviver ao inferno, ajudar a família e para se desvencilhar da cartilha adotada pelo sistema que tanto condiciona os "seus". a lição dessa cartilha reverbera não somente nas histórias paralelas de outros personagens de "Capão" como também nas letras de Brown e Thaíde, que são referenciados ao decorrer da narrativa. Rael se apaixona pela namorada de seu amigo. entretanto, talaricagem quase sempre acaba em tragédia seja na periferia seja no asfalto. daí Ferréz cria um climão de suspense, pois injeta na mente do leitor aquela sensação constante de que a qualquer momento "vai dar merda". então, o leitor fica nessa expectativa enquanto tenta digerir as cenas violentas, bem construídas, diga-se de passagem. não é à toa quando Rael diz que considera o irlandês Garth Ennis o seu roteirista de gibi predileto. quem leu "Preacher" ou alguns arcos de "Hellblazer", ambos escritos por Ennis, percebe a influência no modo como Ferréz constrói uma cena brutal. a narrativa fragmentada, abrupta e veloz bem costurada com a trama central, realmente parece beber da linguagem dos quadrinhos. o título da obra já evidencia quem de fato é o personagem principal. se no início o autor nos localiza como se utilizasse um zoom ("Universo, Galáxia, Via Láctea, Sistema Solar, Planeta Terra, Continente americano, América do sul, Brasil, São Paulo, São Paulo, Zona Sul, Santo Amaro, Capão Redondo, Bem-vindos ao fundo do mundo), porém, é somente no fim da leitura que percebemos o micro se expandindo para o macro novamente, como as histórias desses indivíduos estão conectadas com teias mais amplas, mais complexas. mas não dá pra falar sobre tudo apenas num livro, sobretudo num romance de estreia. portanto, "Capão Pecado" é a síntese, um quadro geral bem recortado sobre esse personagem principal chamado Capão Redondo. a semelhança com outros "capões" espalhados pelo globo não é mera coincidência.
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Lana 24/07/2023

Capão Pecado escancara a realidade da vida periférica. Não existe modo de romantizar o que ocorre com as pessoas de periferia, não há como embelezar o que o sistema faz com o povo pobre, favelado, segregado, que vive à margem, que é obrigado a isso.

A desilusão que atinge o próprio Rael é prova disso, vivendo aquela realidade não há como nutrir esperança.

O livro aborda diversos tópicos, como as famílias se acabam, como as vidas se destroem, como o conceito de amor é deturpado. Afinal, como resta tempo para que essas pessoas intensifiquem seus afetos, como podem criar vínculos reais e saudáveis, se nem mesmo conseguem ter o mínimo da dignidade. A luta pela subsistência esmaga essas pessoas, não resta muito o que fazer. Cada um luta com o que tem, com o que acha que dará resultados. Vai além de caráter ou moral, é , muitas vezes, pura necessidade. É questão de sobrevivência.

Pessoas que são privadas de sentir, de sofrer, pois não há tempo para isso. A vida é uma eterna luta contra a chacina do sistema.

"O álcool vinha como uma herança genética, era uma dádiva passada de pai pra filho, de filho pra filho, e assim se iam famílias inteiras condicionadas ao mesmo barraco; padrão de vida inteiramente estipulado. As correntes foram trocadas pelos aparelhos de televisão. A prisão foi completada pelo salário que todos recebem, sem o qual não podem ficar de jeito nenhum, já que todos têm que comer."
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Emanoel 20/09/2021

Onde Deus sempre sai para almoçar
Fui lendo Capão Pecado passando por alguns lugares citados na história: Parque Santo Dias, COHAB Adventista; até os 6 anos morei no Jardim Jangadeiro, mas hoje, moro mais perto do Jardim Comercial.

É incrível ver seu bairro num romance tão forte, tenso e verdadeiro quanto esse. Foi escrito na época em que o Capão Redondo era (na verdade ainda é um pouco) foco dos jornais sensacionalistas e das manchetes dos grandes jornais de São Paulo e do resto do País.

Na história acompanhamos Rael, um rapaz, morador do bairro, cheio de sonhos, expectativas e mesmo em meio a realidade, sonha em viver dignamente. Porém sua, vida muda quando ele se apaixona pela namorada do melhor amigo. Levando o caso à frente, entra numa trama de perigo, amor e traição.

O livro é pesado, apenas. Não preciso dizer que antes de iniciar leitura, você precisará preparar o estômago, a mente e o coração. Ferréz escreve sem escrúpulos. É sucinto na realidade que, apesar de fria, é real!
Denise 30/06/2022minha estante
Oi Emanoel. Também morei no Jangadeiro, mais de 20 anos... Hoje moro no Campo Limpo. Já fomos vizinhos. ? Vim ler as resenhas pois comecei o livro agora. Abração!




Rafael 23/07/2021

Literatura de alto calibre
Esse livro causa tanta ideia que às vezes os pensamentos ficam nadando num caos absurdo. E eu acho que essa era uma das intenções de Ferréz, cara que agora tenho como uma das minhas inspirações. A escrita é direta, sem firula, com a linguagem precisa. Digna de uma obra que é destaque até depois de pouco mais de vinte anos de sua primeira publicação. Mostrou a que veio.

O livro narra a história de Rael, que vive na periferia de São Paulo, mais precisamente no Capão Redondo. Mas também conta a história de um povo esquecido, da sinfonia da desgraça que toca em vários lugares do Brasil, que dança há muito tempo no ritmo da desigualdade. A narrativa tem batida, tem boombap, tem periferia crua. Rael se entristece com a realidade, se afoga nas leituras, se apaixona e fica puto de ódio ao ver seus iguais morrendo, caindo no crime ou nas drogas. Isso porque, muitas vezes, não há mais opção. É a máquina de fazer vilão rodando suas engrenagens.

Esse livro abre a cabeça como um tiro. É uma ideia só, num calibre pesado. Quem tá à pampa acaba se assustando, porque a realidade bate forte, sem pedir licença e ainda usa farda. Ferréz aqui tem recado, com endereço e tudo. Sofreu consequências, mas nunca abaixou a cabeça, como diz Marcelino Freire no posfácio. Enfim, uma leitura extremamente necessária, que eu já deveria ter feito há muito tempo. Conheça Capão Pecado. Conheça Ferréz.
Rickson.Ramos 29/11/2021minha estante
Excelente texto




Bruna 28/07/2023

Capão Pecado
Até 80% do livro eu tava amando, iria dar cinco estrelas, mas daí começou a ficar muito escancarado como nenhuma mulher na história foi aprofundada. Teve um capítulo inteiro pra contar da vida de um tip bebum de um personagem coadjuvante, mas não falou da vida de nenhuma mulher.

Ou eram mães santas que amavam o filho mais que tudo, ou então era a Paula, que no final só serviu pra dar a xereca pra dois caras e bancar a safadinha que gosta do perigo.
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Elo 15/10/2021

Até gostei bastante do livro, apesar se achar que ainda falta alguma coisa. Ferrez usa o silêncio e os cortes de capítulos muito bem, mas é o final mais mal construído que já vi.
Literalmente o final de todos os personagens se da em 10 páginas (duma edição de bolso).
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spoiler visualizar
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renatooooooo 30/06/2020

Um retrato da periferia de São Paulo
Um retrato da periferia de São Paulo resume o que é esta obra incrível. Os personagens são bem construídos e nos fazem refletir sobre desigualdade, sobre ambições e como a falta de escolhas forjam as pessoas que ali vivem.
@cheiade9h 30/06/2020minha estante
Ferréz é incrível PQP!




Fagi 04/01/2022

Capão despejo
Falta ler o prefacio ainda.. ms enfim.
Achei mto feliz minha escolha de ler capao pecado apos ler carolina d jesus, pqe eles conversam muiito.
A escrita como denuncia do local que vivem, e descricao dessa vivencia pobre e precaria, linguagem como ela é de ambos.. e com reflexões durante o texto, a leitura como salvação e caminho.
Ambos terminam tristes, pqe é mais sobre a realidade do qe a fantasia.
Ambos foram resumidos a escritores de 1 obra, julgo dizer por preconceito social e tbm por quem produz e divulga. A ideia da probreza e de como uma pessoa moradora da favela virou escritore lhes interessa, mas atribuir a essas pessoas serem seres pensantes, criticos, criadores de cultura e artistas.. parece que é demais pra sociedade.
Estou curiosa pra ler mais de ambos.
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Mary Manzolli 11/07/2021

Sobre uma realodade marginalizada que precisa de ajuda.
Eu poderia, nessas poucas linhas, resumir para vcs a história de Rael, o protagonista do romance, que se diferenciava dos outros garotos da sua idade, no bairro do Capão Redondo, uma favela igual a outras tantas das grandes metrópoles, mas que um dia se apaixonou pela namorada de um dos seus melhores amigos, foi viver com ela, teve um filho, e mudou os rumos da sua vida de um jeito perturbador.
Só que mais importante do que a história, é o que Capão Pecado representa, neste momento, 21 anos após o seu lançamento.
Capão Pecado fala de um povo real, de carne e osso, que trabalha, luta pelo pão diário, ao mesmo tempo em que presencia, todos os dias, violências tanto entre moradores, como da própria polícia.
É clara a intenção de Ferréz com a obra, de abrir os olhos pra uma realidade marginalizada e que precisa de ajuda.
O livo é o choque de realidade necessário para aqueles que, de dentro dos seus condomínios de luxo, acreditam serem capazes de entender e julgar a realidade dos bairros marginalizados. A favela ao mesmo tempo que se difere da imagem idealizada e romantizada nos filmes, também não se conecta às imagens veiculadas pelos meios oficiais e que a associam ao medo, ao perigo, à violência e à criminalidade. É preciso enxergar além, é essencial ver a dor, o sofrimento, a miséria, o abandono, o preconceito, a exclusão, a segregação social e racial, as vidas cansadas, as frustrações de não poderem ver seus sonhos realizados, a vida de crianças sem futuro.
É sobre as pessoas que não tem segurança, que cuidam dos filhos dos patrões ricos, sem ter quem cuide dos seus próprios filhos, de quem muitas vezes não consegue comprar alimento para por na própria mesa enquanto serve as mesas em restaurantes finos. É sobre gente que convive com a miséria, com a violência do tráfico de drogas, com os confrontos policiais e encontra com a morte de perto mais vezes do que podemos prever.
Na obra os personagens se misturam e aos poucos começamos a vislumbrar o retrato do lugar que, entre ruas, becos, esquinas, vielas, barracos e casas inacabadas circulam e vivem bandidos, estudantes, traficantes, trabalhadores, prostitutas, crianças, mulheres e jovens com diferentes histórias, sonhos e sentimentos. A complexidade da estrutura da favela vai sendo exposta sem deixar de mostrar marcas da exclusão social, do preconceito e das violências em suas variadas formas.

A linguagem de Ferréz é a falada nas favelas e comunidades, a narrativa é repleta de gírias, palavrões e dialetos próprios da periferia, fato que há 20 anos, quando do lançamento do livro, o levou a receber muitas críticas e encadear o movimento conhecido, atualmente, como literatura marginal. E Ferréz deixa claro quando diz, Capão Pecado ?é um livro de mano para mano. É ácido e violento. É um grito".

"Escritor marginal mata escritor imortal. Neste caso, foi em legítima defesa"

(Marcelino Freire)

Para outras resenhas sigam-me no Instagram. @marymanzolli
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condes 08/07/2022

recomendo ?
esse livro foi o primeiro livro de literatura marginal que li. Eu gostei bastante porque ele traz algumas reflexões sobre a desigualdade e traz um retrato real sobre o Capão Redondo. Na verdade, eu fiquei bem surpresa sobre o quanto verdadeiro Ferrez foi ao escrever essa obra, já que a história é muito parecida com alguns relatos de moradores do Capão (dos anos 2000) que ouvi.
Só vi um ponto negativo: achei que o livro acaba muito rápido mas dá pra relevar
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Laura.Michelangelo 25/06/2022

Não gostei muito, foi muito cansativo pra ler e eu não gosto muito de livro que tenham muitas gírias e esse é escrito basicamente só com gírias.
Alguns momentos me deixaram muito nervosa pela forma como os personagens tratam as mulheres.
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emivc_ 26/05/2022

Capão pecado é impossível
Capão Pecado é um livro que todos deveriam ler, pra sentir a realidade da periferia. Uma história que começa confusa, mas você vai entendendo. O sofrimento do pai de família, as crianças no mundão, a fome, o frio, a desigualdade, e o descaso do governo para os que eles consideram marginais. Ferréz é brilhante e esse livro é extremamente NECESSÁRIO.
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Nicolas29 30/08/2021

Linguagem desconfortável
Esse é o primeiro livro do gênero literatura marginal que leio, a linguagem parece algo "jogado" pelo autor, bastante do cotidiano é as vzs de difícil compreensão do que de fato está acontecendo.

Para quem quer se aventurar na literatura marginal, fica a indicação.
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