soso.anami 06/02/2021
"testando" para ver se vale a pena o investimento
Para os fãs de distopias pós-apocalípticas, “O Teste”, da autora Joelle Charbonneau, é uma excelente pedida. Pessoalmente falando, por ser muito fã da Saga Jogos Vorazes e também já ter lido a trilogia Divergente, não pude deixar de comparar seus enredos e distopias. Hoje em dia, é praticamente impossível alguma mídia ser 100% original pois todo mundo busca inspiração em diversos lugares para criar suas obras. Em minha leitura de “O Teste”, mantive isso sempre em mente justamente para não ser desonesta depois em minha crítica.
O livro conta a história de Malencia “Cia” Vale, uma garota de 16 anos recém-formada no Ensino Médio. Seu país é a Comunidade das Nações Unificadas – ex- Estados Unidos da América – que, após uma guerra intensa, foi dividido em colônias para revitalização da nação. Cia mora em Cinco Lagos, um lugar pequeno, mas muito bem desenvolvido.
A garota sonha em ser escolhida para O Teste, um programa elaborado pelo governo que seleciona os melhores e mais brilhantes recém-formados para que se tornem líderes na demorada reconstrução do mundo pós-guerra. Pouco se sabe a respeito d’O Teste pois os selecionados não se lembram muito do processo. Após a formatura, Cia é escolhida para participar – assim como seu pai outrora também foi. Ele alerta a garota para não confiar em ninguém, principalmente no próprio Teste em si. Aos poucos ela vai descobrindo que nada é o que parece ser.
Apesar do enredo um tanto genérico, “O Teste” cumpre bem o papel esperado para o primeiro livro de uma trilogia. A autora apresenta os pontos mais relevantes, sem nos entregar a trama inteira de bandeja – afinal, existem mais duas obras para realizar essa função. Gostei do desenvolvimento dos personagens e, principalmente, gostei muito da protagonista.
Cia – diferentemente de um “Frodo” da vida – é muito independente e plenamente capaz de tomar decisões, ainda que em tão pouca idade. A garota é muito madura e racional, mesmo quando desenvolvendo sentimentos por seu colega de colônia, Tomas. A forma como a autora explorou o romance em sua obra foi muito inteligente, pois toda essa questão afetiva é deixada para segundo plano. Acredito que o foco, em uma saga distópica, nunca deva ser o namoro ou com quem a mocinha vai ficar. Não devemos pensar e discutir “prefiro fulana com ciclano do que com beltrano”, mas, sim, focar no que realmente importa. Penso eu que, se esse simples detalhe tivesse sido adotado em Jogos Vorazes, por exemplo, a saga poderia ser mais aproveitada ainda.
Outro ponto que gostei em “O Teste” foi sua escrita. Por ser uma obra voltada ao público infanto-juvenil, obviamente a narrativa é facilmente entendível. Gostei de como a autora desenvolveu os capítulos, normalmente encerrando-os de maneira abrupta e instigante. Uma coisa que me desagradou, porém, foi a passagem de tempo na própria narração de Cia. A meu ver, muitas coisas que ela descrevia (pois o livro é em primeira pessoa) eram rápidas demais, não deixando tempo para que o leitor se acostumasse com os atuais eventos. Toda essa pressa prejudicou um pouco minha experiência com a obra.
Apesar de suas muitas semelhanças com outras sagas literárias distópicas, “O Teste” consegue manter sua originalidade em termos de personagens, ambientação e roteiro. Apesar de o ritmo da história, inicialmente, ser demasiado lento, a autora conseguiu me cativar com sua escrita e me fazer avançar na leitura. Estou curiosa para saber o desenrolar dos eventos que aguardam por Cia em seu futuro na universidade. Recomendo e indico “ O Teste” para quem gosta do gênero.