Quarenta dias

Quarenta dias Maria Valéria Rezende




Resenhas - Quarenta dias


96 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Leila de Carvalho e Gonçalves 18/06/2022

A Alice No País Das ?Desmaravilhas?
A paraibana Alice, professora aposentada, é quem narra "Quarenta Dias", romance vencedor e Livro do Ano do Prêmio Jabuti 2015. No formato de um diário, trata-se de um desabafo que começa, quando ela deixa João Pessoa e vai morar a contragosto em Porto Alegre onde sua filha, já casada, está concluindo os estudos. Uma decisão tomada após uma bem armada conspiração familiar cuja missão foi convencê-la a assumir os cuidados de um neto que ainda está para ser concebido, afinal, Norinha não tem tempo para ser mãe em período integral. Entretanto, o convite para uma temporada de estudos em Paris, não só adia a gravidez como faz a candidata a avó ser deixada para trás.

Sua confidente passa a ser uma boneca Barbie estampada na capa do caderno onde Alice escreve com uma linguagem própria, que prima pela criatividade e o linguajar nordestino, seu desabafo. Cada capítulo abre com uma citação de um escritor que complementa o sentido do texto e termina com uma ilustração que aponta para a nova direção da narrativa. Outra característica é a ausência do ponto final em alguns parágrafos, que deixa a ideia em aberto, permitindo diferentes abordagens interpretativas.

"Diga-me, Barbie, você que nasceu pra ser vestida e despida, manipulada, sentada, levantada, embalada, deitada e abandonada à vontade pelos outros, você é feliz assim?, você não tem vergonha?, eu tenho vergonha de ter cedido, estou lhe dizendo, vergonha"

A partir daí, a reação traumática de Alice ao abandono eclipsa o interesse. Com o pretexto de encontrar o paradeiro de um imigrante paraibano para uma mãe sem notícias, ela mergulha num mundo das "desmaravilhas", reportando-se a sua xará, a inglesinha criada por Lewis Carroll que reage contra às regras e à lógica dos adultos. Enfim, desconstruindo-se para poder se reconstruir, a personagem percorre uma inóspita cidade de fio a pavio, de sol a sol, descobrindo como é fácil tornar-se invisível e desaparecer para sempre.

"Eu nem percebi, naquele dia, quando saí atrás de um quase imaginário, um vago Cícero Araújo, que estava, na verdade, correndo atrás de um coelho branco de olhos vermelhos, colete e relógio, que ia me levar pra um buraco, outro mundo. Também, que importância tinha? Acho que eu teria ido de qualquer jeito, só pra cair em algum mundo?"

Valéria Resende, a autora, trata de temas difíceis como a questão identitária, o choque cultural, o conflito de gerações e o processo do perdão, exibindo a violência e a segregação numa cidade moderna e pretensamente cosmopolita. Sem dúvida, esse é um romance perturbador e indigesto que atrai a atenção para o Brasil que vivemos e aquele que estamos construindo.

?Eu descobria que o mundo era feito em grande parte de gente desaparecida, que não deu mais notícias e gente desesperada atrás ou a espera conformadamente pelos sumidos?

Merecido sucesso. Parabéns, Valéria!
V_______ 21/06/2022minha estante
Estava doido para ler esse livro, agora com essa resenha a vontade só aumentou.




Irena Wieliczka 19/06/2021

Quarenta Dias
Possuindo apenas um caderno da Barbie de trezentas páginas, Alice, uma professora aposentada, se despede de sua terra natal João Pessoa para, na sua condição de avó, ajudar a filha a criar a criança em Porto Alegre.

Ao longo da viagem, Alice vai despejando no caderno todas suas lembranças e sentimentos, desde muito antes de sua filha Aldenora - ?Norinha? - nascer.

Narrando cada passo, a professora aposentada nos transporta para Porto Alegre com uma saudade imensa de João Pessoa e traz estampada na cara a irritação por ter caído na arapuca que a filha criou para que ela estivesse próxima para cuidar de seu neto.

Até que em um dia, Alice recebe uma ligação de uma amiga da Paraíba, pedindo que procure por Cícero Araújo, filho de uma conhecida, que estava em Porto Alegre trabalhando para uma empreiteira, mas que já tinha um ano que não dava notícias e nem era possível encontrá-lo pelo celular.

A professora aposentada, então, sai em busca desse tal Cícero, numa aventura de descobrir a si mesma e resgatar suas origens, vivendo pelas ruas de Porto Alegre, passando pelas ?Vilas? e fazendo amizades inesperadas.

Para saber se Alice encontrou o tal Cícero e se encontrou a si mesma, recomendo a leitura!
comentários(0)comente



Mariana Dal Chico 01/12/2020

“Quarenta Dias” de Maria Valéria Rezende foi publicado no Brasil pela Editora Alfaguara ganhou o prêmio Jabuti em 2015.

Eu tinha um exemplar na estante há alguns anos esperando a “hora de leitura”. Quando recebi de cortesia a caixa do Clube Realejo e vi que era o livro do mês, percebi que o momento tinha chegado. Propus a leitura no Leia Mulheres Jundiaí as participantes adoraram a ideia, fiz um sorteio do meu livro extra e nos aventuramos pelas ruas de Porto Alegre junto com Alice em busca de Cícero.

No início, leitor é jogado em um turbilhão de sentimentos angustiantes, pensamentos ansiosos, em frases que ficam pela metade e na urgência da protagonista em externar sua experiência dos últimos 40 dias.

A forma como a protagonista de Quarenta Dias parte em busca de Cícero, curiosa, destemida e em uma jornada de autodescoberta não é mera coincidência de sua homônima que entrou na toca do coelho branco e encontrou Wonderland, onde ela era uma estrangeira e as regras que ela conhecia já não se aplicavam ali.

A narrativa da autora é cativante e viciante, ao finalizar e refletir sobre a leitura o livro cresceu, durante o encontro ao ouvir outras mulheres compartilhares suas opiniões ele ganhou novas camadas e, agora ao escrever para vocês, ele não para crescer em mim.

Tudo nele me impressiona, desde a técnica de escrita, a escolha da ordem dos capítulos (olá final que não está no final), narrativa dentro da narrativa, nem todas as perguntas apresentam respostas claras, desenvolvimento dos personagens/enredo, crítica social (SABE!), perda de identidade com o envelhecimento, maternidade, etc…

Enfim, foi uma experiência incrível e com certeza entrou para a lista de favoritos.

Dica para quem chegou ao final do livro: releia as primeiras páginas 😉


site: https://www.instagram.com/p/CIQg_nZjKvE/
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Valeria.Lamas 24/07/2021

Gostei do livro e, como sempre, principalmente depois de ver e aprender com os comentários de outras pessoas. Escrita e história originais. Só achei ruim que ficaram mtas coisas sem conclusão, mas ????? talvez fosse esse o objetivo.
comentários(0)comente



nathaliart 20/10/2022

Maluquice total... adorei!
Não dei muito crédito pra esse livro no início, mas que reviravolta! Nele acompanhamos a saga de Alice, oriunda da Paraíba, que se vê forçada a mudar para Porto Alegre para cuidar de um neto que nem foi concebido. Após descobrir que será abandonada por 6 meses numa cidade que não conhece e não gostaria de viver, ela sai em busca do filho desaparecido de uma conhecida, usando-o como desculpa para ficar longe da vida que lhe foi imposta. Como testemunha, além do leitor, a Barbie que estampa a capa do caderno.

A escrita da autora é incrível, um verdadeiro fluxo de consciência, onde a gente às vezes se perde com prazer. Com o tempo, a história deixa de ser sobre a busca de Cícero, e passa mais a ser sobre a fuga da narradora da realidade, uma forma de aproximar-se do lugar que ela deixou e tanto amava. As emoções são diversas, a personagem é ótima e autêntica "brasileirinha", como ela mesma se denomina. Expõe as problemáticas de nosso país, as características que podemos ver em todos os lugares, as diferenças entre as camadas sociais e as regiões.

Os capítulos são relativamente curtos, e o diário é escrito de uma forma diferente, sem datas e com citações de livros. Uma belíssima forma de motivar a leitura e a escrita. Recomendo demais!
comentários(0)comente



Ri :) 14/05/2021

Fiquei desanimada da metade em diante. O final não foi como eu esperava (absurdo a autora não escrever o livro pra mim!). Depois de um período de reflexão após o final, resolvi que e6um bom livro. :)
comentários(0)comente



rayssagurjao 18/03/2021

Reencontrar
Alice foi "tirada" de sua vida em João Pessoa para uma existência enquanto avó em Porto Alegre, mas talvez uma ilusão, já que sua filha foi para o exterior e a deixou sozinha em uma cidade desconhecida, a qual ela explorou como uma andarilha, demonstrando becos, vielas e pessoas "silenciadas" e escondidas, vivendo á margem da sociedade apresentada e da vida no apartamento "xadrez".

Ela conta sua história e o reencontro consigo a partir da escrita nas páginas do caderno antigo com a capa da Barbie, sua confidente de histórias.Um livro, um reencontro, palavras, pessoas e momentos.
comentários(0)comente



mariacristinamrs 01/08/2023

Sumir
Alice ta mais q certa, as vezes eu só queria fugir também, mas o pior é q é de mim mesma.
lindo livro, da p perceber em cada capítulo o qnt ela vai se permitindo sentir coisas que pra ela seriam inviáveis, impensáveis e not mother like.
comentários(0)comente



Ana Emilia 05/06/2020

Por aí em Porto Alegre
Nossa protagonista paraibana é forçada a se mudar para Porto Alegre. Usando como desculpa a procura por um conterrâneo perdido, decide se perder pelas ruas da capital gaúcha e passa 40 dias vivendo na rua. Maria Valéria Rezende é uma exímia contadora de histórias.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



@wesleisalgado 08/01/2022

A odisseia de Alice
A premissa me ganhou, afinal quando criança quem nunca imaginou como seria a vida em casa de um professor que estava em sala de aula com você? Figuras que estavam em pedestais durante minha infância.

Acompanhamos aqui as desventuras de Alice, uma professora aposentada, narradas em forma de diário e escritas em um caderno com a capa da Barbie. De sua saída do estado de Paraíba para a cidade de Porto Alegre, coagida por uma filha egoísta e ingrata. Na cidade de Porto Alegre, a mesma se coloca em uma odisseia em busca do filho de uma amiga do nordeste, que pode ou não existir.

Os quarenta dias do título diz respeito aos dias de rua a que Alice se sujeita na busca por Cícero pela cidade de Porto Alegre, porém somente dois dias são narrados na íntegra, o que fez com que eu me sentisse bastante enganado como leitor.

Foi muito fácil imaginar a narradora como várias professoras de português que tive ao longo da vida, e lembro com carinho. O que me faz relevar alguma falta de brilho que a história possuí durante as 250 páginas. Torço pra que alguma professora minha tem tido a empolgação da Alice durante o livro em algum momento de sua vida.

Resenha nº 3 do desafio skoob 2022.
@wesleisalgado 08/01/2022minha estante
Correção resenha nº 4 de 2022




Lucikelly.Oliveira 04/09/2021

Ai, ai, Alice
A protagonista do livro sai da Paraíba para o Rio Grande do Sul a contragosto por pressão da sua filha e chegando ao sul do país ao se vê sozinha e com saudades de sua terra Natal ela sai em busca de conterrâneo pedido, filho de uma amiga.
comentários(0)comente



Michele 21/01/2022

Ouviu tudo, Barbie?
Eu já esperava gostar da Maria Valéria Rezende, mas não imaginava o quanto. É ótima a sensação de ter as expectativas superadas, de conhecer mais uma autora nacional que encanta e que deixa um gostinho de quero mais.
comentários(0)comente



Egberto Vital 05/09/2021

Um dos melhores livros que li esse ano, sem dúvidas. Também, pudera... É de @mariavaleria.rezende, autora do maravilhoso e inesquecível "O Voo da Guará Vermelha".
Em "Quarenta Dias" acompanhamos a "epopeia" de Alice, uma mulher que é forçada, pela filha, a deixar sua vida pacata em João Pessoa para viver em Porto Alegre, com a justificativa de precisar ficar perto da família e ajudar a cuidar do neto que está por nascer. No entanto, ao chegar na nova cidade, Alice se depara com um espaço que lhe é estrangeiro e eventos levam a uma ruptura da expectativa criada pela filha quando do convite a mudar de lugar.
Nesta obra, seguiremos a saga de Alice em Porto Alegre, ao se encontrar com a solidão, o abandono parental e busca por uma descoberta de si.
Ao saber do desaparecimento do filho de uma amiga, ela segue em busca do rapaz (que não se sabe se realmente ainda está na capital gaúcha) e se envolve em uma narrativa particular que acaba dialogando com outras narrativas que vão aparecendo em seu entorno, em que o nomandismo é o fio condutor da sua trajetória, parte do processo de individuação da personagem ao longo da obra.
De forma magistral, Rezende intertextualiza sua narrativa com a da Alice de Carroll, em um "país das maravilhas" às avessas em que o "Coelho Branco" (aqui metaconstruído em Cícero Antônio) a leva pelos meandros de diversas histórias que vão construindo a nova narrativa da vida de Alice.
Recomendo demais essa leitura.
comentários(0)comente



96 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR