Henri B. Neto 20/03/2015Resenha: A Mais Bela MelodiaNeste momento, eu deveria estar pensando racionalmente para poder comentar de forma sensata sobre "A Mais Bela Melodia"... Mas não vou enganar vocês: estou aqui completamente movido pela emoção. Acabei de cruzar as páginas finais do romance e se existe uma definição que possa descrever os meus sentimentos neste instante, esta seria: Estou sem chão. E, não, não estou sendo dramático. Pelo menos, não mais do que o normal. Sinto que meu cérebro virou uma geleia, e que meu coração foi apunhalado de tantas formas diferentes que ainda estou surpreso de ele continuar batendo. Mas, bem, é isto. É assim que eu preciso resumir a minha leitura deste romance de estreia da Carol Teles, uma blogueira que já acompanho faz bastante tempo.
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Inicialmente movido pela curiosidade de conhecer o seu trabalho, a minha empolgação com "A Mais Bela Melodia" só aumentava ao ver comentários super entusiastas na Amazon e no Skoob. Eu confesso que sempre fico muito receoso quando um livro ganha uma aprovação tão alta - mas não tinha como não criar uma certa expectativa com alguns relatos de leitura. O romance parecia ter tudo o que eu gosto: gênero Novo Adulto, casal no melhor estilo "gato e rato", problemas reais e uma autora sem medo de ser cruel. Meu único receio era com relação ao tamanho dele: Segundo a Amazon, algo entorno de 700 páginas. No meu Kindle, o número estimado era de 970. Sim, quase um romance da Diana Galbadon. Mas, mesmo sendo um preguiçoso master para livros muito extensos, a minha curiosidade era grande demais! E ela acabou vencendo na semana passada - quando eu finalmente criei coragem e comprei o livro na Amazon.
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Para começar, acho que preciso falar justamente sobre a narrativa da Carol. Como eu disse no parágrafo anterior, o livro É grande. Mas você não sente isto nem por um minuto sequer. A autora simplesmente nos leva no decorrer de páginas a fio, repletas de reviravoltas, e drama, e romance, e humor e... Sim, isto tudo. Ao mesmo tempo em que um capítulo ela pode ser completamente adorável, com cenas em que conter um suspiro de contentamento é praticamente impossível, no outro, ele é como uma discípula de George R. R. Martin: castigando não só os seus protagonistas sem um pingo de remorso, como nos castigando juntos. Nos fazendo ver como a vida pode ser infeliz e cruel, e nos deixando completamente de mãos atadas. Esta foi uma sensação terrível que eu senti ao ler "Proibido" de Tabitha Suzuma, e que voltou com força total em "A Mais Bela Melodia". Pois, se existe algo que as duas histórias compartilham, são seus grandes tons de cinza, e sua visão realista/melancólica sobre o cotidiano. Só que o mais importante não é o quanto a trama pode ser uma "vaca" com o leitor. O mais importante é que tudo acontece no tempo certo, sem atropelos, na hora exata, e ISTO me cativou.
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Entretanto, nada disto funcionaria se não fosse pelos seus personagens. Klaus e Lorena (a segunda, em meu ponto de vista, com um peso muito maior) SÃO a história. Os dois são uma dupla de adolescentes quebrados, feridos por famílias destruídas, lutando desesperadamente para sobreviver. O psicológico dois é visivelmente alabado, mas mesmo assim, a autora dá tempo para que eles respirem, tempo para que sejam apenas jovens, e isto é incrível. Só que, em momento algum só os dois personagens me conquistaram, pois isto seria uma mentira incrível! Todos os amigos de Klaus e Lorena, desde o sempre presente Adônis até mesmo os mais distante Anderson, ou "Novato do Jornal" como a Loren chama, conseguiram ocupar um lugar especial no meu coração. É lógico que me preocupava mais com os problemas difíceis que o casal precisava enfrentar, mas sempre que alguém aparecia, era um sorriso na certa. Mas, hey, isto não significa que eles são perfeitos! Muito pelo contrário, todos ali são completamente imperfeitos, com vícios e atitudes reprováveis. Mas são estas nuances que faz todos eles serem tridimensionais.
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Porém, mesmo ficando completamente de joelhos para os personagens e pela força da história, eu senti um certo problema com o livro com relação a ambientação da trama. "A Mais Bela Melodia" se passa em Esperança, uma cidade fictícia produtora de uvas, no interior do Sul do Brasil. Nos dois terços finais do romance, esta peculiaridade é bastante trabalhada e bem difundida... Mas, no começo, eu senti uma influência muito grande de cidade do sul dos EUA. Por boa parte da introdução, eu me perguntei se a narrativa se passava no Brasil ou em algum lugar próximo ao Texas, mas - com o tempo - a autora conseguia delimitar as características específicas de Esperança, e o incômodo simplesmente não existia mais ao final do volume.
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Mesmo com esta pequena escorregada, eu simplesmente não consegui dar outra nota para "A Mais Bela Melodia" além de cinco estrelas. Foi uma narrativa que me prendeu, que me fez sofrer com os personagens e me fez torcer por eles. Eu fui cativado a cada capítulo que passava, e quando dei por mim, estava perdidamente apaixonado por todos os aspectos desta história - mesmo os mais tristes. Quando o livro chegou ao fim, eu percebi que a Carol me levou por uma jornada tão impressionante que fiquei sem palavras. Eu realmente conheci a vida de Lorena e Klaus, e não estava preparado para os acontecimentos impactantes das últimas páginas. Mas o que está feito está feito. Tudo o que eu posso fazer agora é recomendar para vocês este Novo Adulto nacional incrível. E esperar com afinco, esperança e muita dor no peito por "A Melodia Final", a continuação (e conclusão) deste romance que brincou com os meus sentimentos do início ao fim.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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