Filipe 28/05/2020
Abril foi carregado de desolações. Corri o mais rápido que pude e saltei do trampolim, um salto sem nenhuma acrobacia, mas que foi certeiro para um mergulho profundo em ?As doze tribos de Hattie? da incrível Ayana Mathis, publicado no Brasil em 2014, pela @intrinseca
O ano era 1923, Hattie Shepherd deixava a Georgia/EUA e tudo o que conhecia até então para trás. Seguia rumo a Filadélfia com as duas irmãs e a mãe, em busca de uma vida mais confortável e também de sonhos que jamais seriam alcançados. A jornada de Hattie seria dura, mas ela ainda era muito nova e iludida para poder ter conhecimento disso. Com apenas 17 anos, Hattie se vê apaixonada por August e mãe de gêmeos, Jubileu e Filadélfia, que infelizmente, já em um inverno bem rigoroso, com a mesma rapidez com que aparecem, são levados pela pneumonia e junto com consigo levam toda a docilidade, ternura e esperança de sua mãe, uma menina negra e jovem.
No decorrer da estória Hattie dá à luz mais nove filhos: Floyd, Six, Ruthie, Ella, Alice, Billups, Franklin, Bell e Cassie, dos quais cria praticamente sozinha, já que o marido vive alheio as responsabilidades de se ter uma família, bebendo e em busca de novas mulheres. Todas essas vidas são marcadas pela acid
ez da mãe que nunca superou a morte dos gêmeos e pela frustração de serem negros e pobres em um período complicadíssimo nos Estados Unidos, onde se existiam muito mais segregação racial, machismo e homofobia. Cada um dos filhos da senhora Shepherd tem um capitulo de destaque no livro e é através da visão deles que a narrativa realmente ganha vida. Toda a prole toma caminhos distintos, e, no entanto, todos carregam em uníssono o desejo de um dia terem sido acariciados pela mãe, de terem ganhado beijos e abraços demorados, mas as demonstrações de afeto nunca vieram.
O livro ganhou sua notoriedade e destaque através do @oprahsbookclub , já rendeu entrevista exclusiva com a autora no @supersoul, disponível em Podcast.