Eu Sou Proibida

Eu Sou Proibida Anouk Markovits




Resenhas - Eu Sou Proibida


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Biblioteca Álvaro Guerra 04/04/2024

Eu sou proibida , e assim são meus filhos e os filhos de meus filhos ,proibido por dez gerações homens ou mulheres. Assim começa esta saga familiar carregada de dor, beleza e mistério , que absorve o leitor desde a primeira linha .

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535924060
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iammoremylrds 03/08/2023

Uma leitura bastante impactante, mesmo sendo uma obra com menos de 300 páginas, uma leitura densa, um livro difícil de digerir, trazendo diversas reflexões ao longo da leitura, mostrando como a vida em sociedade pode ser desafiadora
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Ray (@padawanliterario) 20/02/2022

Angustiante
Essa leitura foi tudo que eu não esperava. Eu já sabia que envolvia o judaísmo, mas não tinha ideia da ramificação que seria apresentada neste livro.
Eu Sou Proibida conta basicamente o desenrolar da família de Zalman. Como ele cresceu e sempre se destacou dentro do seu ciclo de fé, tradições e costumes. Como passou adiante todo esse conhecimento e vivência para sua família e para os judeus sobreviventes que acolheu.
A ramificação do judaísmo que nos é apresentada aqui é extremamente ortodoxa, e isso me deixava muito angustiada durante a leitura. As mulheres têm muitos deveres domésticos, raspam as cabeças quando casadas, precisam ter filhos logo ou o marido pode decidir devolvê-las à família, não podem estudar nada que o pai ou marido não permita.
Enfim, comunidades assim existem até hoje. E muitas dessas mulheres e homens vivem de acordo com essas regras com alegria pois vivem aquilo em que acreditam.
Nossa autora viveu uma história parecida com a da personagem Atara, filha de Zalman, que abandonou a fé e consequentemente foi tida como morta pela família por ter feito esta escolha. Em contrapartida existe Mila, que foi acolhida pela família de Atara, escolheu permanecer na fé e foi até às últimas consequências para se manter bem vista na comunidade. Mas ninguém, aos meus olhos, se comparou a Joseph.
Recomendo a leitura para reflexão, conhecimento, e para você que está saindo de um mar de finais felizes e quer ler algo pra estourar a bolha.
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Pandora 04/06/2020

Estava catalogando meus livros e decidi separar este pra ler. Quando fui atrás de informações sobre os judeus chassídicos*, acabei descobrindo que há uma série em exibição na Netflix chamada Unorthodox (Nada Ortodoxa). Mas sobre ela fiz uma nota ao final.

Li este livro em algumas horas, tamanha a empolgação. Achava que ia dizer que tinha amado. Mas não. E como explicar isso sem dar spoiler? Difícil.

Primeiro sobre a autora: Anouk Markovits nasceu em Israel, de uma família judia ultraortodoxa da comunidade Satmar** originária da Transilvânia, que sobreviveu ao Holocausto. Nos anos 60, quando Anouk era uma criança, eles foram para Estrasburgo, na França. A família da autora era uma das duas únicas famílias hassídicas do lugar; a outra era a de um importante rabino na época. Apesar dos estudos mais sérios relativos à religião serem exclusivos dos homens, ela chegou a participar de um seminário religioso na Inglaterra, como o que é retratado no livro.

Em Nova York, EUA, judeus chassídicos sobreviventes da guerra fundaram uma grande comunidade Satmar. Anouk, a sexta de quinze irmãos, é enviada para lá aos 19 anos por causa de um casamento arranjado. Porém, ela não aceita e abandona a comunidade. Seu pai nunca mais fala com ela, mas ela consegue manter contato com os irmãos.

Ela então se dedica aos estudos: Ciências, na Universidade Columbia, Mestrado em Arquitetura em Harvard e Doutorado em Línguas Românticas em Cornell. Casa-se com um americano e continua na cidade.

O livro: ele é dividido em cinco partes, cada qual chamada ‘livro’. A narrativa começa em 1939, na Transilvânia. No mesmo dia em que o estudioso Zalman tem sua vida inexplicavelmente poupada após topar com soldados, a família de Joseph Lichteinstein, então com cinco anos, é chacinada pela Guarda de Ferro***. Ele é salvo pela empregada gentia que apaga todos os traços judeus do garoto e o cria como filho numa fazenda. Um dia, um casal de judeus em fuga com a filhinha Mila acaba morto e ele ajuda a garota a encontrar-se com Zalman, que era o melhor amigo do pai dela.

A família de Zalman cria a menina da mesma forma que sua primogênita Atara, um ano mais nova que Mila. Porém, enquanto a fé de Mila só aumenta, Atara começa a ler livros seculares e a questionar o fundamentalismo chassídico.

A primeira surpresa do livro é para onde segue o foco a partir do Livro III. Não é o que se espera, mas é interessante.

O problema, para mim, foi a parte final. Não exatamente pelos acontecimentos, mas pela narrativa deles. Achei que a autora perdeu a mão, ficou confuso. Não se parecia mais com aquele livro que eu estava avidamente lendo até então. Uma personagem importante é ofuscada, os diálogos são estranhos, enfim, não gostei. Além disso, os sentimentos que tive por uma certa personagem me deixaram muito perturbada.

Mas enfim, foi uma leitura proveitosa que eu adorei durante boa parte e detestei em determinados momentos; em que aprendi um pouco sobre o chassidismo e que me fez refletir sobre vida, feminismo, religião e sociedade. É bem simplista pensar no judaísmo como um todo, o meio judaico é cheio de ramificações.

Excertos:
No seminário, após o anúncio de noivado de uma das moças, sempre havia dança e cantoria. Atara se irritava.
‘(...) queria silenciar a cantoria; queria falar, em alto e bom som, para que todas as moças ouvissem; partilhar com elas que na biblioteca de Paris ela tinha lido que os nazistas poderiam ter sido derrotados muito antes se forças tivessem se unido, mas líderes religiosos, receando a assimilação, optaram por se organizar contra os bolcheviques que estavam combatendo os nazistas, optaram por não se unir com judeus menos religiosos ou seculares.’

A resposta do pai de Atara quando ela fala em estudar Medicina:
‘Você sabe que é proibido seguir um currículo de estudo seculares? (...) Você já é quase uma mulher crescida e logo isso vai depender do seu marido, mas, até lá, é minha obrigação protegê-la, mesmo contra a sua vontade. Eu preciso assegurar que você não macule o nome da nossa família e ponha em risco seu futuro e o futuro do seus irmãos.’

‘Era egoísta um coração que sonhava em viver a própria vida?’

Notas:
*Judaísmo chassídico ou hassídico - movimento surgido no interior do judaísmo ortodoxo, que promove a espiritualidade através da popularização e internalização do misticismo judaico, como um aspecto fundamental da fé judaica. Hoje, o termo é usado estritamente para referir-se a uma tendência desenvolvida pelo rabino Israel Ben Eliezer (Shem Tov) em reação ao judaísmo legalista, mais intelectualizado.
**Satmar - comunidade chassídica proveniente da cidade de Szatmár, na região da Transilvânia do Norte, que já foi território húngaro e hoje pertence à Romênia. Após a 2ª Guerra Mundial, seu fundador, o rabino Joel Teitelbaum, estabeleceu-se em Williamsburg, distrito do Brooklin, em Nova York, com um pequeno grupo de seguidores. Satmar tornou-se um dos maiores movimentos hassídicos do mundo; hoje estima-se que há entre 65 e 75 mil adeptos. Caracteriza-se pelo ultraconservadorismo, isolacionismo, antissionismo e rejeição à cultura moderna.

***Guarda de Ferro (ou Legião do Arcanjo Miguel) - movimento e partido político romeno ultranacionalista, fascista, anticigano, anti-húngaro e antissemita, fundado em 1927 por Corneliu Zelea Codreanu e bastante atuante até a época da 2ª Guerra Mundial. Seu líder era chamado de Capitão e deteve autoridade absoluta sobre a organização até sua morte. As visões dele influenciaram a extrema direita moderna. Grupos que o reivindicam como precursor incluem Nova Direita (movimento nacionalista da Romênia) e outros sucessores romenos da Guarda de Ferro, Terceira Posição Internacional e várias organizações neofascistas na Itália e em outras partes da Europa.

Unorthodox (Não Ortodoxa) e Making Unorthodox são séries exibidas atualmente pela Netflix. A primeira, em quatro episódios, baseia-se no livro ‘Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots’, de Deborah Feldman. Algo como: ‘Não ortodoxa: a escandalosa rejeição a minhas raizes hassídicas’. A segunda explica como a série foi feita.

Curiosidades:
=> O shtreimel é o item mais caro da vestimenta dos chassídicos. É usado por homens casados no Shabat, em feriados judaicos e outras celebrações. É feito de veludo e pele de zibelina. São necessárias 7, 13, 18, 26, ou mais raramente, 42 caudas do animal para fazer um único chapéu.

=> Um pouco antes de se casar, o cabelo da noiva é raspado e ela passa a usar peruca, a fim de protegê-la dos olhares dos homens. É um sinal para o mundo, também, de que ela está casada. Algumas judias ortodoxas usam lenços para cobrir os cabelos.
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Bacil 17/08/2014

A quebra do silêncio
Vou contar pra vocês: terminar o livro para mim foi difícil. Não por ele ser ruim, que de fato não é, mas o problema é que é um livro bastante pesado de ler, no sentido de bastante informação nova, de coisas que não estou acostumado. Cogitei abandoná-lo, mas fui firme, persisti na leitura e de certa forma não me arrependo.

Em "Eu sou proibida" temos uma narrativa bastante densa que conta a história, principalmente, de Mila, uma órfã em que vai morar na casa de um líder chassídico, Zalman Stern, e que é criada como se fosse a irmã legítima de Atara, filha de Zalman e sua esposa Hannah. Então, a família se mudam para a França, e o rumo que a história e as decisões que os personagens tomam vez ou outra são inacreditáveis e surpreendentes, dentro de uma cultura totalmente distinta da qual estamos acostumados. A impressão que tive é de que a autora passou para o papel a dura realidade de algumas moças judias, que não querem seguir essa rigidez da religião, e sim seguir em frente com a vida bem como pretendem seguir, como querem, serem livres. O livro mostra que o certo seria a mulher ficar em casa limpando e aprendendo domesticidade, enquanto o homem aprenderia toda a Torá e basearia todos seus estudos e pesquisas sobre Isso. Mas nem sempre é o que acontece, e quando não acontece dessa forma, Yemach Shemeah Que seu nome seja apagado, ou seja, a mulher passa a ser vista de uma forma diferente, seu nome torna-se proibido e ela é excluída.

A narrativa de Markovits é sobre uma história dura, triste e melancólica, baseada na vida da própria autora. No começo fiquei meio perdido com tantos termos novos, e por isso a cogitação em quase abandonar; parecia que eu lia, lia, lia e não saia do lugar. De vez em quando eu tinha que ler duas, três vezes o mesmo trecho para conseguir assimilar a ideia que a autora gostaria de passar. Mas isso foram as primeiras 80 páginas, mais ou menos. Depois disso, consegui me acostumar, de certa forma, com as novas palavras e a narrativa fluiu.

Não tenho como reclamar da edição da Cia, todos os livros da editora são muito bem traduzidos e revisados. No final deste livro há um glossário, para ajudar a entender as palavras em hebraico e iídiche. Não sei se eu li o livro em maus tempos ou o livro não satisfez minhas expectativas ou ainda eu não tive certa maturidade para lê-lo. Mas já vou dizendo: não são todos que vão gostar desta obra SIM! O livro é uma obra única em que a autora pesa dois lados em uma balança: o que é mais importante, seguir uma religião à risca e satisfazer os costumes para a família não ser mau vista diante à comunidade ou ser livre para fazer suas próprias escolhas e almejar a felicidade? É um livro a ser pensado sobre as escolhas a serem tomadas, ainda mais em uma religião de extrema rigidez que o judaísmo ortodoxo é.

Sabem de uma coisa? "Eu sou probida" pode enganar muita gente. Pela capa e título, muitos se deixam levar por parecer um livro hot. Entretanto, de hot não tem nada. A história é de certa forma dolorosa, rica e silenciosa do seu modo, muito bem contada de uma cultura totalmente diferente, enriquecendo nosso conhecimento de uma forma bela e ferrenha.

Ela adorava sentir-se como um mero floco naquela imensidão. Os sinos tocaram a hora, então a hora encheu-se de silêncio e ela se encheu de saudade; deveria Paris ser uma mera estação de passagem em suas perambulações? Se Paris tinha um lar em seu coração, não poderia ela ter um lar em Paris? página 89.

site: http://jantandolivros.blogspot.com.br/2014/07/eu-sou-proibida-de-anouk-markovits.html
Ana 20/04/2015minha estante
realmente é um livro pesado !


Maria Bárbara Menezes 09/10/2015minha estante
Eu creio que por estarmos sempre acostumados com "leituras fáceis" é que o livro se torna massante e até mesmo pesado para alguns, porém a verdade não é completamente essa. O livro busca lhe passar uma época, situações de vida e pensamentos totalmente diferentes dos que estamos imersos hoje. Comprei o livro pela história dramática e de luta dos personagens. Em momento algum a resenha e a capa me passaram a ideia de livro erótico. Estava claro para quem realmente lesse a resenha. No primeiro capitulo tive dificuldade de acompanhar,pois eu não tinha a menos ideia sobre o judaísmo chassídico e depois que pesquisei tudo tornou-se fácil. Quando você se acostuma com a maneira de escrever da escritora o livro se torna apaixonante. Cheguei a me comover em muitas partes e parar para refletir sobre aquilo que tinha lido. É um livro profundo e brilhante, não é lugar comum, é desafiador e comovente. Me senti na pele de Mila e tornei dela uma de minhas heroínas, pois afinal não estamos cansadas de mulheres limitadas,com ideais que vão só até o seu feliz para sempre? UMA DICA: LEIAM LITERATURA CLÁSSICA, de qualquer pais, e esse livro não será "difícil".




JoaoPedroRoriz 20/04/2014

Um olhar pelo buraco da fechadura
Por João Pedro Roriz

A vida em sociedade é desafiadora. Em muitos aspectos, o "conhecer-se" só é possibilitado através da visão do próximo, o que, em diversas ocasiões gera conflitos. Mesmo através do olhar matemático e lógico de um físico, o atrito será necessário para que um corpo movimentado por certa força, não se tangencie no espaço.

"Eu sou Proibida", de Anouk Markovits conquista pela curiosidade. Uma novela comum sem grandes apelos literários, apenas o começo, o meio e o fim de uma bela história. Bela e triste. Triste para os pagãos, a maioria de nós que, longe da ortodoxa cultura chassídica exposta na obra, poderá ter um pouco de dificuldades de compreender a importância genérica deste tipo de contextualização.

Estamos falando de uma autora judia, advinda de uma das comunidades mais fechadas em todo o Mundo. Sua biografia, evidentemente, se mistura com o contexto abordado no livro. Seu grito, sua história, seus dramas ocultos osculam com as críticas, os prazeres, as dificuldades e o conforto de existir dentro de uma visão de mundo que dura mais de 5 mil anos.

O choro de Markovits é silencioso, camuflado pela história da personagem principal Mila, que precisa sobrepujar a visão extremista de sua religião para fazer valer seus desejos e ardores pessoais. É nessa sopa que também é possível reconhecer a autora em seu libelo; ela, que foi criada no seio de uma das maiores e mais fechadas comunidades chassidicas do mundo: a Satmar. Aos dezenove anos, Markovits foi enviada para Nova York onde deveria encontrar o homem a quem estava prometida. Mas nunca chegou a conhecê-lo. Em vez disso, rompeu coma a comunidade e começou uma nova vida nos Estados Unidos.

Saída de dentro de uma tempestade familiar, comunitária e social, Markovits "sem querer querendo" veste-se com a fama do Sonho Americano e se torna doutora em Línguas pela Universidade de Cornell. "Eu Sou Proibida" é seu primeiro livro na língua inglesa, um sucesso que rompeu barreiras e alcançou países onde a tal cultura chassídica nunca foi mencionada. Num momento em que o extremismo islâmico ganha notoriedade, é interessante observar contextualizações tão parecidas e ao mesmo tempo tão distantes - uma vez que a briga entre árabes e judeus dão a conotação política e unilateral de que existiria apenas um único lado extremista e por que não dizer, preconceituoso, medieval, colérico e restritivo.

O livro de Markovits vêm em boa hora e faz sucesso pelo mundo. Mas no próprio livro, a autora chora sutilmente a dor de ver que seu sucesso nunca alcançará aqueles que ela sinceramente gostaria que o conhecessem: o seu povo, a sua comunidade, a sua família - unidade básica dessa sociedade tão agressiva e individualista, cheia de riquezas e iniquidades. É o que diz o provérbio chinês: "poderá conquistar o mundo, mas com o desejo de chamar a atenção de seus próprios vizinhos".

Para os integrantes da Satmar, Markoits morreu. Ela ganhou o mundo, mas perdeu a família. Sim, o Messias esperado a 5 mil anos poderá não vir se essa mulher proibida permanecer nos seios de sua comunidade, mas nós poderemos, com este livro e - certamente, com os próximos de sua lavra - saber o motivo de tamanha transgressão, através do buraco da fechadura. E assim, cremos nós, pagãos convictos, que Deus estará presente dentro de nós, na construção de um mundo mais civilizado, mais integrado e sempre ético e livre.

João Pedro Roriz é escritor e leitor voraz.
Conheça melhor o artista em www.joaopedrororiz.com.br.



site: www.joaopedrororiz.com.br
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