Um teto todo seu

Um teto todo seu Virginia Woolf




Resenhas - Um Teto Todo Seu


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Claire Scorzi 10/02/2009

Méritos: temos um vislumbre da mulher Virginia Woolf por trás da escritora (embora saibamos que há limites para o que ela vai nos mostrar de si mesma); senso de humor afiado; uma teoria literária consistente sobre feminismo e literatura, ainda que possamos discordar dela; relances despretensiosos mas estimulantes sobre a arte de Charlotte Brontë, Emily Brontë, Jane Austen, George Eliot; e o desejo, ao término da leitura, de trabalharmos pelo surgimento da "Shakespeare feminina": todas as mulheres que escrevem deviam estar se empenhando por isso. E o livro nos dá essa vontade.
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mpettrus 11/12/2022

O Resgate da Mulher no Cânone Literário
??Um Teto Todo Seu? foi lançado em 1929, e traz a necessidade de se pensar a história das mulheres na escrita literária. Faz-se aqui uma interpretação com viés histórico em que a autora propõe explicações para as condições de vida intelectual das mulheres de seu tempo, e no mesmo passo, refletindo soluções que poderiam reverter o quadro pouco favorável às mulheres enquanto escritoras.

? Esse livro não é um romance; ele é um ensaio com a temática ?A Mulher e a Ficção?, tendo como narradora uma personagem criada, a Mary Benton, pela Woolf para demonstrar como era a percepção de uma mulher ao visitar um Campus universitário na Inglaterra do início do século XX.

?O interessante aqui é que a autora faz um panorama histórico de como as mulheres escreviam no passado, levando-se em consideração a importância da história como lugar de tradição, ou seja, basicamente, Woolf atenta ao fato de que as mulheres do seu tempo não recebiam ?educação? tal como os homens a recebiam. E isso deveria mudar para que elas possam escrever ficção ativamente no presente e no futuro.

? Enquanto Mary Benton passeia nos cascalhos das universidades, pois os gramados pertencem aos homens, a autora expõe as disparidades de privilégios e condições destinadas aos diferentes gêneros, refletindo sobre as estruturas sociais heteropatriarcais fazendo perguntas e questionamentos em busca de respostas dela mesma ou de nós leitores.

? Outra reflexão feita pela Woolf de extrema relevância é sobre a posição masculina hegemônica na literatura que é justamente marcada pela exclusão ou estereotipação da posição feminina. E como busca de soluções sobre esses fatos, a autora traz a denúncia da ideologia patriarcal que permeia todo o cânone literário e também o desenvolvimento de uma arqueologia literária que resgatasse os trabalhos das mulheres que, de algum modo, foram silenciados ou excluídos da história da literatura.

? Ao longo da história da literatura, as mulheres testemunharam dificuldades e tentativas para serem consideradas escritoras e, assim, integrarem o cânone literário. Woolf então discorre que muitas fizeram uso de pseudônimos masculinos, como forma de driblar a crítica e, ao mesmo tempo, se protegerem da opinião pública.

Muitas filhas, mães, esposas ou amantes escreveram à sombra de grandes homens e se deixaram sufocar por essa sombra. As relações familiares, hierarquizadas e funcionais, não incentivavam o surgimento de um outro escritor na família, principalmente se a concorrência vinha de uma mulher. Ela cita então exemplos como a ?irmã de Balzac? ou a ?esposa de Musset? em que mal se conhecem seus nomes e seus escritos.

? E para exemplificar esse seu argumento, Woolf se utiliza brilhantemente de um exemplo de simulação: ?e se Shakespeare tivesse uma irmã incrivelmente talentosa que nem ele foi? ? E ela discorre sobre o que teria acontecido a essa irmã. Sabemos que na época do gênio teatral, mulheres não podiam frequentar escolas.

Portanto logo no início uma diferença importante apareceria entre os irmãos. Enquanto que um gênio seria alimentado e incentivado, sua irmã seria largada às práticas dos afazeres domésticos. Enquanto que o masculino leria diversos autores e exercitaria a escrita, a feminina aprenderia a bordar, cozinhar, cuidar de crianças, etc. Mesmo que ela fosse um prodígio e acompanhasse as aulas particulares de seu irmão escondida e conseguisse aprender alguma coisa, não conseguiria se sobrepor às condições sociais de uma mulher.

? Vale comentar também, o que para mim é o ponto central do ensaio da autora e também o norte de toda a discussão por ela levantada, que é sobre a independência financeira da mulher do início do século XX. A autora alega que para escrever, a mulher precisaria de uma renda fixa, um teto todo seu e um tempo de ócio para se concentrar em seu texto. Ainda em 1929, para as mulheres era difícil ter esse momento com as obrigações matrimoniais e os cuidados com os filhos.

A autora afirma que a renda fixa seria necessária para garantir a tranquilidade da mulher, porém, naqueles tempos, esse privilégio só era possível, em geral, através do matrimônio, excluindo assim a possibilidade do tempo de ócio. Ela também diz que essa renda fixa é de suma importância no temperamento da mulher para poder ter condições de escrever influenciando também na sua condição psicológica.

?? Por fim, Woolf também discute outra dificuldade de a mulher escrever ficção que é a falta de vivência no mundo. Ela aponta isso, dizendo que falta às mulheres noção da realidade e, portanto, assunto para escrever. Sem vivências ficaria mais difícil ter material para escrever, uma vez que as mulheres não tinham autoridade sobre si, sobre seus corpos e muito menos o próprio dinheiro, que eram controlados pelos maridos.

?O livro é dividido em seis capítulos, com tempo narrativo não linear, tanto no presente da ação da narradora/autora como no tempo histórico em que ela traz os dados do passado, os analisa no presente, e projeta futuros, mas num jogo, em que passado, presente e futuro vão servindo à narrativa e a tentativa de responder as questões que ela vai elaborando.

?A leitura desse livro é atualíssima, levantando questões importantes nos dias de hoje ao se perceber ainda a relação direta entre a forma que a mulher é criada e as opções dela em seu futuro. É preciso dá condições para a sua formação de desenvolvimento propiciando a possibilidade de ela vir a escrever. Tendo educação formal e experiência de vida, assim como os homens, poderá escrever tão bem quanto eles, se já não o fazem no nosso tempo, no nosso século, o XXI.
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Pam 06/01/2022

Pra refletir e ganhar um sopro de vida.
Essa foi a minha primeira experiência lendo Virginia Woolf e, obviamente, não me decepcionei. É um livro que dá força para todas as mulheres.

Eu adorei conhecer esse tom irônico e tão inteligente da Virginia Woolf. No começo ela apresenta tantas desgraças das mulheres durante a história que me deixou extremamente pessimista. Quando ela fala que as primeiras autoras romancistas escreviam basicamente sobre romance e vida doméstica porque essa era a vida que elas tinham (mas sem desmerecer, claro, qualquer experiência é válida) e que ná época do livro (década de 1920) as mulheres não podiam nem ocupar certos cargos, como militares, bate aquela realidade de como a gente evoluiu, mas muitas tiveram que sofrer e lutar pra gente conquistar o que temos hoje.

Mais pro final a autora dá uma esperança e uma visão mais otimista, mostrando que as mulheres estão ocupando mais espaços e diversos (vale notar que ela às vezes cita também a dificuldade da classe trabalhadora, não somente as mulheres). Lindíssima a parte que ela fala que mesmo que em toda a história tenha existido mulheres tão brilhantes quanto homens, nunca ficamos sabendo porque sempre lhe foi negada a oportunidade de aprender e se expressar, isso me lembrou uma citação de um professor que dizia "provavelmente a pessoa que seria melhor médico do mundo nunca vai pisar numa faculdade", a desigualdade social destrói nossa sociedade individualmente e no coletivo também.

Fiquei emocionada quando ela disse que quer mais mulheres na ficção, e também além disso: na ciência, em viagens, na filosofia, tudo. É inspirador, vou até deixar o parágrafo aqui: "Por essa razão, eu pediria a vocês que escrevessem todo tipo de livro, não hesitando diante de nenhum tema, por mais trivial ou vasto que seja. De qualquer maneira, espero que vocês tenham dinheiro suficiente para viajar e vagar, para contemplar o futuro ou o passado do mundo, para sonhar com livros, tardar em esquinas de ruas e deixar que a linha de pensamento mergulhe fundo na correnteza. Porque de jeito nenhum quero confiná-las à ficção." Eu também queria ter oportunidade disso tudo, Virginia!!

Eu não sei se foi a melhor escolha para conhecer a autora porque as vezes ela divaga muito (acho que é normal, tratando-se de um ensaio), mas foi ótimo pra ver de perto o tom e a personalidade da Virginia Woolf, o livro traz uma proximidade muito legal, me senti assistindo uma aula dela.
Aryta 06/01/2022minha estante
Suas resenhas são excelentes! Parabéns!!!


Pam 06/01/2022minha estante
ai que lindo ler isso ?? muito obrigada mesmo!!


Aryta 07/01/2022minha estante
?




Mari.Vasconcelos 06/03/2022

Ergam essa bandeira
Um teto todo seu é um livro para quem possui maturidade e bagagem literária, o que de jeito nenhum, é o meu caso. Fiquei muito perdida nas referências que ela cita, poucos são do meu escasso conhecimento, mas, uma coisa não dá pra negar: Depois de lê-lo, aumenta em nós essa sede, ressuscita o respeito por todas as precursoras da literatura feminina; conscientiza-nos que cada conquista de uma mulher, não apenas na literatura, mas em todos os campos, foi a custa de muita briga, muitas sátiras, muita descrença até violência moral, talvez, principalmente violência moral.
A comparação desmedida com a capacidade intelectual com os homens, quando a nós mulheres, não era provido nem o básico do básico, beira à imoralidade quando muitos denominam apenas de injusto.


"Na mesma época, do outro lado da Europa, havia um rapaz que vivia com essa cigana ou aquela dama; que ia à guerra, que recolhia desimpedido e sem censura, toda a diversificada experiência da vida humana, que tão esplendidamente lhe serviu, quando, mais tarde, passou a escrever livros. Houvesse Tolstói vivido em reclusão no convento com uma mulher casada, "cortada do que se chama mundo", e, por mais edificante que seja a lição moral, dificilmente (pensei eu) teria escrito Guerra e Paz"
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Luiz Souza 25/02/2024

Informativo
Este livro é um ensaio inspirado em duas palestras que Virgínia Wolf fez em duas faculdades, nele aborda sobre a questão da mulher o que ela precisa para escrever um livro na concepção da autora ela necessitava de duas coisas : dinheiro e Um Teto todo Seu.

O ensaio é vivido por uma personagem fictícia chamada Mary Beton que vai relatar como é árduo naquela época para uma mulher redigir um compilado de textos , Jane Austen por exemplo escrevia na sala de casa as escondidas quando tinha tempo livre se chegava visita escondia o texto debaixo de um objeto.

O livro é bem rico e o informativo vale a pena a leitura.

Ótima leitura.
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Carol.Mazza 27/04/2021

Simplesmente necessário
Meu primeiro contato com Virginia Woolf e que mulher, meus amigos. É tanto soco em um livro que a gente sai desnorteado.
Não se engane pela quantidade de páginas, o conteúdo dessa obra é absurdo.
Falar a respeito do ponto de vista limitado masculino sobre as mulheres, a análise crítica de renomados autores e do papel de mulheres na literatura, a desigualdade social, a falta de independência da mulher para ter ?um teto todo seu?, onde tivesse paz para escrever (e não só escrever, mas viver), já seria algo importante hoje, imagine em 1929. O impacto dessa obra em um período no qual a mulher tinha tão pouca liberdade de expressão deve ter sido descomunal.
Recomendo fortemente a todos. Esta mulher é simplesmente esplêndida. (Deu pra ver que foi amor à primeira lida, né?!)
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Lian9 08/11/2022

?Um teto todo seu? deveria ser lido por todo mundo. É não só belíssimo, mas necessário o que Virginia Woolf depreende sobre o histórico da mulher escritora, feminista e que tenta se manter financeiramente apesar da repressão patriarcal.
laura 08/11/2022minha estante
magnífico




larissa viana 26/01/2023

"é mais importante ser você mesma que qualquer outra coisa"
Sou suspeita pra falar de Virginia Woolf, confesso! Amo sua escrita, suas ideias e tudo que representa e sinto um apego inexplicável por ela. Isso talvez se dê não só por conhecer sua história, mas também pela forma como ela escrevia seus ensaios, de um jeito inovador, sensível; sempre buscando expressar suas experiências e comunicar-se com seu leitor. Sempre de forma fluida, tinha por objetivo educar quem a lia a fim de que compreendesse a si mesmo e melhorasse sua postura tanto social quanto histórica e cultural.
Em 'Um teto todo seu', uma de suas obras mais emblemáticas, baseado em dois artigos lidos para duas faculdades femininas em 1928, Woolf traça uma relação direta entre a criação intelectual feminina e condições materiais; defendendo a tese de que uma mulher precisa de um espaço - um teto só seu - e dinheiro para produzir algo verdadeiramente independente e contrapondo-se à famosa meritocracia e outras ideias especulativas utilizadas ao longo da história para tentar explicar a suposta inferioridade intelectual da mulher.
Aqui, os limiares do gênero textual são borrados e temos um ensaio que pode ser lido como romance (o que torna a leitura ainda melhor); afinal, temos personagens fictícios, enredo e até a narradora muda por vezes. Assim, fugindo da convencionalidade do gênero ensaístico, Virginia escreve de maneira descontínua, o que pode ser visto como uma ilustração do cotidiano das mulheres, no qual elas sempre sofrem algum tipo de interrupção e precisam dar descontinuidade ao trabalho, dificultando seu processo criativo. No entanto, a genialidade da autora não sofre nenhum dano por isso, pelo contrário, sua forma original de construir o texto só evidencia o pedido que ela nos faz para que encontremos uma ''frase feminina", ou seja, uma linguagem própria, original, que difere de tudo que já foi preestabelecido, pois só assim poderíamos expressar-nos genuinamente.
Dentre outros temas abordados por ela temos a crítica aos valores da era vitoriana, às raizes históricas do patriarcado, associando-o ao fascimo, a crítica à guerra, ao capitalismo e ao imperialismo britânico. Em adição aos argumentos irrefutáveis e à beleza da obra, também somos expostos a imagens que perduraram até hoje, quase um século depois, como o gato 'sem rabo', visto de uma janela, que pode ser entendido como uma metáfora da mulher que escreve ficção - raro, mais exótico que bonito.
E, embora, alguns possam argumentar que uma obra escrita há quase 100 anos não tenha muito a acrescentar nos dias de hoje e que a situação das mulheres mudou muito, ainda assim afirmo que este livro, além de não ser nenhum pouco datado, é essencial não só para quem estuda o feminismo mas para qualquer um que queira se tornar um ser humano melhor. O caráter e as ideias humanistas de Virginia Woolf são incontornáveis; é impossível terminar de ler essa obra e não ter aprendido um pouco sequer com ela. Além disso, ainda há muito a ser conquistado pela frente para que nossa sociedade se torne igualitária e nós, mulheres, tenhamos metade do privilégios tidos pelos homens.
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Sabrina 23/03/2022

Uma reflexão sobre o papel da mulher na literatura e condições necessárias para escrever ficção, e sobre o fato de que mulheres gozam de menor liberdade intelectual e precisam de ?um teto todo seu? (espaço, liberdade, dinheiro, validação social). Virgínia é maravilhosa e esse livro fundamental. Leiam mulheres. Escrevam, mulheres. Quase 100 anos e será que muita coisa mudou?
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Gabriela1598 25/03/2021

Ótima leitura
Virgínia Woolf foi convidada a dar uma palestra, na década de 1920, em duas faculdades inglesas exclusivas para mulheres, e assim surge este livro, um produto das ideias da autora para a palestra em questão.

Um Teto Todo Seu é um ensaio de Virgínia Woolf onde ela discorre sobre o seguinte tema: as mulheres e a ficção.

Na obra a autora levanta o questionamento sobre o que é preciso para que uma mulher escreva ficção. Ela chega a conclusão que seria, basicamente, ter um lugar sossegado para escrever (um teto todo seu) e independência financeira.

Claro que o livro não para apenas por aí, a autora vai mais a fundo, fazendo-nos entender que a situação das mulheres nunca foi e ainda não é favorável para desenvolver trabalhos que não são esperados do sexo feminino.

Virgínia ainda nos mostra a ?alegoria do espelho?: a mulher faz o papel de um espelho que reflete a imagem engrandecida do homem, e que por consequência, mostra uma forma sempre diminuta da mulher.

É uma leitura muito rápida, fácil e fluída. Apesar de ser um livro bem curtinho, é cheio de ensinamentos e vale muito a leitura.
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caroline 24/08/2021

um gato sem rabo deseja 500 libras e um teto só seu
Imagina que honra ter Virginia Woolf como palestrante em sua universidade?!

E que ensaio fantástico... gostaria de ter ouvido em primeira mão o seu discurso, mas já me sinto feliz em ter lido o seu material revisado e publicado posteriormente.

Não sei pôr em palavras o quanto me envolvi com essa leitura e o quanto minha admiração pela autora cresceu durante o tempo em que passei mergulhada na obra.

Mas, sei que posso lançar um pequeno incentivo a qualquer um que leia este relato: Leia "Um teto todo seu"*! Leia Virginia!

(*nem que seja pra entender o título desta "resenha")
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Laura Helena 11/06/2021

O gato sem rabo
Ler Virginia Woolf é sempre um misto de prazer e indignação. Essa não é a primeira obra que leio da autora, e toda vez fico pensando: como ela foi uma mulher visionária, extremamente à frente de seu tempo... e como as mazelas que ela retrata ainda estão presentes na nossa sociedade, quase um século depois.

Com uma escrita leve, lírica, lúdica e extremamente irônica, Woolf fala a respeito das dificuldades da mulher no século XX (e antes) em escrever ficção - na realidade, qualquer gênero literário.

E essa dificuldade se dá não por uma falta de talento ou inferioridade intelectual, mas sim por uma falta de liberdade, incentivo e oportunidade. Virginia expõe em seu ensaio as condições de pobreza nas quais as mulheres viviam, que confinavam até as damas da alta sociedade à submeterem sua renda a seus pais e maridos, isso quando podiam ter alguma renda.

Woolf defende a tese de que apenas possuindo um teto todo seu e uma renda fixa, a mulher poderia realmente fazer contribuições significativas à literatura. Não deixo de me espantar com consciência que ela possuía, tanto de sua realidade, quanto do que aconteceria no futuro.

?Dê a ela mais cem anos, concluí, lendo o último capítulo - o nariz e os ombros descobertos das pessoas apareciam sob um céu estrelado, pois alguém havia puxado as cortinas da sala de estar -, dê-lhe um espaço, um teto todo seu e quinhentas libras por ano, deixe que ela diga o que lhe passa na cabeça e deixe de fora metade dos que ela hoje inclui, e ela escreverá um livro melhor algum dia. Será uma poetisa, disse eu, colocando ?A aventura da vida?, de Mary Carmichael, no final da prateleira, dentro de cem anos.?

Praticamente cem anos depois, a mulher ainda luta por seus direitos diariamente, mas realmente temos ótimas poetisas. E o melhor: esperança de que o futuro não vai repetir os erros do passado.
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Renata 27/01/2022

Um teto todo seu
Tempo, espaço livre de interrupções e dinheiro é o que uma mulher precisa para poder escrever ficção. Livro que cresce a cada nova releitura.
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Ari Phanie 02/08/2020

"(…) uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu, um espaço próprio, se quiser escrever ficção"
Minha primeira experiência com a Virginia Woolf foi nada do que eu esperava. Eu sinto dizer, mas apesar de ser um dos livros mais aclamados dentro da literatura feminista, eu não estava esperando que ela tivesse trago algo novo sobre a realidade das mulheres dos séculos passados a que eu já não tivesse lido. E realmente o que a Virginia traz coincide com o que a gente já sabe sobre a opressão e limitação das mulheres algum tempo atrás. Mas o diferencial aqui é que a Virginia resolveu falar sobre a mulher representada na literatura por homens e a mulher real que tinha o dom da escrita, e sobre como ambas essas mulheres eram diferentes uma da outra. E tudo de uma forma um tanto quanto poética e simbólica, mas com bastante ironia e usando cenários e personagens fictícios.

Woolf nos relembra que mesmo que as mulheres tivessem o dom para a escrita, o papel que a sociedade relegou a elas durante séculos as impediam de poder colocar em prática o que queriam. Não havia tempo em meio a todos os afazeres domésticos e normalmente, nem mesmo espaço. Se as mulheres não tinham liberdade física, também não havia liberdade intelectual. Assim não era permitido. E quando elas conseguiam transpor as barreiras iniciais, e concluir um trabalho, não eram suas identidades verdadeiras que apareciam nas capas; eram seus pseudônimos masculinos. Escritoras como Mary Ann Evans (George Eliot), Amandine Dupin (George Sand) e até mesmo, Charlotte, Emily e Anne Brontë (Currer, Ellis e Acton Bell) escreveram usando nomes masculinos, ou porque era proibido de outra forma, ou porque não seriam levadas à sério sendo mulheres, ou os dois. Mesmo hoje em dia, você ver escritoras escolhendo nomes ambíguos como forma de escapar do preconceito de "literatura de mulherzinha", que acabou virando até gênero.

A Woolf deixa claro que não é só uma questão de talento. Ela usa o exemplo fictício, mas muito certeiro, da irmã (fictícia) de Shakespeare, que tem as mesmas experiências que ele e o mesmo dom, mas sobre a qual ninguém vai saber e vai morrer na obscuridade porque não lhe é permitido estudar, nem trabalhar, e seu único caminho seria o casamento. Seu talento nunca foi incentivado como o do irmão. E era assim para todas as mulheres naquele período.

Enquanto às mulheres tudo era negado, os homens exibiam em suas muitas oportunidades a livres opiniões que tinham visões contrárias sobre as mulheres. Enquanto, em suas ficções alguns as criavam como criaturas com características sobre-humanas, sempre extremamente belas ou extremamente horríveis; eles também gostavam de pontuar como elas eram inferiores, ou melhor ainda, como eles eram superiores. E não podemos dizer que ainda hoje essa visão não perdure na vida real.

Enfim, Um Teto Todo Seu, é um discurso apaixonado sobre não ter espaço, sobre a desigualdade de ter que estar um degrau abaixo sendo igual, sobre as grandes escritoras que se destacaram mesmo com todos os obstáculos ao seu redor, como a minha amada Jane Austen. Apesar de terem existido essas grandes mulheres que se sobressaíram num espaço masculino, elas foram uma exceção. Quantas milhares de outras não viram seus sonhos de escrever ir por água à baixo e acabaram morrendo com seus dons silenciados? O discurso de Woolf foi para dizer àquelas meninas na faculdade que aquele podia ser seu futuro, mas que elas também podiam ser encarnações da irmã de Shakespeare e finalmente ter seus sonhos realizados.
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Jadechemale 22/03/2021

:)
O nota sobre o conteúdo do livro seria 5/5.
Mas a experiência foi meio arrastada então 4.5 é minha nota.
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