Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais

Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais La Rochefoucauld
François de La Rochefoucauld




Resenhas - Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais


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vitor nespolo 16/05/2021

Um bom livros de se ler de vez em quanto, e parar para pensar sobre as frases ali escritas.
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Breno.Franco 14/09/2023

Um livro sobre a psicologia da ação humana
As Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais do duque de La Rochefoucauld não são só uma coleção de observações pontuais sobre o ser humano. Tomadas em conjunto, elas expressam uma certa visão geral da psicologia humana cuja unidade uma leitura casual não é capaz de revelar.

A pergunta central que La Rochefoucauld se colocava, e que é respondida de uma maneira ou de outra na maior parte desses aforismos, é a seguinte: “Por que as pessoas agem como agem? Quais os fatores que explicam a ação humana?”

A resposta que La Rochefoucauld elaborou foca nos fatores menos palpáveis e também menos respeitáveis da ação humana. Na sua visão, as explicações usuais da ação humana são, no mais das vezes, excessivamente superficiais e não penetram nos mecanismos reais da ação, tendendo a superestimar o papel do caráter, das virtudes, dos projetos e das motivações desinteressadas.

Um tema central da obra é que a ação humana é geralmente motivada pelo interesse próprio (“amor próprio” ou simplesmente “interesse”, no vocabulário do autor). La Rochefoucauld não parece tomar a ação desinteressada — isto é, altruísta, motivada pelo interesse alheio ou pelo menos não motivada pelo interesse próprio — como impossível, apenas como rara (cf. §481). A maioria das máximas que parecem expressar a posição mais forte de que ela é impossível estão entre as máximas que foram suprimidas pelo autor nas edições sucessivas. Contudo, mesmo entre as máximas preservadas na edição final, há algumas em que ele parece endossar essa posição mais forte de que a ação desinteressada é impossível (cf. §81).

Uma implicação disso é que muitas das ações que tomamos como “virtuosas” não o são verdadeiramente. La Rochefoucauld dedica dezenas de aforismos a “desmascarar” as falsas virtudes, isto é, a mostrar o interesse e o amor-próprio, ou então as paixões, os humores e a fortuna, como os verdadeiros fatores explicativos por trás de ações supostamente virtuosas. A obra inteira pode ser entendida como uma glosa do mote dado já na epígrafe: “Nossas virtudes não são, no mais das vezes, mais que vícios disfarçados”.

Outro tema importante no pensamento de La Rochefoucauld, ao qual já fiz uma breve menção no que foi dito, é que, além do amor-próprio ou do interesse, também as paixões, o humor, o temperamento, a disposição do corpo, as ocasiões e mesmo a mera fortuna são poderosos fatores explicativos da ação. Contudo, todos esses fatores são, num sentido bem relevante, externos e alheios ao indivíduo. As paixões e o humor dependem crucialmente do temperamento, da disposição do corpo e das ocasiões, mas aqueles dois nos vêm de nascença, e estas estão sujeitas aos caprichos da fortuna. Em outras palavras, a maioria dos fatores explicativos da ação estão fora do controle do indivíduo. La Rochefoucauld chega a sugerir que vivemos sob o “império secreto” dos humores do corpo (cf. §297), e afirma categoricamente que “a fortuna e o humor governam o mundo” (cf. §435).

Na visão do velho duque, o ser humano é como uma folha voltejando no ar ao sabor do vento. É verdade que sua trajetória exata não seria a mesma, não fossem a sua figura, seu peso, seu tamanho; ela não está inteiramente submetida ao que lhe é alheio. Mas, descontado isso, tudo o mais se deve a fatores externos e fortuitos. Igualmente, o curso de ação de uma pessoa no decorrer da vida se deve em parte a fatores internos a ela, àquilo que no fundo ela é: seu caráter, sua personalidade, seus desejos e seus projetos. Mas, na maior parte, sua ação no decurso da vida se deve a fatores externos: desde a disposição do corpo, o temperamento, os humores e as paixões, até as ocasiões externas e a mera fortuna.

Isso quanto à visão geral da ação humana que essas máximas, tomadas em conjunto, expresssam. Mas muitas delas são independentes desse tema geral, trazendo observações bastante perspicazes, ou pelo menos bastante instigantes, sobre as mais diversas facetas da ação e da vida humana.

As Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais são um livrinho pequeno, e as máximas são quase todas muito claras e agradáveis. É tentador sentar e lê-lo de um só fôlego. Mas não me parece que assim se possa tirar muito proveito da leitura; além do mais, uma leitura contínua pode ser bastante cansativa e enfadonha (afinal, são quase 700 máximas, incluindo as suprimidas e descartadas).
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Luiz Carlos 22/10/2022

Aurora do espírito burguês e capitalista
As máximas sobre o interesse e o amor-próprio são revolucionárias se o leitor entende o contexto histórico e cultural em que La Rochefoucauld está escrevendo. Lidas hoje sequer chamam nossa atenção pela banalidade que se tornaram, infelizmente.
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