Cartas para você

Cartas para você Duda Razzera




Resenhas - Cartas para você


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Mari Siqueira 27/10/2015

Angustiante, intenso e verdadeiro. Cartas Para Você não é uma leitura fácil, pelo contrário, a força narrativa da autora nos envolve e faz com que nos compadeçamos da dor que carrega a protagonista. É dito que um bom autor consegue transmitir sentimentos ao invés de palavras e se me permitem dizer, Duda Razzera acabou comigo.

Escrito em forma de diário, parte da narrativa foi inspirada na história da própria autora. A protagonista enfrenta momentos difíceis de luto, dor e solidão e, por conta disso, entra numa depressão sem fim. Com repetição excessiva de lamentações, o diário de Georgia é um pedido de socorro, um pedido que muitos já devem ter se feito em algum momento. A jovem não consegue ver as coisas boas, apenas o sofrimento, a infelicidade e a tristeza.

Após perder o pai, Georgia fica completamente sem rumo. Perder alguém é difícil, mas perder a pessoa a quem mais se ama é devastador. A dor excruciante, que parece nunca passar, dilacera cada pedaço do seu coração, a cada minuto do dia. O livro relata detalhadamente todo o processo do luto e as tentativas da protagonista para seguir em frente com sua vida ou com o que restou dela. Seguir em frente significa aceitar a perda e a Aceitação é alguém que Georgia se recusa a ver.

O caminho é árduo e toda a pressão sob uma jovem garota despreparada e extremamente dependente do pai culmina em transtornos de ansiedade, insegurança e depressão. Georgia é aconselhada a escrever cartas endereçadas à Aceitação e esse exercício vai, aos poucos, ajudando sua percepção da morte do pai. A saudade não diminui, mas passa a doer um pouco menos com o tempo. Frases e citações de personalidades famosas abrilhantam o livro e dão ênfase aos sentimentos da garota, intensos e profundos.

Georgia enfrenta todos os dramas adolescentes e as crises que marcam o início da fase adulta, como o primeiro emprego, faculdade, namorado e as brigas familiares, tudo isso em sua pior fase. Seu humor, assim como a narrativa, sofre diversas alterações, em especial, após o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos (quem já tomou sabe o quanto isso nos deixa confusos). Em alguns momentos algumas atitudes da protagonista são contraditórias e isso se deve ao fato de seu estado de espírito também o ser.

É um livro bonito sobre como uma pessoa pode lidar com toda a dor que contém dentro de si. Escrever cartas, um diário, um blog, o que seja, pode te ajudar a lidar com os maus momentos, mas você também deve procurar ajuda, como Georgia fez. A depressão é uma doença séria e com ajuda adequada pode ser tratada. Não se esqueça, nem toda a dor do mundo merece que você se deixe vencer. Se a vida parecer difícil demais e você sentir saudades de alguém que se foi, lembre-se que você a carrega em seu coração e memória. E isso nunca vai embora.

"Quando eu tinha dezenove anos e estava sentada na minha cama como uma alucinada chorando por causa do fim do meu namoro de um ano e meio achando que eu nunca mais conseguiria ser feliz meu pai disse pra mim: “Filha, vai passar. A dor de terminar um namoro é como quando a gente perde alguém. Sofremos por um tempo e depois nos acostumamos."
E eu concordei com meu pai. Porque ele sempre estava certo.
Quase três anos depois descobri, do jeito mais difícil, que meu pai se enganou: levar um pé na bunda nem se compara a perder alguém." (p. 11)

site: http://loveloversblog.blogspot.com
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Simeia Silva 20/10/2015



" Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém, que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la."


Georgia perdeu o pai aos 21 anos, e desde então vive em um luto ininterrupto. Seu pai era o seu companheiro, seu amigo, alguém para dar risadas, para ver TV, para pedir conselhos, para contar como foi o dia, para discordar, para ouvir. Era o seu porto seguro. Não se enganem, ela não vivia apenas com o pai, ela também tinha a sua mãe e a sua irmã, mas o ponto fraco dela, o seu amor maior era o pai.

Desde a morte do pai, Georgia entrou em um mundo só dela, não fazia mais nada, seu ânimo a muito havia sumido. Passou a frequentar novamente a psicóloga e se distanciou dos amigos, da família e de todo o resto do mundo lá fora.

Em curtos capítulos, Georgia/Autora vai contando o seu dia a dia depois da perda do pai, a sua não aceitação, o seu namoro desastroso com um crápula que acabou quando o pai faleceu, a sua vida que virou de cabeça para baixo, o seu tio cretino sócio do pai dela que lhes tirou tudo assim que o irmão morreu. E por aí vai.

Acompanhamos Georgia nos últimos meses após a morte do pai, acompanhamos sua luta para reerguer a empresa do pai, para reerguer a família que a muito se perdeu, e a sua própria luta para se reerguer, para se aceitar e para aceitar a sua vida sem seu pai, para aceitar que ele nunca mais voltaria, e que estaria apenas em seu coração e nas suas lembranças.

É um livro bem bacana, que conta uma história de não ficção, um tanto quanto emocionante, que te coloca para pensar o que você faria no lugar dela. Eu sei que também demoraria a aceitar uma perda assim, ou talvez nunca aceitasse. Meu pai e minha mãe são meu tudo, e meus filhos nem se fala.

RESENHA COMPLETA NO BLOG
http://www.adorkable.com.br/2015/10/resenha-escrita-cartas-para-voce-duda.html


site: www.adorkable.com.br
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CrisGomes 11/09/2015

Cartas Para Você
Quem já perdeu alguém próximo, alguém que ama, sabe o significado do luto. A dor, a saudade, a eterna falta que aquela pessoa nos faz. Algumas pessoas superam rapidamente, passam pelas fases do luto (negação, raiva, negociação, depressão e aceitação) e conseguem seguir seu caminho, sempre com a saudade como companheira. Mas, para algumas pessoas, superar a perda daquele que ama é mais difícil. Para Georgia Castro, foi um processo longo e doloroso.

“Stephen Chbosky, autor de um dos meus livros preferidos, o que deu origem a toda essa onda de cartas para você, escreveu: “Eu não sei se você já se sentiu assim. Querendo dormir por mil anos?”

Depois da morte do pai, Georgia se vê completamente perdida. Ele não era apenas seu pai, era seu melhor amigo, seu conselheiro, seu parceiro, e a morte dele deixou a vida de Georgia completamente fora dos eixos. Sua psicóloga a aconselha a escrever cartas para seu pai, ou manter um diário, como uma forma de lidar com o luto. Ela então começa a escrever cartas para a Aceitação, o estágio final do luto que ela ainda não alcançou.

“Não quero viver em uma realidade em que a sensação de ausência preenche todos os meus dias.”

O livro, escrito em forma de cartas, tem 68 capítulos, todos curtinhos, nos quais Georgia conta como foi lidar com essa perda. Ela conta à Aceitação um pouco da vida dos pais, sobre sua família, seus problemas de saúde, sua falta de vontade de viver, a depressão que a faz querer ficar vegetando no sofá, a perda da empresa da família por um tio fdp … mas nem tudo é só tristeza. Georgia passa por bons momentos como a formatura, um novo emprego, uma nova empresa, paqueras, baladas…

“Tem tantas emoções conflitantes dentro de mim, e acho que ninguém realmente sabe. Ninguém consegue enxergar ao olhar para mim. Ninguém sabe que por dentro estou gritando a plenos pulmões. Ninguém escuta.”

Assim como todos que perdem alguém que ama, Georgia tem seus dias bons, nos quais acredita que vai conseguir seguir em frente, que a dor vai diminuir, que a saudade vai deixar de ser um grande buraco no peito para ser só… saudade. Mas a maioria dos seus dias é pontuado por um imenso vazio, uma solidão e uma necessidade que não podem ser preenchidos.

“Quando meu pai me dava um conselho, eu nem pensava, só fazia. Porque meu pai sempre estava certo. Ele sempre quis meu bem. Sempre fez de tudo para me ver crescer para eu atingir meu potencial máximo. E agora eu tenho medo.”

O livro tem partes bem tocantes. Quem já perdeu alguém (pai, mãe, irmão, filho) sabe que não é fácil aceitar que nunca veremos aquela pessoa novamente, que dali pra frente nada será igual; passamos por momentos em que não queremos mesmo fazer nada, só ficar vegetando e deixar a vida passar; é difícil esvaziar o guarda-roupa e deixar ir os pertences daquela pessoa tão amada; é difícil enfrentar as datas importantes: aniversários, formatura, casamento…

Ao longo do livros vemos Georgia passar por todo tipo de sofrimento, mas ela vai aos poucos fazendo as pazes com a Querida Aceitação, mesmo que esta insista em não visita-la. Ela vai encontrando de novo seu lugar no mundo: um novo emprego, amigos, sua irmã e sua mãe, com quem passa a ter um relacionamento diferente depois da morte do pai. Aos poucos, ela vai reencontrando a alegria de viver e vai aprendendo a seguir seu próprio caminho, em busca da tal Aceitação.

Ao final dessa resenha só posso dizer que tenho muita sorte de ainda ter meu pai comigo. Então, se você também tem a sorte de ter seu pai, sua mãe, seus irmãos, seus filhos ao seu lado, lembre-se de sempre dizer o quanto os ama e o quanto eles são importantes para você.

Xero grande e até a próxima!
Cris Gomes


site: www.portal.julund.com.br
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Bia 12/08/2014

Resenha: Cartas para Você
Quando recebi esse livro para ler, senti muito medo. Eu sou uma pessoa que simplesmente temo profundamente a perda de alguém. Só de imaginar meu mundo desmorona. Então senti medo em me pegar imaginando perder alguém durante a leitura, e ficar depressiva.
Outro ponto que me fez temer a leitura, foi porque o ente que Georgia perdeu foi o pai, e, eu não tenho uma relação tão boa com o meu. Na verdade, minha relação com o meu pai é péssima. Então também senti medo em não conseguir entender o elo entre eles.
Mas claro que um dia eu teria que me render à leitura. E posso dizer que fui completamente surpreendida.
Logo nas primeiras páginas consegui entender "a coisa toda" por trás do relacionamento de Georgia e seu pai. Eles eram confidentes, amigos, muito além de simplesmente pai e filha.
Então, imaginem a perturbação e o sofrimento que adentraram a vida de Georgia?
E para ajudar, juntamente com a irmã e a mãe, Georgia passa por dificuldades financeiras quando seu tio (um fdp) "toma" a empresa da família.
No livro, podemos mergulhar de cabeça e sentir exatamente o que Georgia está sentindo. De leitor, viramos um amigo confidente, que conhece tanto a personagem, que acaba sentindo quando a mesma está bem, está triste, está ansiosa, está chata... Enfim, é uma leitura comum e diferente ao mesmo tempo.
Foi o livro que mais me fez chorar até hoje. Chorei mais com "Cartas para Você" do que com "A Culpa é das Estrelas". Só de contar para a Taty algumas passagens do livro, ela já se emocionou.
Mas o livro não é somente lágrimas. Conhecemos a "Georgia triste", mas também podemos conhecer a Georgia divertida. Ri muito com sua normalidade, me diverti com os casos amorosos, fiquei com raiva das pessoas que a magoaram... também me perguntava durante a leitura: Por que as pessoas morrem? E por que é tão difícil aceitar?
Senti inveja, a princípio, do relacionamento tão perfeito de pai e filha. Me peguei pecando me perguntando "Por que Deus leva os pais bons primeiro?"
"Não consigo compreender por que são sempre as pessoas boas que sofrem tanto, que morrem mais cedo, que são injustiçadas."
Como lia um capítulo todos os dias, já que o livro é super emocionante, terminei a leitura e fiquei meio sem saber o que fazer. Georgia se tornou uma amiga que "me contava tudo". Então fiquei com uma ressaca literária enorme.
Super recomendo, é um livro que como eu já disse é emocionante, porém te fará pensar muito nas pessoas que o cercam e em como você leva sua vida. Longe de ser um livro de auto-ajuda, é um drama carregado de sentimentalismo e busca pela aceitação.
Termino essa resenha pedindo para que todos vocês que estão lendo, abracem e beijem muito seus pais, não só hoje, mas todos os dias. Não tenho um pai biológico digamos perfeito, mas a "perda" dele me fez ganhar dois pais completamente perfeitos: meu avô, que é meu príncipe encantado, minha vida, que eu amo profundamente, e meu padrasto, que consegue ser a pessoa mais doce que já conheci na vida. Eles enchem meu coração de amor, e hoje só posso mandar um abraço virtual ou pelo telefone para eles.
As vezes não temos o melhor pai do mundo, ou as vezes nem o conhecemos, mas Deus trata de colocar "substitutos" perfeitos em nossas vidas.
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Carlinha 21/07/2014

"Só o tempo pode curar uma perda"
O livro é todo em “cartas”, ao qual a personagem inicia chamando-as de Aceitação (logo o leitor vai entender o porquê de suas cartas levarem esse nome). As cartas são compostas de momentos da sua vida, onde a personagem divide com o leitor cada pequeno sentimento e percepção sobre como é viver sem um pai, sem estimulo, insegura, e como superar ou pelo menos tentar superar uma perda dolorosa como essa.

"Não quero viver em uma realidade em que a sensação de ausência preenche todos os meus dias." Página 35

Vamos conhecer Georgia, uma jovem de 22 anos. Inteligente, bonita (como ela diz: uma princesa),meiga,vaidosa, bem humorada, viciada em livros e series de tv, é relativamente feliz e carente, tem tudo que se pode chamar de “uma boa vida”, até que o destino lhe reserva algumas surpresas. Primeiro: ela teve que aprender a lidar com o término de um relacionamento de um ano e meio, nada fácil. Logo encontrou consolo no colo do seu pai e melhor amigo que logo aconselhou a filha dizendo que esse tipo de sofrimento ( “perda”), só parece interminável, mas uma hora essa dor passa e a vida segue seu curso.

“Quando meu pai me dava um conselho, eu nem pensava, só fazia. Porque meu pai sempre estava certo. Ele sempre quis meu bem. Sempre fez de tudo para me ver crescer para eu atingir meu potencial máximo. E agora eu tenho medo.”

Georgia sempre teve uma ótima relação com seu pai, ao qual ela se refere como melhor amigo. E a sua história começa a partir daí, quando ela começa a escrever cartas para tentar aliviar a dor quando seu pai vem a falecer. Ela não só “perde o sentido da vida”, mas começa a desconfiar dos planos de Deus para sua vida, sente que Deus não foi justo ao levar seu pai de uma forma inesperada, afinal ele era o alicerce dela e de seu lar. Não foi fácil aceitar que seu pai já não estava mais ali, e que nunca mais olharia em seus olhos novamente, por isso ela achava que Deus havia lhe esquecido. Mas talvez, Georgia não estivesse preparada naquele momento para entender que Deus tinha grandes planos para sua vida.

“Eu não me entreguei. Fui entregue. Deus me entregou me deixou á mercê da vida. E me pergunto, por que me abandonaste?” Página 21

Eu confesso, me vi na Georgia por diversos momentos, e logo nas primeiras paginas rolaram algumas lágrimas, eu sabia que o livro iria falar comigo, só não esperava que fosse tanto assim.

Pensei nas pessoas que amo, e de como seria a minha vida sem elas, pensei no tempo que dedico a elas e como posso me esforçar para estar mais presente na vida delas curtindo cada momento como se fosse o ultimo. O livro faz a gente pensar a respeito do amor incondicional, na família, amigos, e sobre o valor que damos a essas pessoas.

“Tem tantas emoções conflitantes dentro de mim, e acho que ninguém realmente sabe. Ninguém consegue enxergar ao olhar para mim. Ninguém sabe que por dentro estou gritando a plenos pulmões. Ninguém escuta.” Página 76

Georgia é uma jovem que foi se tornando mais forte, mais confiante a cada página virada, a cada obstáculo que parecia insuperável. Uma história de amor, força e superação.
Talvez o destino nos reserve planos inimagináveis, perdas aparentemente irreparáveis, mas na história de Georgia pude sentir que tudo que aconteceu em sua vida não foi em vão, ela precisava enxergar além da relação com seu pai, era preciso enxergar sua mãe e sua irmã, era preciso conectar os pontos de sua vida novamente. De uma jovem, ela vai se tornando uma mulher forte que supera a cada dia seus medos, conflitos e se redescobre a cada nova etapa de sua vida.

“Não quero viver no passado ou no futuro. Quero ficar bem aqui onde eu estou, porque pela primeira vez em muito tempo eu me sinto segura.” Página 151

No final, se você estiver passando por alguma tristeza ou depressão profunda, vai facilmente se identificar com a história, e o melhor, perceberá que não está só, e que nada é impossível, desde que se tenha força de vontade e persistência, a Aceitação pode até demorar, mas com certeza uma hora ela vai bater a sua porta, basta se permitir, se deixar reviver, se reamar, e quando você menos esperar elas chegará.

A lição maior que fica dessa história, é de que nada é eternamente doloroso e nada é continuamente feliz, sempre teremos momentos de oscilação, e no final das contas isso não é nenhum bicho de sete cabeças, porque se você parar pra observar todo mundo passa por momentos assim (só que cada um acha um jeito de superar sua dor), mas todos superam de um jeito ou de outro.

O livro também trás muitas citações de pessoas famosas e emotivas, como Clarice Lispector, Cai F. Abreu, Renato Russo, entre outros. As citações se encaixam com os momentos que a personagem está passando.


Adorei a experiência de ler um livro intenso e tão verdadeiro, já que a própria autora nos revela logo no prefácio que esse é um livro autobiográfico. A leitura bem, pois os capítulos se resumem geralmente em duas a três paginas, e a escrita da autora é de fácil compreensão.

site: www.depoisqueeumudei.com
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Andrea 16/06/2014

Perder alguém não é fácil. O processo de luto é comprido: tem a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação. Geórgia Castro perdeu o pai, que era seu melhor amigo e seu mentor, e já passou por todas essas etapas... Só a aceitação que se recusa a aparecer.

Para fazer com que ela venha logo, Georgia, aceitando uma sugestão de sua psicóloga, resolve escrever cartas para a Aceitação. Somente quando esta chegasse ela poderia viver com o fato de que seu pai nunca irá voltar. E não só isso. A vida dela nunca foi fácil. A morte de seu pai parece fazer com que tudo desmorone mais uma vez, mas ela e sua família devem se unir para conseguir superar essa fase.

Com referências à filmes, citações e séries (seu ex-namorado, por exemplo, é chamado de Voldemort), as cartas mostram a evolução da protagonista ao longo do tempo, mostrando seu dia-a-dia, suas emoções, seus conflitos internos e como é possível continuar a viver mesmo sem seu melhor amigo ao seu lado.

Para mostrar um pouquinho melhor a essência do livro, resolvi separar alguns quotes que achei interessantes:

"Será que é algo que as pessoas em luto fazem? Agir de um jeito completamente diferente do que você agiria em condições normais? Fugir da realidade? Talvez."

"Meu pai sempre roube rir da própria desgraça e, em sua memória, devemos fazer isso também"

"Meu pai ainda morre todos os dias para mim. Em qualquer lugar e a qualquer hora eu sinto uma enorme vontade de chorar. Sou praticamente uma bomba-relógio"

"Minha cama é meu refúgio. Quando eu durmo me transporto para um mundo melhor, um mundo em que eu e meu pai estamos juntos. Sonho com ele todo dia. Sonho que estamos em casa tomando café, ou então ele está andando comigo na rua ou fazendo um cruzeiro... Mas sempre um pouco antes de acordar do sonho, descubro que ele está para morrer."

"Todo dia acordo com aquele desânimo no corpo e tento mentalizar: "Hoje vai ser um dia bom. Eu não vou surtar. Vou ter coisas para fazer no trabalho. Vou sobreviver mais um dia". Eu me sinto como uma alcoólatra: um dia de casa vez."

As palavras de Duda conseguem nos passar como é difícil lidar com a perda de alguém que nos é importante. Ela mostra que mesmo com o passar do tempo, a dor não vai embora: você deve aprender a lidar com ela. Eu tenho certeza que o livro vai ajudar muita gente que está passando por essa situação, mostrando a todos que eles não estão sozinhos - e que não é necessário se mostrar o tempo todo forte, mesmo estando em cacos por dentro. Ao longo da leitura, conseguimos sentir a emoção da personagem, sentir seus altos e baixos, e ela consegue transparecer claramente a dor que está sentindo, sem mesmo entendê-la.

Eu gostei bastante do livro. A única coisa que senti falta foi a data em cada carta. O livro se passa dentro de um ano, mas eu não tinha muita ideia quanto tempo havia passado entre uma carta e outra. Mesmo assim, deu para perceber uma evolução da personagem - que de início não queria nem sair de casa, e aos poucos começou a trabalhar, sair com os amigos e ter alguns bons momentos, mesmo com um grande buraco em seu coração. Recomendo a todos, principalmente àqueles que estão passando por esse momento de dificuldade. Com certeza o livro será um ótimo ombro amigo para ficar a seu lado nessa fase tão difícil que é perder alguém.

site: http://www.ownmine.com.br/2014/06/cartas-para-voce.html
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Zilda Peixoto 16/06/2014

Cartas para você
Estou aqui mais uma vez para falar e destacar a literatura nacional. Recebo todos os dias vários e mails no qual autores nacionais apresentam suas obras convidando-me a resenhar seus livros, mas nem sempre é possível aceitar todos os convites. Um dos critérios para a escolha dos livros é encontrar alguma identificação com o gênero proposto já que não vale a pena resenhar algo que eu não me identifique, não é mesmo? E foi por esse motivo, e outro um tanto óbvio que decidi aceitar o convite da autora Duda Razzera.

Um dos fatores predominantes foi a belíssima ilustração da capa do livro. Gostei da sua delicadeza, da escolha dos traços que compõem a ilustração, ou seja, tudo me fazia crer que seria um livro sensível, delicado. E claro, a premissa do livro deixava implícito que possivelmente seria uma comovente história de amor e devoção.

Vejamos: a premissa do livro é bem interessante. A protagonista Georgia assim como a autora perdeu o pai aos vinte poucos anos de idade. Provavelmente muito das emoções sentidas pela própria autora estão contidas em sua personagem. Aqui realidade e ficção se esbarram e caminham lado a lado. E é por isso que a história de Duda é tão peculiar, particularmente única no ponto de vista literário. A sinopse já nos dá uma boa noção do que está por vir, por esse motivo não acho válido entrar em maiores detalhes.

Para conter um pouco do sofrimento Georgia passa a escrever cartas para expressar seus sentimentos na tentativa de aliviar a ausência do pai. A princípio Georgia não compreendia muito bem o sentido de escrever sobre o que sentia, já que assim ela só passaria a relembrar ainda mais a falta do pai, porém Georgia estava disposta a seguir as instruções de sua psicóloga.

Sabe aquele velho ditado: “Fulano comeu o pão que o diabo amassou”, então, isso é fichinha no caso de Georgia. Nossa mãe! Georgia passou por tudo de desgraça que vocês possam imaginar até a perda do pai. Apesar de tudo Georgia, os pais e a irmã conseguiram superar os contratempos da vida. E olha que não foram poucos. Porém, o pai de Georgia era sua base, sua sustentação. Era ele que a compreendia, que a mantinha segura diante suas falhas e inseguranças e, por esse motivo sua perda tenha sido irremediavelmente tão profunda.

Ao longo das páginas vamos acompanhando um diálogo incessante de revolta e questionamento sobre suas dores com aquela que no entendimento de Georgia devia ser questionada desde o início: a querida Aceitação. Georgia se refere à Aceitação com um tanto de revolta e desprezo, porém ao longo das cartas ela consegue encontrar um meio termo para dialogar com sua própria consciência.

O livro possui inúmeros trechos emocionantes que descrevem o convívio que Georgia vivenciou com o pai, mas um dos mais marcantes, sem sombras de dúvidas, é o discurso preparado por Georgia para sua formatura.

Apesar da mensagem do livro ser digna de muito respeito e admiração confesso que a sua linguagem me incomodou bastante ao longo da leitura. Ainda que sua linguagem seja intencional, já que a história é direcionada por cartas eu não me senti confortável durante a leitura. A linguagem é simplória, ora repetitiva demais tornando alguns momentos da leitura um tanto cansativa. A minha estratégia foi a seguinte: tentei separar as duas coisas ainda que isso pareça impossível. Consegui encontrar uma maneira de apreciar a leitura respeitando e captando toda sua essência tentando me conectar apenas a ela. Consegui curtir a leitura de um modo geral ainda que a linguagem utilizada pela autora não tenha me agradado entre um capítulo e outro.

Cartas para Você é um livro tocante e que emociona o leitor com sua linda mensagem de superação. Georgia é a prova de que conseguimos sobreviver a tudo se tivermos fé, determinação e, principalmente o apoio dos nossos entes queridos. A aproximação com a mãe e a irmã também foi um ponto da narrativa que merece destaque.
A autora ainda apresenta diversas referências ao longo da narrativa que contribuem para a sua fluidez e que todo leitor poderá facilmente encontrar alguma identificação.

Entre tantas referências o capítulo 51 traz citações da autora Bruna Vieira que assim como Georgia, todos os leitores irão se identificar em algum momento. Foi de extrema valia a inserção de tais reflexões para que todos nós saibamos distinguir a diferença entre aquilo que realmente somos e a realidade inventada e velada exposta na internet através das redes sociais.

Bem, pelo que vocês podem notar Cartas para Você não é um livro que irá focar o sofrimento em si como algo irremediável. Duda nos demonstra sabedoria em cada palavra e vai conduzindo sua narrativa com muita delicadeza, tirando o recadinho um tanto "revoltado" direcionado ao seu ex-namorado, que diga-se de passagem foi "demais"!

Felizmente a editora Novo Século fez um excelente trabalho. A edição e revisão do livro não deixaram a desejar, Nossa! Pensei que nunca viria um livro editado pela editora através do selo direcionado a literatura nacional sendo publicado como os demais títulos do selo principal. Respeito aos autores nacionais é o que todos desejamos!

Em suma gostaria de recomendá-los a leitura e dizer, que apesar da premissa simples o livro poderá surpreendê-los. Cartas para Você é um livro que possuí uma linda história de amizade, amor e cumplicidade. A autora mantém um blog onde posta dicas para escritores, resenhas, além de textos que contam um pouco da sua história.

site: http://www.cacholaliteraria.com.br/2014/06/resenha-cartas-para-voce-duda-razzera.html
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