Fedra / Ester / Atália

Fedra / Ester / Atália Racine




Resenhas - Fedra / Ester / Atália


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Paulo 04/07/2022

Teatro poético

A tradução de Jenny Klabin Segall mantém a musicalidade rimada do francês e confirma a poesia sutil ou feroz do verso raciano.
Para Carpeaux, Racine é o poeta mais perfeito da língua francesa.
Segue breve resumo da peça Fedra e sua resenha.
Teseu, rei de Atenas, está desaparecido há seis meses e é dado como morto. Fedra, sua mulher, decide declarar sua paixão por seu enteado Hipólito. Hipólito, porém, amava Arícia e rejeita o amor de Fedra. Teseu não havia morrido e retorna ao lar. Oenone, aia e confidente de Fedra, acusa falsamente Hipólito de ter assediado Fedra na ausência do Rei. Teseu fica furioso e pede que Netuno mate seu próprio filho Hipólito. Após conversar com Arícia, Teseu fica em dúvida sobre a veracidade da história e a lealdade do filho, mas já era tarde: Hipólito havia falecido em um acidente causado por Netuno. Oenone se suicida. Fedra ingere um veneno mortal e, antes de morrer, revela a inocência de Hipólito a Teseu. No final, Teseu aceita Arícia (que iria se casar com Hipólito) como filha.
Ao ler os principais acontecimentos da peça, percebe-se que o enredo é bem mais dinâmico do que o das tragédias gregas. Há muitos fatos se sucedendo rapidamente, o que prende a atenção do espectador e torna a narrativa eletrizante. Essa característica torna a obra mais interessante para o público contemporâneo, acostumado com a ação incessante das produções cinematográficas americanas.
A peça tem um caráter político-didático de ensinar a virtude da prudência aos estadistas: é sempre de bom alvitre ouvir ambas as partes de uma disputa, possibilitando o contraditório, antes de tomar decisões importantes. Teseu, como político, deveria ter ouvido as partes envolvidas antes de tomar sua decisão e pedir aos deuses a morte de seu próprio filho Hipólito.
Do ponto de vista filosófico, é possível realizar uma interpretação simbólica dos acontecimentos da peça. Nesse diapasão, Teseu representa o Espírito, Fedra o desejo ilegítimo (o amor incestuoso por Hipólito) e Arícia o desejo legítimo (o amor entre ela e Hipólito). Na ausência do Espírito (Teseu), os desejos materiais carnais afloram (representam a Terra, a matéria), causando uma ruptura da ordem cósmica. Com o retorno do Espírito, a ordem precisa ser restabelecida, o que se faz com o sacrifício do mais inocente (Hipólito) como bode expiatório. Nesse processo, o desejo ilegítimo é derrotado (representado pela morte de Fedra) e o desejo legítimo sobressai (Teseu aceita Arícia como filha).
Dividida em cinco atos, Racine constrói magistralmente sua versão da história de Hipólito, seu pai Teseu e sua madrasta Fedra a partir da tragédia clássica “Hipólito”, de Eurípides (428 a.C.). Sêneca também escreveu essa peça.
Eu gostei mais de ler as comédias de Molière mas me surpreendi com essa incrível versão de uma tragédia grega escrita há mais de 2000 anos. Ainda não li as peças Ester e Atália, que também integram o livro.
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Mario Miranda 05/06/2019

Racine é um dos maiores nomes do Teatro Francês. De uma geração subsequente a de Shakespeare, Racine escreveu 12 peças teatrais entre os anos de 1664 e 1691. Contemporâneo de Molière, outro dramaturgo cujas publicações versavam majoritariamente sobre sátiras a sociedade contemporânea, Jean Racine possuía como temas centras o período grego-clássico bem como passagens bíblicas.

Fedra, Ester e Atália foram as três últimas peças escritas por Racine. Fedra, uma tragédia grega clássica, narra a história da reação de Teseu, que após ser dado como morto em guerra, retorna a sua casa e encontra um complô envolvendo sua esposa, Fedra e Hipólito, seu filho. Fedra, apaixonada por Hipólito, se declara a este tão logo toma conhecimento do falecimento de seu marido. Com o retorno de Teseu, ela culpa Hipólito por tentar seduzi-la. A tragédia, apesar de uma história distinta de Édipo-Rei, tem um transcurso bem similar.

Ester e Atália são duas narrativas bíblicas, a primeira sobre a Rainha Ester e seus atos que culminaram com a salvação e libertação do povo hebreu. Casada com o Rei Persa Assuero (Xerxes I), que desconhece a origem judia de sua esposa, atua junto a seu marido para evitar a punição desejada por Haman, que decide exterminar o povo Judeu após um Hebreu, Mordechai, não se curvar diante dele. Esta narrativa é comemorada pelo povo hebreu na festa de Purim.

Atalia, também uma narrativa baseada no Antigo Testamento, é uma obra que traz a defesa do Templo de Jerusalém realizada por Joad e Joas contra o paganismo - Adoração a Baal - proposto por Atalia. É uma peça mais longa que as demais, sendo por vezes de lenta evolução, e que sofreu diversas críticas à época de sua publicação, principalmente pela execução da mesma ter sido realizada não por um grupo teatral de renome, mas por pensionistas de uma instituição de caridade.



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