Ivy (De repente, no último livro) 14/03/2020
Resenha do blog "De repente no último livro..."
Apesar de White Hot Kiss ter sido uma leitura rápida, leve e fresca, inclusive chegando a me surpreender em seu desenvolvimento da parte sobrenatural, encontrei também uma porção de clichês que parecem se repetir nas séries fantásticas da Armentrout. Alguns clichês que me deixam saturadíssima.
Temos a protagonista que parece ser tão normalzinha e nem representa perigo algum, e então, do nada, se torna o centro de todo o universo, a mais especial de todas as criaturas, disputada a ferro e fogo obviamente por dois monumentos. Sim, porque não basta ser um mocinho gente boa e bonitinho, tem que ser um deus grego, com barriga tanquinho, rosto de capa de revista, daqueles que fazem todas as mulheres ao redor babar...
E, como você já sabe, tem que ter DOIS interesses amorosos: o bonzinho, irmão de criação, ombro amigo de todas as horas e o rival: misterioso, sarcástico e cheio de humores.
Esse triângulo típico onde um é o bom moço, o outro um bad boy e a mocinha é o patinho que se descobre cisne já se tornou repetitivo demais na literatura juvenil, e como se não bastasse Armentrout basicamente nos apresenta um instalove ainda mais típico. Sim, porque basta a mocinha e o bad boy apenas se olharem pra ocorrer aquele impacto nível nuclear.
Isso matou muitos diálogos, que inclusive chegavam a se tornar absurdos. Imagina fugir de um apocalipse zumbi e no meio disso parar pra admirar os bíceps do amado. Ou fugir de uma horda assassina de demonios e ainda ter tempo pra se beijar intensamente em algum beco escuro_ Acreditem ou não temos situações desse nível e foi tremendamente surreal e enjoativo.
O bom é que nem tudo é romance. Temos uma parte sobrenatural bem desenvolvida, que fez a história ganhar alguns pontos pra mim.
Embora eu não goste e praticamente nunca leia livros sobre demônios, achei que Armentrout soube transformar sua trama em uma história atraente para o leitor, pois ela usa e abusa de vários elementos que, mesmo que não fossem novos, ficam bons na sua narrativa.
Achei apenas estranho os heróis da vez serem gárgulas. É original com certeza, mas para o leitor é dificil visualizar gárgolas como grandes heróis e gárgolas que se transformam em humanos lindíssimos (porque todo mundo é beldade aqui). Era um pouco grotesco ver a protagonista narrando como os dois mocinhos se transformavam em um grande demônio e em uma grande gárgola respectivamente e, pasmem, ela achava tão lindo! Sei lá, achei raro, sabe quando a idéia não cola_ Pois é, a idéia de gárgolas ultra hot não colou pra mim (tampoco demônios).
O ponto mais positivo é com certeza a narrativa da Armentrout. Falem o que quiserem, ela sabe escrever um livro e prender a gente, mesmo que a história tenha suas falhas. Armentrout escreve diálogos cheios de sarcasmo e ironia, que transmitem leveza e jovialidade, ela é perfeita escrevendo juvenil justamente porque sabe criar personagens adolescentes com suma naturalidade, sem torná-los caricatos ou forçados demais, embora o excesso de hormônios da protagonista (ora babando em um, ora fantasiando com outro), irrita até o infinito.
O final foi mega trágico, aquele final esperado em livros da autora, quando ela parece segurar todo o suspense e todo o drama para as últimas páginas e de repente derrama tudo na cabeça do leitor de uma vez, transformando os últimos capítulos em uma montanha russa de reviravolta e ação.
Apesar dos detalhes positivos que encontrei em White Hot Kiss, não senti aquela vontade insuportável de seguir lendo a série e acompanhar Layla e seus amores, aliados e inimigos até o final de suas jornadas. Diria que é um princípio de trilogia muito bom, mas que por vezes cai numa abordagem juvenil demais, insistindo em muitos clichês que me desanimaram durante a leitura.
site: www.derepentenoultimolivro.com