Antonio Luiz 12/08/2010
"Outros Brasis" é meu livro favorito de história alternativa e um dos melhores da ficção científica brasileira. Inclui quatro histórias sobre dois surpreendentes Brasis que não existiram.
O primeiro Brasil paralelo é do "Ciclo Palmarino": no primeiro conto (“O Agente de Palmares”), os holandeses aliaram-se ao Quilombo de Palmares – que ganha um aliado vampiro – para resistir aos portugueses. Consequentemente, vêm a existir três Brasis: o holandês, o negro e o português, cujas rivalidades se prolongam, no segundo conto, até a era vitoriana.
O segundo Brasil alternativo é o da "Pax Paraguaya": o império de D. Pedro II foi derrotado por Solano López em 1868 e o vitorioso Paraguai se tornou uma superpotência no século XX. Um cientista negro, nascido em um Brasil menor, mas mais rico e mais justo, descobre como alterar o passado, anular essa derrota e conduzir ao que chamamos realidade, mas depois de verificar as consequências, resolve deixar as coisas como não são.
Uma versão anterior do conto "Ética da Traição" inaugurou no Brasil o subgênero da "história alternativa" em 1993. Uma versão ampliada fecha o livro com chave de ouro, após uma prequela que aprofunda o conflito de nacionalismos e lealdades e dá mais plausibilidade à inusitada premissa inicial, aparentemente inspirada no "ufanismo paraguaio" de "O Genocídio Americano", obra de Júlio José Chiavenato que fez sensação a partir de 1979 e até o início dos 90 ao popularizar no Brasil uma visão crítica da atuação da "Tríplice Aliança", mas sem dúvida idealizou de maneira exagerada o Paraguai de Solano López.