Um teto todo seu

Um teto todo seu Virginia Woolf




Resenhas - Um Teto Todo Seu


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Caroline Gurgel 20/07/2014

Feminismo na sua melhor forma: culto e ponderado
Ler Virginia Woolf, apesar de requerer muita concentração, é sempre um deleite, mas falar sobre o que se leu não é das tarefas mais fáceis, pois o brilhantismo com o qual aborda os temas nos deixa atônitos, sem palavras, como se não nos restasse nada a dizer além de repetir seus pensamentos.

Um teto todo seu surgiu a partir de duas palestras, intituladas As mulheres e a ficção, que ela ministrou em uma universidade em 1928. Alterando os textos e ampliando a palestra, ela traça um panorama sobre o papel da mulher na ficção (e na sociedade). Utilizando-se da ficção, Virginia sai de cena para dar lugar a uma ensaísta, Mary Benton, que vai ao Museu Britânico colher informações sobre a produção literária feminina e o que se escrevia sobre as mulheres até então. Ao longo do livro Virginia critica, com o humor refinado que lhe é peculiar, o machismo que encontra nas prateleiras do Museu, analisa escritoras como Jane Austen, Charlotte e Emily Bronte, e até cria uma irmã para Shakespeare, tão talentosa quanto ele, e nos explica com maestria o porquê dela não ter sido tão genial quanto o irmão.

De maneira concisa e clara nos leva à sua conclusão de que para se escrever bem há que se ter um teto todo seu e 500 libras no bolso por ano, há que se ter um espaço próprio, com chave para que ninguém lhe interrompa, e uma renda fixa para que a mente esteja tranquila, livre de preocupações e, principalmente, de amargor.

Diferente da maioria das feministas, especialmente das atuais, Virginia não exalta a mulher em detrimento do homem. Para ela ambos podem escrever bons livros, desde que esqueçam seu sexo e escrevam livres disso.

"É fatal, para qualquer um que escreva, pensar no próprio sexo. É fatal ser um homem ou uma mulher pura e simplesmente. [...] E fatal não é uma figura de linguagem; pois qualquer coisa escrita sob esse preconceito consciente está fadada à morte. Deixa de ser profícua. Por mais brilhante, efetiva, poderosa e magistral que possa parecer durante um dia ou dois, vai murchar ao cair da noite." (p.146)

"A totalidade da mente precisa estar aberta para termos a sensação de que o escritor está transmitindo sua experiência com perfeita plenitude. É preciso haver liberdade, é preciso haver paz. (p.147)

Por mais que Virginia tenha escrito esse ensaio em 1929, ele, provavelmente, nunca ficará obsoleto em sua essência. É impossível não trazer seu conteúdo para os dias atuais e ver o que evoluiu, e se evoluiu. Certamente, se Virginia "acordasse" hoje e piscasse os olhos três vezes para poder crer no que via ela pediria para dormir novamente e só acordar daqui a uns outros 85 anos. Não é que o feminismo tenha andado para trás ou para frente, mas é como se ele tivesse se perdido ali no meio do caminho.

A ideia de querer que a mulher seja totalmente igual ao homem é completamente equivocada, e Virginia, bem à frente do seu tempo (e do nosso!), já dizia isso:

"Seria mil vezes uma pena se as mulheres escrevessem como os homens, ou vivessem como eles, ou se parecessem com eles, pois se dois sexos é bastante inadequado, considerando a vastidão e variedade do mundo, como faríamos com apenas um?" (p.126)

"Toda essa peleja de sexo contra sexo, de qualidade contra qualidade; todo esse clamor por superioridade e essa imputação de inferioridade pertencem ao estágio colegial da existência humana, no qual há 'lados' e é necessário que um lado derrote o outro, e é de extrema importância subir em uma plataforma para receber das mãos do próprio diretor um troféu ornamentadíssimo. Conforme amadurecem, as pessoas deixam de acreditar em lados ou em diretores ou em troféus ornamentadíssimos." (p.149)

Virginia conclui nos incentivando a escrever "todo tipo de livro, não hesitando diante de nenhum tema, por mais trivial ou vasto que seja", e espera que tenhamos dinheiro suficiente para viajar e vagar, e, claro!, para ter um teto todo nosso.

Esse livro não foi nada do que imaginei - e que audácia (leia-se tolice) minha ter tido a pretensão de imaginar seu conteúdo! Um livro fantástico, daqueles para se ter à mão na cabeceira da cama. Leitura mais que recomendada.



Mariana 20/07/2014minha estante
Resenha incrível, Caroline.


Ana Vaz 17/04/2018minha estante
Após terminar a leitura sai em busca de algo que pudesse expressar o que senti lendo esse ensaio, e me deparo com essa resenha sensacional... Obrigada!


Canaan 17/02/2020minha estante
Uau, vc leu há 6 anos. Vou começar amanhã.




thaw 31/03/2021

A cada obra fico mais encantada com Virginia Woolf, que mulher extraordinária. Nesse breve porém riquíssimo livro, a autora traz questões já recorrentes em suas obras como a questão da desigualdade de gênero na literatura, a educação feminina e etc. São análises, metáforas e comparações belíssimas que nos fazem honrar cada dia mais a memória de nossas antecessoras que aplainaram o caminho para que pudéssemos pensar livremente e ter um teto todo nosso. Eu amo essa mulher.
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Nicolas388 14/04/2023

"É estranha a diferença que um rabo faz"
Woolf vai além de apenas escrever um simples ensaio; ela combina diferentes estilos literários para expressar suas ideias. Isso inclui uma narrativa envolvente, elementos poéticos e metalinguísticos, o que eleva sua obra ao patamar das grandes criações artísticas.

Por meio de um gato sem rabo, uma biografia da "irmã de Shakespeare", entre outras digressões, a autora expõe uma ideia simples (porém nada óbvia): a de que é preciso uma renda estável e um teto todo seu para escrever ficção (ou qualquer produção artística). É fascinante acompanhar o desenvolvimento das dúvidas de Woolf (por que existem tão poucas mulheres escritoras? por que existem tantos homens escritores? por que, entre as exceções de escritoras, o formato do romance sempre se sobressaiu?) até suas conclusões. A fatal descoberta de que nós matamos nossos gênios, por falta de oportunidades, por falta de um espaço, de renda, de educação. Temos condenado todo e qualquer gênio, que não tenha nascido no corpo de um homem branco, a enlouquecer dentro de sua própria genialidade.

"Quando, porém, lemos sobre o afogamento
de uma bruxa, sobre uma mulher possuída
por demônios, sobre uma feiticeira que vendia ervas ou mesmo sobre um homem muito notável e sua mãe, então acho que estamos diante de uma romancista perdida, uma poeta subjugada, uma Jane Austen muda e inglória [...]"
Clarispectiana 14/04/2023minha estante
Fiquei encantada com a forma que ela trás para o debate questões de gênero sem deixar de lado a sua maestria literária.


Nicolas388 16/04/2023minha estante
Sim, ela equilibra perfeitamente seus argumentos para o ensaio mas sem abandonar sua escrita maravilhosa. ^^




gabi 14/07/2021

Primeiro contato inesquecível
Esse foi meu primeiro contato com a autora e com o estilo do livro (ensaio), a escrita de Virginia é simplesmente magnífica, ela nos vislumbra com um tema ainda hoje recorrente e com ótimas analogias. A jogada de ?se Shakespeare tivesse uma irmã com a mesma genialidade que ele, onde ela estaria? o que conquistaria??, simplesmente incrível. Gostaria de ter visto a palestra que ela deu e depois se tornou neste ensaio. Apenas leiam.
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Fat212 12/01/2021

Difícil no início
Mas depois segue uma leitura rápida e reveladora. Incrível e revoltante perceber o pouco pelo que foi preciso lutar...
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Gigio 11/06/2021

Um teto todo seu
Escrito na década de 20 do século passado, retrata muito bem a vida das mulheres até aquele ponto, oprimidas, em sua grande maioria analfabetas, devendo de obediência aos seus maridos, geralmente casadas por arranjos, sofrendo muitas vezes violência dentro do próprio lar.
Através de suas divagações sobre a condição das mulheres até então, ela esclarece a razão de tão poucas obras de ficção escritas por mulheres.
Eu já esperava uma grande obra, mas foi ainda melhor do que eu imaginava. Se por um lado é um tapa na cara, por outro nos enche de esperança de que as coisas estão mudando para melhor, embora mais lentamente do que deveriam.
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nathsql 24/01/2023

Também desejo um teto todo meu
Virgínia Woolf é simplesmente brilhante!
A temática do livro é extremamente necessária, e as divagações, que de acordo com a autora do posfácio foi motivo de crítica por alguns da época, para mim, são que a de melhor no ensaio. Me identifico.

Acredito ser uma leitura necessária, tanto para quem quer conhecer a grande escritora que foi Virgínia Woolf, quanto para qualquer mulher. Pois o tema ainda é muito atual.
É preciso que todas as mulheres tenham o direito de um bom vinho e um teto todo seu!
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Perdida_nas_Estrelas 10/07/2023

Leitura necessária.
Esse livro é maravilhoso. Eu já havia iniciado ele há alguns meses e parei, dessa vez senti que precisava lê-lo. E deu certo!
Woolf é uma experiência única e por isso eu precisava estar na vibe dessa leitura.
Ela dá algumas voltas, mas nada para se perder, no fim você entende o porquê ela faz aquilo. Amo suas ironias, seus ataques aos que inferiorizaram mulheres e como ela consegue rebater com argumentos sólidos os homens que escreveram asneiras.
Eu li Virginia e tive certeza de querer ler todas as obras dela, sempre que leio algo dela me vem essa vontade de saber detalhes sobre sua vida, sinto vontade de querer estar ao lado dela, ali olhando sua imersão escrevendo seus diários ou alguma de suas obras. Fico imaginando ela sendo ela mesma na época em que viveu.
Ela exerceu uma grande contribuição para todas as mulheres do mundo!
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Isa 08/11/2021

Gostei bastante desse ensaio, bem interessante os pontos trazidos pela autora. Imagino que na época pouco se falava de mulheres e ficção de uma maneira tão profunda e autêntica igual a Virginia fez nesse livro. A parte que ela fala da mente andrógina achei super interessante, e realmente influencia muito na experiência da leitura. Muitas vezes não conseguimos nos relacionar com um livro escrito por um homem justamente por causa das diferenças entre os pensamentos dos sexos. É muito importante a leitura desse livro para nos mulheres modernas para que, mesmo ainda tendo muitas coisas para se lutar, reconhecer também nossas conquistas, que parecem agora simples (como ter um teto todo seu) e valorizá-lo, em homenagem àquelas que não tiveram e aquelas que ainda não têm, ou que enfrentam de desafios diferentes dos seus. Que usemos nossos privilégios a favor da luta de todas as mulheres!


Um adendo: gostei muito do posfácio dessa edição! Sintetizou muito bem a obra, bem escrito e os comentários foram otimos!
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taynna cavalcanti 04/04/2022

um todo todo meu
não tem como começar essa "resenha" sem dizer o óbvio: a Virginia foi uma mulher f*da demais! em plena década de 20 e ela soltando tantas coisas a respeito de um feminismo ainda nascente, precoce, subdesenvolvido... nos fazendo refletir sobre o papel da mulher na ficção e como os homens tentaram - e infelizmente conseguiram - por décadas, séculos, inferiorizarem não só a propriedade intelectual feminina, mas também seu direito de pensar que podia ser mais do que simplesmente uma parideira ou uma doméstica. a discussão a cerca do dinheiro para mulheres, o interesse em negócios e investimentos, tudo isso me fez mudar um pouco minha relação com o que ganho hoje. é incrível pensar como uma mulher que escreveu algo há 100 anos atrás me impacta diretamente hoje.
o quão assustada e maravilhada a Virginia ficaria ao se deparar com uma de nós, mulheres do século XXI, empoderadas, livres, donas de não só um teto só seu, mas também de uma quantia só sua por ano, pra criar ficção e tantas coisas mais!
ah, Virginia, como eu gostaria de te conhecer e tomar um chá com vc no fim do dia!
puxando outros pontos, adorei a alegoria do espelho, o olhar do homem sob seu reflexo inferior, a raiva do inferior. a metafora por trás do gato Manx, do prato de comida na universidade, a invenção de uma mulher Shekespeariana, a narração da Mary Selton (ou tantas outras)...
enfim, deixo aqui meu último comentário de que se você tem dúvidas sobre ler ou não Virginia Woolf, te digo que vale muito a pena mergulhar de cabeça nesse livro e colher os mesmos frutos que eu colhi. ?
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andrealog 29/08/2021

Perfeito
Atravessando as obras da biblioteca Virgínia nos mostra que o papel ocupado pelas mulheres na literatura não é fruto do acaso, e fruto do poder do patriarcado por centenas de anos
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Victoria Madeira Mattos 21/06/2021

" um quarto, uma sala, um espaço livre de interrupções..."
O quanto eu amei e marquei esse livro... ??
Como de costume da autora o texto vem na estrutura de fluxo de consciência, o que me faz levar um tempinho para me ajustar à leitura, porque ainda não estou muito familiarizada com essa estrutura, mas depois tudo flui ! As pontuações feitas nesse ensaio, as comparações, referências, perguntas e constatações são geniais ! Ao tentar entender e explicar sobre a relação das mulheres com a produção literária e porque mulheres quase não escreveram obras poéticas e em prosa, Virginia faz uma reflexão genial sobre a realidade das mulheres numa sociedade patriarcal, ao buscar argumentos que expliquem a falta de mulheres na produção literária encontramos explicações sobre a vida das mulheres e sua realidade.
É um ensaio feminista maravilhoso ? 
Ansiosa para minha próxima leitura de Virginia Woolf !!
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Scarllet 25/05/2022

Um livro completamente a frente da sua época. Tive a sensação que a autora a todo momento estava conversando comigo, como se estivéssemos tomando um chá e falando sobre a mulher frente a sociedade.
Mesmo naquela época Virgínia já nos trás a perspectiva do preconceito da sociedade a mulheres que escrevem livros, coisa que não teve a menor mudança até hoje. A todo momento vemos escritoras mulheres tendo que provar a todo instante que são capazes de trazer literatura de qualidade, quando homens falando qualquer besteira fazem um sucesso estrondoso. O quanto o público masculino não precisa se privar e se sensurar nas palavras, quando as mulheres sim. O preconceito que a literatura romântica enfrenta até hoje, como se falar de amor fosse algo frívolo.
Uma leitura sensível, e de enriquecimento. A autora visionária, nos mostrando que pode passar o tempo que for, que ser mulher no meio criativo é uma montanha russa que parece que você nunca vai chegar no topo e parece que sempre tem algo te puxando para baixo ( geralmente homens ). Mas que meio a tantas barreiras impostas pela sociedade, ainda teve mulher que mesmo com poucos recursos conseguiram fazer história, dando assim um caminho, mesmo que estreito, para novos talentos.
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Kiki 01/04/2022

Genial!
Não é a toa que "Um teto todo seu" é um clássico na literatura feminista.
O livro trás ótimas reflexões sobre a condição social da mulher no século XX; deixando clara a desigual de oportunidades e de direitos entre homens e mulheres. O pior é que ainda são tão reais essas desigualdades, que chegam a incomodar e a envergonhar.
Adorei a maneira inteligente de misturar ensaio, ficção e conferênciaironia e toda ironiaque permeia o livro.
Achei genial!
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anicca 24/03/2023

"Voar, voar, subir, subir"
Em "Um teto todo seu", Virginia suscita questionamentos baseados na relação entre a literatura e o gênero feminino até o século XX. A iniciativa de escrever a presente obra foi fomentada pelo convite que recebeu para palestrar sobre "As mulheres e a ficção".

À sua época, mulheres serem permitidas de frequentar a universidade constituía ainda uma inovação. Tanto que, quando reunindo material de pesquisa para embasar suas palestras, foi proibida de circular em determinado espaço acadêmico por um guarda, pois aquele claramente não era um espaço destinado a ela ? já uma escritora consolidada. É nesse momento que a figura do gatinho sem cauda aparece, e o subtexto ganha força.

Virginia teve a oportunidade de conhecer as refeições que eram oferecidas tanto nas universidades voltadas para homens quanto nas voltadas para mulheres. Percebeu que, no segundo caso, os recursos materiais eram tremendamente escassos, desde a infraestrutura das instituições ao cardápio servido. Assim, além do segregacionismo entre gêneros, havia também uma profunda distinção de investimentos no âmbito educacional. Consequentemente, o feminino continuava sobrepujado em face de sua suposta inferioridade.

Mas como esperar resultados semelhantes se as oportunidades eram essencialmente desfavoráveis para mulheres? É uma dinâmica que se assemelha à punição dada a Tântalo.

Nesse sentido, Virginia salienta que é fundamental perscrutar quais fatores interferem na discrepância entre os gêneros. Para tanto, usa como ponto de partida a seguinte colocação: uma mulher jamais seria capaz de exprimir a genialidade de Shakespeare?

A problemática subentende que há uma incapacidade inata a elas e, portanto, é fatídico que nenhuma poderia escrever como o bardo ? quase como se obstáculos fossem inexistentes e dependesse meramente da escolha. No entanto, ao investigar a questão, Virginia conclui que as razões adjacentes a tal "dificuldade feminina" são mais profundas do que se poderia imaginar a princípio. Ela ressalta as condições que as escritoras de meados do século XVIII enfrentavam, tais quais controle reprodutivo, submissão paterna e então marital, dependência quase que absoluta de um e depois do outro, condicionamento comportamental e reprovação social contra qualquer atitude performada fora do ideal se feminilidade. Havia também casos abertos de hostilidade (manifestados por familiares e críticos) frente ao interesse de escrever, grotescos como Monteiro Lobato comparando as pinturas de Anita Malfatti às de internos manicomiais. E, mesmo no século seguinte, escreviam na sala de estar comum aos membros da família, daí o título deste ensaio.

Além de tantos pontos limitantes, é importante lembrar que mulheres não podiam ler, viajar e realizar atividades (fossem lazer ou obrigações) como os homens o faziam. Pertencer ao estrato social mediano significava uma série de restrições por si só, o que dizer do basilar?

Estendendo as colocações da autora, podemos pensar sobre quantas cientistas, em xadrez e compositoras eruditas conhecemos. Uma ideia corrente é de que mulheres não nutrem determinados tipos de interesse ? como dinossauros, esportes ou competitividade (a menos que seja contra suas semelhantes, manifestação de inveja). Não deixa de ser uma abordagem superficial e simplista, pois o meio em que o indivíduo nasce e cresce influencia diretamente seu modo de pensar, agir e ser.

Como sentir-se preparado se todo o mecanismo social (família, instituições escolares, mídia, figuras religiosas e até mesmo amigos) tenta te convencer do contrário? Alejandro Jodorowsky dizia que "pássaros nascidos em gaiolas acreditam que voar é uma enfermidade".

Atualmente, muitos dos entraves para a consolidação dos direitos das mulheres foram dissolvidos, e uma espécie de alternativa a esse histórico descaso pode ser percebida em alguns setores: em livros didáticos, tem-se a problematização de questões de gênero com ênfase em ética e direitos humanos; em literatura, percebe-se uma presença feminina marcante no cenário moderno e contemporâneo; no audiovisual, heroínas ganham filmes solo e temáticas como o movimento Me Too recebem indicações ao Oscar (Women Talking).

No fim das contas, ainda há muito o que ser feito em prol da equidade social, mas antes de qualquer coisa, é importante termos em mente aquilo que Rubem Alves uma vez escreveu: "sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio". Não é sobre incapacidade intrínseca, como argumentavam os coetâneos de Virginia, mas sobre possuir condições dignas para realizar propósitos.
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