Psychobooks 21/07/2014
Há 20 anos o cantor Kurt Cobain cometeu suicídio e foi encontrado na estufa de sua casa em Seatle, o mundo perdeu uma grande personalidade do rock e o Nirvana sua voz.
Charles Cross - autor da biografia de Kurt Cobain 'Mais pesado que o céu' -, escolheu abril de 2014 para lançar sua nova obra, uma análise sobre a influência de Cobain em várias áreas, não apenas na música. Logo 'Kurt Cobain: a construção do mito' não é uma biografia.
“Meu objetivo nestas páginas será examinar como, em longo prazo, a obra e a vida de Kurt afetaram a música, a moda, o papel dos gêneros, o modo como lidamos com o suicídio e o vício em drogas, o modo como a sua cidade natal vê a si mesma e o próprio papel de Seattle na cultura."
Pág. 17
O autor abre o livro dizendo como foi sua experiência ao receber a notícia do suicídio de Kurt, relembra momentos do Nirvana antes da fama e quatro anos após sua formação quando Nivermind estourou em vendas. Cross nos conta como foi a sensação ao ouvir Nivermind pela primeira vez, em uma fita cassete pirata, dentro do seu carro em um estacionamento.
Nos capítulos seguintes, com uma escrita ágil e direta, o autor relata o impacto do álbum Nivermind na música, os artistas passaram a ter mais independência criativa, o que antes era decidido pelos altos escalões da gravadora agora passam a ser decisões dos próprios artistas.
Um capítulo muito interessante conta como a mídia fez um estardalhaço sobre o movimento grunge que estaria surgindo em Seatle, inclusive com o relato de uma entrevista para o The New York Times onde o entrevistado inventou alguns termos que estariam sendo usados, mas tudo não passava de uma grande mentira.
Mesmo sem querer, a música 'Smells Like Teen Spirit' impulsionou as vendas do desodorante 'Teen Spirit' que Kurt nem sabia da existência antes de lançar sua música. Suas roupas rasgadas, camisas de flanela e converse influenciaram o mundo da moda. Kurt as usava por serem baratas, ele não tinha dinheiro para comprar roupas novas e usava as suas até acabarem. Seu estilo foi parar nas principais passarelas e casacos que antes custavam U$50 passam pelas mãos de estilistas famosos e custam U$600.
O autor ainda conta como é a relação da cidade natal - Aberdeen -, com a fama do cantor que compôs várias canções inspiradas no local. Muitos moradores da cidadezinha relutam em fazer uma homenagem oficial ao Kurt Cobain pelo tipo de vida que ele levava, uso de drogas, circunstâncias de sua morte, mas principalmente, por Kurt ter falado tão mal da cidade e seus habitantes 'caipiras'.
Kurt era contra a homofobia, racismo e qualquer tipo de opressão, ele fez discursos fervorosos contra o estupro e diz ter ficado arrasado ao saber que dois homens usaram sua música 'Rape Me' enquanto estupravam uma garota.
Antes de finalizar o livro, o autor fala um pouco sobre o suicídio, um estudo foi realizado logo após a morte de Kurt Cobain e constatou que a taxa no número de suicídios no país não aumentou, o contrário do que se observa em casos de suicídios de outras celebridades. Muitos músicos admitem terem tomado um 'susto' com a morte de Kurt e ido procurar ajuda contra o vício de drogas.
(...)"Os resultados foram o que chamamos de 'efeito proativo não variante'", diz Jobes, explicando que a atenção despertada e as circunstâncias da morte de Kurt podem ter na verdade encorajado as pessoas a buscarem ajuda. (...)"
Pág. 143
Leitura mais que recomendada, principalmente para quem gosta de rock e Kurt Cobain.
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