Resenhas - Por Que Ser Feliz Quando Se Pode Ser Normal?

Amy 27/08/2021

Uma grata surpresa! Amei a escrita da Winterson e como é contada em forma de memórias, tudo ainda fica mais tocante. É um livro sobre renascimento, sobre o aprender a amar e conseguir se reencontrar, se reinventar. Como as cicatrizes nos moldam e formam quem somos hoje.

Talita.Daniela 25/09/2020

"E chorei do jeito que se chora quando não há nada a fazer senão chorar." Winterson, Jeanette.
Como a própria autora naturalmente aborda, seria inocência de minha parte separar o pensamento do sentimento. Porém, apelando pra dicotomia cartesiana preciso dizer que eu seria completamente incapaz de resenhar sobre "Por Que Ser Feliz Quando Se Pode Ser Normal" de forma racional.

Beirando a megalomania psicótica de Dostoiévski nas Notas do Subsolo, li de cabo a rabo como se fosse minha essa "autobiografia semificcional" caótica, não linear, espiritual, esquizofrênica e quase multidimensional, mas, principalmente, severamente pessoal.

Talvez, fazer o leitor se identificar seja um dos elementos mais básicos requisitados pra qualquer romance ou poesia que se inscreva minimamente na categoria limitada de "bom". Mas, acredito que uma grande parte do público alvo da obra sejam aqueles que minimamente se identificam com as esferas principais "Adoção", "Criação religiosa" e/ou "Homossexualidade".

Não menos do que o conjunto das três foram exatamente o que me fizeram iniciar a leitura, em uma busca velada e confusa por autoconhecimento que, por menos incrível que pareça porque é exatamente o que se poderia esperar desse grande número de intersecções, se encontra em toda linha literária da vida de Jeanette.

Identidade, conceito caríssimo pra autora, me ocorreu não somente nas superfícies mais obvias e encontráveis em sua sinopse, mas na profundeza subjetiva constante que se materializa em toda vida de JW, em indiferenças, resistências, criatividade selvagem, buscas constantes e tudo envolto em incertezas extremamente vinculadas à seu meio externo e interno, na premissa da ideia mais ficcional de todas que é o amor.

O materialismo histórico e ideias psicanalistas junguianas são bem presentes nas ideias de construção de identidade coletiva e individual de Jannette e que, além de transparecerem em seu próprio eu, encontram-se também em sua forma de escrita e pensamento, como ela mesma aponta numa metalinguagem muito gostosa da mescla de forma e conteúdo que é o processo criativo absurdo de uma pessoa absurda.

A autora encontrou nos livros o seu soro e o peso da sua afinidade com a linguagem torna tudo muito instigante, uma vez que ela cita quase que religiosamente ("porque, se você foi criado pela Bíblia, não larga aquilo tudo simplesmente, seja lá o que digam.") grandes nomes da poesia e da prosa, principalmente os mais ocidentalizados - por motivos explicados e refletidos no próprio livro - mas também autoras célebres do feminismo enquanto movimento pioneiro, além de poetisas e poetas.

Não consegui fazer mais nada enquanto não terminasse e eu simplesmente amo essa sensação de ardência do despertar da La Loba que ela passa ao contar/inventar/recriar sua história, e a minha também.

Sobre estilo, influências e opinião pública acerca da obra eu não ouso afirmar nenhuma vírgula com certeza. Mas, no aspecto individual e situacional da minha ridícula existência até aqui, esse foi um dos livros mais influentes pro meu crescimento pessoal.

Senti a urgência de materializar.

Boa leitura!

Amanda 31/01/2018

MELHOR LIVRO DA VIDA

Kaue 23/08/2016

Por Que Ser Feliz Quando Se Pode Ser Normal?
Intenso, palavra que resume as memórias da Jeanette Winterson.
A influência dos pais, as dificuldades sobre ser homossexual, a pobreza da época, a reclusão sobre livros e reflexões sobre a própria vida. Todos temas que rodearam a vida da autora e nesta obra ela organiza e expõe para seus leitores.

"Há muitas coisas que não podemos dizer porque são dolorosas demais. Esperamos que aquilo que não fomos capazes de dizer suavize o resto, ou apazigue de alguma forma. As historias são compensadoras. O mundo é impiedoso, injusto, incognoscível e nos escapa.
Quando contamos uma historia, exercemos o controle, mas de modo a deixar uma lacuna, uma abertura. É uma versão, mas nunca a versão final."

Não existe certo ou errado em biografias, ou até mesmo ruim ou bom. O que leva a gostar é a identificação com o que se escreve a respeito da própria vida. Jeanette Winterson conseguiu fazer isso extremamente bem, por tratar de temas tão delicados de forma tão sutil e sem agressividade. Adoção por uma família de cristãos marca a vida da autora. Se tivesse sido criado por sua família biológica seria ela hoje a autora que é? Ou nem autora seria? Reflexões que durante a narrativa a autora se questiona e desenvolve além de diversos conflitos presentes.

Indispensável, essas memórias entram para os melhores do ano sem duvida. Pois falar da própria vida abertamente sempre é difícil e foi na escrita e literatura que Jeanette Winterson encontrou refugio para as limitações impostas pela vida e pela Mrs.Winterson, sua algoz e principal referencia.

G. Rubbo 26/01/2016

A frase-título chamou minha atenção na barraquinha de livros perto do mercado. Peguei o livro, e logo descobri que se tratava de uma autobiografia.
O comprei e não me arrependi.
"Por Que Ser Feliz Quando Se Pode Ser Normal?" são as memórias da escritora Jeanette Winterson, que compartilha de forma sincera e envolvente sua infância difícil, suas primeiras experiências amorosas, a repreensão por conta de sua homossexualidade e como teve sua vida transformada pelos livros.

site: http://giovannarubbo.blogspot.com.br/2015/06/meucaldeirao-livro-por-que-ser-feliz.html

Geovane 09/07/2015

Uma escritora tão intensa quanto suas obras
Winterson mais uma vez cria um deleite em prosa, e dessa vez a personagem principal é ela mesma.
Aqui vemos a autora falar de seus traumas, questões familiares e pessoais. Ela abriu parte do seu mundo para nos, leitores que acompanham o trabalho dela há anos.
Aqui, em homenagem a este belo livro, eu deixo minhas palavras de um admirador.
Em um livro de memórias, Winterson conseguiu ser tão dinâmica e existencial quanto em qualquer outro trabalho feito pela mesma, incitando o leitor a imaginar cada cena. Ela quer fazer você sentir, porque todo o trabalho de Winterson é uma busca pelos sentimentos, seja lá qual for.
Um livro de memórias poderia ser chato? Com certeza. Mas este não é.
Winterson usa metáforas, leva você a uma viagem em seus pensamentos, e tudo acontece de forma tão fluida, que você não sente o tempo. Para quê o tempo? Você não precisa dele. Você tem tempo.
Ela tem humor, muito humor, e ele singular e trágico, e será muito natural rir e se sentir tocado ao mesmo tempo.
Você pode até escolher ler como um romance, se quiser, mas para apreciá-lo com se deve, veja este livro como mais que um romance, e mais que um livro de memórias.
Ele é Jeanette Winterson se despindo para você.