Marcos5813 26/10/2018
Iluminação e Desapego
Brilhante livro do autor Dzogchen Ponlop. O livro não é apenas sobre budismo ou que venha ser budismo, mas essencialmente, sobre o ser iluminado, o Buda, aquele que conseguiu enxergar a realidade como ela é e da libertação da mente das ilusões, passando de uma mente adormecida ainda apegada as coisas do mundo para se importar com a verdade que temos em cada um de nós, a realidade última. O Buda, ou o Dharma, que é quando encontramos nossa essência dentro de um mundo de ilusões, nos libertamos dos apegos do nosso ego, é uma revolução que o ser humano empreende para dentro de si, com a mente focado na realidade última, que o budismo chama de Nirvana. O Buda histórico, o Sidarta Gautama, um príncipe de uma das regiões da Índia antiga, abandonou todo conforto e opulência de seu reino em busca da verdade. O livro fala pouco da trajetória do Buda histórico, ou o Buda Shakyamuni. Faz algumas referência que encontrou a verdade ou a realidade ultima quando meditava sentado debaixo de uma árvore. O autor menciona que Buda deixou mais de 40 mil ensinamentos escritos, um deles o caminho do meio. Fazendo um paralelo com Jesus Cristo, deste, a única menção que escreveu alguma coisa foi quando escrevia na areia quando judeus de sua época tentavam apedrejar uma mulher adúltera. Sua máxima escrita pelos apóstolos é de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo. Há muita semelhança entre Jesus Cristo e os ensinamentos de Buda. Mas voltando ao livro, o autor Dzogchen Ponlop, faz menção em diversas partes do livro que o budismo não é uma religião, muito menos tem um Deus em que acreditar, mas um conjunto de práticas e ensinamentos que nos ajuda a nos libertamos das ilusões do mundo, o que o budismo chama de iluminação ou o ser desperto, que enxergou a realidade última, e a vacuidade, ou o desapego ao eu, o de viver no mundo sem que o nosso eu seja o personagem principal, mas sim aquele que despertou para a vida em sua quintessencia. No livro o autor fala de seis ações transcendentais: a generosidade, a disciplina, a paciência, a diligência, a meditação e o conhecimento superior. Apesar de falar das seis no livro, foca primordialmente em três delas, a disciplina, a meditação, e o conhecimento superior. Não irei fazer spoiler aqui, mas queria me adentrar na última ação transcendental que o livro aborda, o conhecimento superior, e o que me chamou muito a atenção é que só conseguiremos progredir rumo ao despertar da mente se aceitarmos que somos seres falhos, neuróticos, nas palavras do autor, que lida com outros seres também neuróticos, e falhos, e nesta neurose, caminhando passo-a-passo rumo a iluminação, de ter compaixão com o seu semelhante. A compaixão e o desapego ao ego são fundamentais para que nos tornemos um Buda rebelde, aquele que não cai mais nas armadilhas das ilusões do mundo. Excelente livro!!!