Um teto todo seu

Um teto todo seu Virginia Woolf




Resenhas - Um Teto Todo Seu


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Bianca 19/11/2021

"Uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu"
Eu amo a escrita da Virgínia, o modo afiado e certeiro de suas críticas, e claro, as ironias. E este ensaio não foi diferente, o modo audacioso com que Virgínia se manifestou a respeito das Mulheres e Ficção, me deixa admirada.

A bagagem histórica desse livro é impecável, abordando a cronologia da produção de literatura e a presença fantasmagórica das mulheres nesse cenário. Além da relação de ficção com patriarcado e classe social.

Escrito/palestrado há quase 100 anos, mas ainda tão atual, que seria facilmente confundido com uma obra contemporânea.

Enfim, eu não só recomendo esse livro, como qualquer outro da Virgínia. Amo essa mulher!
irys. 19/11/2021minha estante
ela é tudo!


Bianca 21/11/2021minha estante
Simmm ?


Gabriel.Rodrigues 21/08/2022minha estante
Comprei o ebook por 1,30 na Amazon agorinha vou ler


Bianca 27/08/2022minha estante
uauu, muito bom




Giovana 26/09/2020

" Um teto todo seu" é igual a seja uma mulher independente!
Ah gente! Que perfeição esse ensaio. Ele parece uma conversa muito louca que você está tendo com uma amiga. Ainda mais porque eu ouvi em audiobook. Ouvir me fez entrar ainda mais em seu mundo. E como se passaram quase cem anos, depois desse ensaio, e muitas coisas ainda não mudaram.

No entanto, Virginia nos dá motivação para continuar nossa jornada. Mulheres que querem ser escritoras precisam muito ler esse texto. É incrível! A mente analítica da autora é impressionante, e as conclusões sobre a vida da mulher em sociedade e seu futuro são descritas pela autora de uma forma visceral, animadoras e por vezes desanimadoras.

Porém o saldo final é positivo. Mulheres que não querem ser escritoras e apenas querem ser mulheres independentes (de seus maridos, pais, filhos, posição social) também devem ler "Um teto todo seu" por mais que seja difícil engolir verdades, precisamos encarar certas situações de frente para entender quem nós somos nesse momento. Somos fruto do quê? De quem? Quem são nossas antecessoras? Que energias/pensamentos existem em nós que foram trazidas de geração em geração?

Saio com perguntas e reflexões mas saio feliz. Se você é uma mulher que está lendo essa resenha, deixa eu te fazer uma pergunta: Quantos livros escritos por autoras mulheres você já leu esse ano?
Dara 26/09/2020minha estante
Puxa, Gi. Me pego refletindo sempre sobre esse seu último questionamento. Ótima resenha. Me animei a ler esse texto logo.


Giovana 27/09/2020minha estante
:)


Angelica75 31/07/2021minha estante
Deve ter sido ótimo em audiobook!
esse ano de 25 livros lidos, li 10 de mulheres.




Regiane.Nogueira 30/08/2020

...
(?) uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu, um espaço próprio, se quiser escrever ficção.
Sandra Mika 01/09/2020minha estante
O que achou?


Regiane.Nogueira 03/09/2020minha estante
Não curti


Sandra Mika 05/09/2020minha estante
Eu achei magnífico!!




Pam 06/01/2022

Pra refletir e ganhar um sopro de vida.
Essa foi a minha primeira experiência lendo Virginia Woolf e, obviamente, não me decepcionei. É um livro que dá força para todas as mulheres.

Eu adorei conhecer esse tom irônico e tão inteligente da Virginia Woolf. No começo ela apresenta tantas desgraças das mulheres durante a história que me deixou extremamente pessimista. Quando ela fala que as primeiras autoras romancistas escreviam basicamente sobre romance e vida doméstica porque essa era a vida que elas tinham (mas sem desmerecer, claro, qualquer experiência é válida) e que ná época do livro (década de 1920) as mulheres não podiam nem ocupar certos cargos, como militares, bate aquela realidade de como a gente evoluiu, mas muitas tiveram que sofrer e lutar pra gente conquistar o que temos hoje.

Mais pro final a autora dá uma esperança e uma visão mais otimista, mostrando que as mulheres estão ocupando mais espaços e diversos (vale notar que ela às vezes cita também a dificuldade da classe trabalhadora, não somente as mulheres). Lindíssima a parte que ela fala que mesmo que em toda a história tenha existido mulheres tão brilhantes quanto homens, nunca ficamos sabendo porque sempre lhe foi negada a oportunidade de aprender e se expressar, isso me lembrou uma citação de um professor que dizia "provavelmente a pessoa que seria melhor médico do mundo nunca vai pisar numa faculdade", a desigualdade social destrói nossa sociedade individualmente e no coletivo também.

Fiquei emocionada quando ela disse que quer mais mulheres na ficção, e também além disso: na ciência, em viagens, na filosofia, tudo. É inspirador, vou até deixar o parágrafo aqui: "Por essa razão, eu pediria a vocês que escrevessem todo tipo de livro, não hesitando diante de nenhum tema, por mais trivial ou vasto que seja. De qualquer maneira, espero que vocês tenham dinheiro suficiente para viajar e vagar, para contemplar o futuro ou o passado do mundo, para sonhar com livros, tardar em esquinas de ruas e deixar que a linha de pensamento mergulhe fundo na correnteza. Porque de jeito nenhum quero confiná-las à ficção." Eu também queria ter oportunidade disso tudo, Virginia!!

Eu não sei se foi a melhor escolha para conhecer a autora porque as vezes ela divaga muito (acho que é normal, tratando-se de um ensaio), mas foi ótimo pra ver de perto o tom e a personalidade da Virginia Woolf, o livro traz uma proximidade muito legal, me senti assistindo uma aula dela.
Aryta 06/01/2022minha estante
Suas resenhas são excelentes! Parabéns!!!


Pam 06/01/2022minha estante
ai que lindo ler isso ?? muito obrigada mesmo!!


Aryta 07/01/2022minha estante
?




Caroline Gurgel 20/07/2014

Feminismo na sua melhor forma: culto e ponderado
Ler Virginia Woolf, apesar de requerer muita concentração, é sempre um deleite, mas falar sobre o que se leu não é das tarefas mais fáceis, pois o brilhantismo com o qual aborda os temas nos deixa atônitos, sem palavras, como se não nos restasse nada a dizer além de repetir seus pensamentos.

Um teto todo seu surgiu a partir de duas palestras, intituladas As mulheres e a ficção, que ela ministrou em uma universidade em 1928. Alterando os textos e ampliando a palestra, ela traça um panorama sobre o papel da mulher na ficção (e na sociedade). Utilizando-se da ficção, Virginia sai de cena para dar lugar a uma ensaísta, Mary Benton, que vai ao Museu Britânico colher informações sobre a produção literária feminina e o que se escrevia sobre as mulheres até então. Ao longo do livro Virginia critica, com o humor refinado que lhe é peculiar, o machismo que encontra nas prateleiras do Museu, analisa escritoras como Jane Austen, Charlotte e Emily Bronte, e até cria uma irmã para Shakespeare, tão talentosa quanto ele, e nos explica com maestria o porquê dela não ter sido tão genial quanto o irmão.

De maneira concisa e clara nos leva à sua conclusão de que para se escrever bem há que se ter um teto todo seu e 500 libras no bolso por ano, há que se ter um espaço próprio, com chave para que ninguém lhe interrompa, e uma renda fixa para que a mente esteja tranquila, livre de preocupações e, principalmente, de amargor.

Diferente da maioria das feministas, especialmente das atuais, Virginia não exalta a mulher em detrimento do homem. Para ela ambos podem escrever bons livros, desde que esqueçam seu sexo e escrevam livres disso.

"É fatal, para qualquer um que escreva, pensar no próprio sexo. É fatal ser um homem ou uma mulher pura e simplesmente. [...] E fatal não é uma figura de linguagem; pois qualquer coisa escrita sob esse preconceito consciente está fadada à morte. Deixa de ser profícua. Por mais brilhante, efetiva, poderosa e magistral que possa parecer durante um dia ou dois, vai murchar ao cair da noite." (p.146)

"A totalidade da mente precisa estar aberta para termos a sensação de que o escritor está transmitindo sua experiência com perfeita plenitude. É preciso haver liberdade, é preciso haver paz. (p.147)

Por mais que Virginia tenha escrito esse ensaio em 1929, ele, provavelmente, nunca ficará obsoleto em sua essência. É impossível não trazer seu conteúdo para os dias atuais e ver o que evoluiu, e se evoluiu. Certamente, se Virginia "acordasse" hoje e piscasse os olhos três vezes para poder crer no que via ela pediria para dormir novamente e só acordar daqui a uns outros 85 anos. Não é que o feminismo tenha andado para trás ou para frente, mas é como se ele tivesse se perdido ali no meio do caminho.

A ideia de querer que a mulher seja totalmente igual ao homem é completamente equivocada, e Virginia, bem à frente do seu tempo (e do nosso!), já dizia isso:

"Seria mil vezes uma pena se as mulheres escrevessem como os homens, ou vivessem como eles, ou se parecessem com eles, pois se dois sexos é bastante inadequado, considerando a vastidão e variedade do mundo, como faríamos com apenas um?" (p.126)

"Toda essa peleja de sexo contra sexo, de qualidade contra qualidade; todo esse clamor por superioridade e essa imputação de inferioridade pertencem ao estágio colegial da existência humana, no qual há 'lados' e é necessário que um lado derrote o outro, e é de extrema importância subir em uma plataforma para receber das mãos do próprio diretor um troféu ornamentadíssimo. Conforme amadurecem, as pessoas deixam de acreditar em lados ou em diretores ou em troféus ornamentadíssimos." (p.149)

Virginia conclui nos incentivando a escrever "todo tipo de livro, não hesitando diante de nenhum tema, por mais trivial ou vasto que seja", e espera que tenhamos dinheiro suficiente para viajar e vagar, e, claro!, para ter um teto todo nosso.

Esse livro não foi nada do que imaginei - e que audácia (leia-se tolice) minha ter tido a pretensão de imaginar seu conteúdo! Um livro fantástico, daqueles para se ter à mão na cabeceira da cama. Leitura mais que recomendada.



Mariana 20/07/2014minha estante
Resenha incrível, Caroline.


Ana Vaz 17/04/2018minha estante
Após terminar a leitura sai em busca de algo que pudesse expressar o que senti lendo esse ensaio, e me deparo com essa resenha sensacional... Obrigada!


Canaan 17/02/2020minha estante
Uau, vc leu há 6 anos. Vou começar amanhã.




Leiliane R. Falcão 06/08/2019

O que eu faço com dinheiro e um teto todo meu?
Se tiver que ler apenas um texto feminista em toda sua vida, leia este. Um livro lúcido e infelizmente, extremamente atual.
Drica 06/08/2019minha estante
Estou tentando iniciar, pois estou lendo alguns livros antifeministas e gosto de ler as duas faces da moeda e tirar minhas próprias conclusões. Valeu pela indicação!


Leiliane R. Falcão 19/08/2019minha estante
Acho que será um livro excelente para você. Ele não levanta bandeiras (ao menos não senti isso), mas explana de maneira muito lúcida o lugar da mulher que tentou se intelectualizar no século XIX.




Camilla.Barros 29/10/2020

Imaginem quantos livros clássicos incríveis teríamos se as mulheres de 100, 200, 300 anos atrás tivessem tido "um teto só delas", dinheiro e oportunidades acadêmicas. Se elas tivessem sido escutadas e levadas a sério, para além do papel de reprodutoras/mães/propriedades do homem. Uma tristeza pensar em tantas autoras, tantas ideias perdidas ao longo de nossa história.

Um ensaio incrível sobre a independência intelectual das mulheres num contexto social e econômico de 100 anos atrás. Muita coisa mudou, é verdade, mas tanto do que ela escreveu parece atual.

Eu fiquei apaixonada pela mente da Virginia após a leitura dessa obra. Ela vai explanando os seus pensamentos e chegando a conclusões tão originais e precisas.

Recomendo muito pra mulheres escritoras ou que almejam ser.
Ingrid Pamplona 30/10/2020minha estante
tua resenha super me fez ficar com vontade de ler!


Camilla.Barros 06/11/2020minha estante
Vale muito a pena! E é super rápido de ler ?




Etiene ~ @antologiapessoal 19/02/2020

"A mente é o mais caprichoso dos insetos, voando, volteando..." Tirei essa frase dos diários da Virgínia porque é exatamente essa a sensação que tenho ao tentar colocar em palavras uma mínima parcela dessa leitura: tenho tanto para dizer que não sei que vertente tomar. E se vcs me permitirem, citarei Orwell também: "Os melhores livros são aqueles que nos falam aquilo que já sabemos." Inegável que este seja um dos que tem muito para reafirmar em nós.

Para os que já conhecem Woolf de outros encontros, nesse ensaio temos o fluido fluxo de consciência que é próprio do seu estilo de escrita, aliado a um tema - eu diria - revoltante. Ela exala feminismo nas palavras e reflexões que propõe ao escancarar a misoginia e o patriarcado de séculos na literatura. Misoginia e patriarcado que se estendem a diversas áreas além da literatura, é claro!, tanto lá em 1928 (e antes disso), quanto hoje, 2020.

Mulheres, não temos como tomar para nós a posição que ocupamos no mundo se não entendemos de onde viemos, ou o caminho que foi percorrido por outras de nós até AQUI. Você não luta, com convicção, pelo que diz acreditar se o seu conhecimento sobre aquilo soa superficial. É preciso concretude. Não adianta bradar aos sete cantos frases prontas de textos batidos, ou de vídeos revolucionários, ou de livros de auto-ajuda, talvez... Não adianta. Defendo fortemente que ler ficção te faz entender o peso da história, te faz te identificar com experiências de outras mulheres e te faz valorizar as tuas e onde exatamente vc está. Um Teto Todo Seu se mostra uma leitura NECESSÁRIA! Eu adorei muito, já está entre os meus favoritos!
Danni 19/02/2020minha estante
Perfeito!


Etiene ~ @antologiapessoal 19/02/2020minha estante
perfeito, né amiga? :)




idkvixo 03/02/2022

"Nada além de 500 libras por ano e de um teto todo seu"
Esse foi o primeiro livro da Virginia Woolf que eu li e estou #impactada
Bom, eu demorei bastante até pra ler esse livro pq eu acho que é um livro que não se pode ter pressa pra ler. Além de apreciar a escrita, precisamos absorver todos os seus pensamentos.
A autora reflete sobre as mulheres na ficção e suas dificuldades ao longo dos séculos.
Por que nao existia tantas mulheres escritoras? O que é preciso para que se tenha mais mulheres escritoras?
O tema parece tão óbvio, mas não é. Eu senti que mergulhei em assuntos que achava que sabia e acabei sendo surpreendida. Mesmo sendo reflexões antigas, ainda posso ver que no mundo atual, são reflexões importantes e que precisam ser discutidas.

"A poesia depende da liberdade intelectual. E as mulheres sempre foram pobres, não só por duzentos anos, mas desde o começo dos tempos."
Dedela :)) 03/02/2022minha estante
oi seja minha amiga pf!! Virginia Woolf simplesmente a maioral.


idkvixo 04/02/2022minha estante
vamos ser amigas!!!




Letícia 03/04/2022

Virginia Woolf senhoras e senhores!
No início julguei sinceramente abandonar a leitura porque custa um pouco até fluir e prender a leitora. Mas se tem um conselho que eu posso dar e que de certa forma foi partilhado pela Virginia no livro é: LEIAM, leiam todos os gêneros de livros, leiam principalmente livros escritos por mulheres e para mulheres.
Depende de nós levar a representatividade que queremos e se faz tão necessária. E se naquela época Virginia dizia que as mulheres precisavam de 500 libras e um quarto só seu para que partilhassem de liberdade, independência e criatividade, esse mesmo ?lema? ecoa nos dias contemporâneos..
Safo from Lesbos 04/04/2022minha estante
??????


naju2n 20/04/2022minha estante
eu senti a mesma coisa no começo, depois do capítulo 2 só reflexão, e te prende de uma forma muito interressante




Phelipe Guilherme Maciel 03/10/2019

Recomendo que leiam físico e escutem o maravilhoso trabalho do U Book na narração do audiolivro.
Um livro importantíssimo que não apenas as mulheres, todos devem ler. Woolf cita em seu livro grandes nomes femininos na literatura e imagina a dificuldade que foi para elas serem quem foram, e o quanto mais poderiam ter contribuído à humanidade, não fosse o machismo que enfrentaram em sua época. Ela cria a teoria que se você der um teto (um espaço) só para a mulher, totalmente da mulher, (pois elas vivem sendo inconvenientemente atrapalhadas sem ter momentos apenas delas), e 500 libras anuais (liberdade financeira, no caso), elas poderiam fazer coisas fantásticas. Disserta sobre como seria se Shakespeare tivesse uma irmã em seu tempo, se ela poderia ter escrito as coisas maravilhosas atribuídas a ele, alude ao fato de que a literatura feminina sempre é menosprezada como algo fútil e menor, e como as personagens femininas são fúteis ou subservientes, servindo apenas de par amoroso, sem qualquer densidade nos grandes romances, entre tantas outras coisas. Que livro delicioso
Vinny Britto 22/10/2019minha estante
Nunca li nada dela. Esse seria um bom início para mim?


Phelipe Guilherme Maciel 22/10/2019minha estante
Vinny, eu nunca tinha lido nada da Virginia Woolf também. Foi um excelente início para mim. Existe uma narração fabulosa desse livro no UBook, aplicativo de audiobooks, que vira e mexe fica gratuito. Talvez seja uma boa porta de entrada para ela.




Sara.Ferreira 31/12/2018

Quis fazer uma resenha desse livro em específico justamente porque nunca faço resenhas. Fora da vida acadêmica, não dou minha opinião publicamente sobre livros, filmes, ou álbuns de CD. Não discuto nem refuto a opinião dos que estão ao meu redor e discordam do que acho sobre isso ou aquilo. Nos casos raros em que isso acontece, a pessoa com quem falo, coincidentemente (ou não tanto assim) é na maior parte das vezes uma mulher, e em todas as vezes são pessoas próximas, e aí sim me sinto confortável de partilhar minhas opiniões. Mas nunca assim, uma opinião concreta sobre uma obra, exposta dessa maneira.
Justo por isso, quis escrever, porque, na verdade, sempre escrevi. Escrevo desde pequena, e desde pequena sinto essa incapacidade estranha de me expressar do jeito que esperam, de modo que, pelo menos, eu não passe vergonha; e no fim nem me arrisco.
Um Teto Todo Seu virou um dos meus livros favoritos nas primeiras páginas porque conseguia entender isso logo de cara. Woolf compreende as amarras que o gênero impõe na maneira de expressar das mulheres, e compreende as dificuldades de construir uma "cultura feminina" com o respaldo ínfimo de suas antecessoras que, perseguidas e silenciadas, não foram capazes de deixar um legado sólido para futuras escritoras, tornando a escrita feminina de uma imprecisão agoniante que se arrasta pelos séculos. A escrita feminina não é igual a escrita masculina, e não depende dela. É uma forma diferente de compor o mundo que, ao contrário da escrita masculina, nasceu sem segurança de si.
Claro que o discurso da autora é direcionado para uma época e público específico, mas levanta questões que são muito relevantes no andar de qualquer sociedade que teve suas mulheres postas em patamar inferior (não ouso dizer todas, mas a esmagadora maioria).
Como a mudez de metade da humanidade vira expressão autônoma? Como e em quanto tempo se faz uma mulher que se vê completamente livre na arte, no meio academico, ou na vida pública? Woolf, além de focar nas condições materiais essenciais para uma mulher escrever ficção, assume um prazo muitíssimo generoso de cem anos para que sua produção seja livre do peso de seu próprio gênero. Já se foram noventa e a mulher que escreve ainda é, como Noemi Jaffe diz no posfácio, um gato sem rabo. Mas isso não é motivo nenhum para desânimo, porque Um Teto Todo Seu não é um livro de respostas concretas e não precisa ser: o que eu mais amo em tudo o que li de Virginia Woolf até agora é a incrível capacidade de fazer todas as perguntas certas, e a consciência que ela exala é tão preciosa hoje quanto foi em 1928.
E a partir de agora vou fazer mais resenhas.
Rosabela 31/12/2018minha estante
em 2019 nós vamos falar muito e escrever mais


Rosabela 31/12/2018minha estante
em 2019 nós vamos falar muito e escrever mais




regifreitas 21/03/2021

UM TETO TODO SEU (A room of one’s own, 1929), de Virginia Woolf; tradução Bia Nunes de Souza; prefácio Noemi Jaffe.

Chamada a proferir uma palestra sobre mulheres e ficção, Woolf escolhe um caminho pouco usual. Ao pesquisar sobre o tema, ela se depara com uma grande quantidade de obras escritas por homens sobre mulheres, e bem poucas obras tendo mulheres como autoras. Só quase no final do século XIX e início do século XX é que a produção de mulheres começa a ocupar espaços relevantes nas livrarias e bibliotecas. Será sobre o porquê dessas questões que a autora irá se debruçar no seu texto.

Resumidamente, isso se deveu por conta do papel secundário ocupado pelas mulheres na sociedade: a elas cabia apenas a submissão, primeiro ao pai, depois ao marido. Mulheres não tinham a liberdade de se deslocar livremente, de viajar, absorver novas e estimulantes experiências, como as que eram possibilitadas ao sexo masculino. Até muito recentemente, mulheres também não podiam administrar propriedades ou negócios. Ou seja: as mulheres não dispunham nem de recursos materiais nem de autonomia social que lhes possibilitassem independência para viver e criar.

Este é o segundo livro de ensaios de Virginia Woolf que leio. Como no primeiro, senti um pouco de dificuldade nas primeiras páginas. Pelo que pude perceber (tomando como base apenas essas duas obras), Woolf circunda muito seus temas antes de abordá-los. Existem longas digressões que parecem não levar a lugar nenhum e, embora muitas delas façam sentido no contexto geral, podem desestimular um leitor iniciante. Mas parece que isso faz parte do estilo da autora.

Depois que Woolf adentra no objetivo específico do seu ensaio, o texto flui muito bem, as reflexões e ponderações da autora são muito claras e bem fundamentadas. Mas é preciso paciência para chegar até elas. Contudo, essa é uma questão pessoal; muitos se deleitam com esse tipo de estilo. A mim, não me agrada totalmente.
Marta Skoober 21/03/2021minha estante
Eu li faz séculos e adorei, achei fluido, bom de ler e certeiro!


regifreitas 22/03/2021minha estante
acho que estou acostumado aos ensaios mais acadêmicos, por isso estranhei um pouco. principalmente o primeiro capítulo. depois fluiu melhor.




Sra. Kay 10/09/2020

Sem palavras...
Pude perceber com este livro, que ler Virgínia Woolf será sempre um desafio. Em parte, pois acompanhar o raciocínio da autora é muitas vezes difícil, e por ser tão incrível a ponto de sentir que nunca irei absorver o todo da obra. Um teto todo seu, é um ensaio complexo e denso, que quase abandonei. Mas, que no fim entendi o que significa, ou acho que entendi. De qualquer forma, o pósfacil foi um abraço esclarecedor. Sinto que foi uma leitura necessária e fico feliz por não ter abandonado.
meiri 10/09/2020minha estante
tudoooo


Sra. Kay 14/09/2020minha estante
Eu mau entendi esse e já tô pensando no proximo dela q vou ler?




Juliana 21/03/2017

Um (con)texto todo meu
Tudo começa sobre a ausência de autoras na ficção. Através desse ensaio , Virgínia soube dar o tom da conversa. Nada de brados retumbantes, apenas argumentos e pesquisas que não vou negar, em muitos momentos me deixaram desconcertada. 89 anos depois ainda percebemos a necessidade de afirmação por parte das mulheres. Somos como sentinelas sem descanso. Tentaram que fôssemos apagadas da história, da ciência, da literatura, da política...Hoje temos grandes escritoras de ficção e outros estilos, mas ainda engatinhamos em termos de direitos e respeito. Constantemente nossas questões são diminuídas, em favor de alguns que julgam nossa causa como uma querela qualquer. Não é fácil ser ou tornar-se mulher. A sombra do patriarcado ainda tenta turvar a visão de grande parcela da sociedade. O machismo nada mais é, do que a propagação de uma injustiça.
Não somos menores ou maiores, apenas somos!
Jeferson 21/03/2017minha estante
Muito bom. Maravilhoso!. Você já leu Orlando. Estou pensando seriamente que essa será minha primeira incursão na obra dela.


Juliana 22/03/2017minha estante
Ainda não. Tenho aqui uma edição com a tradução da Cecília Meireles. É o próximo na fila.




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