spoiler visualizarSoan 26/06/2020
Achei válido e recomendo.
“Dar e Receber” é um livro categorizado por aqui como auto-ajuda. Não sei se esta é a melhor classificação para a obra, tendo em vista que ela encontra sustento para as suas teses em diversos estudos e experimentos do âmbito da psicologia. O próprio autor do livro é um renomado psicólogo norte americano.
Dá pra dizer que o livro tem uma proposta majoritariamente descritiva. Busca revelar, corroborado por uma série de experimentos, como um conjunto de ações, deliberações, escolhas, relações pautadas num viés doador é muito mais substantivo, engajador, recompensador para quem adota a premissa de ser um doador genuíno.
Nesse sentido, o autor diferencia o perfil doador dos perfis compensador e tomador. Como os próprios nomes sugerem, ser compensador consiste em agir pautado na ideia de troca, na compensação proporcional de médio e curto prazo diante de todo esforço investido em favor do outro. O tomador, por sua vez, é aquele que se relaciona tendo como norte fundante de seu agir a ideia de obter o máximo possível do que o outro tem a oferecer, retribuindo apenas com o necessário para maximizar a satisfação dos próprios interessantes. O doador é aquele que estabelece como metas e objetivos próprios também o atendimento do interesse alheio. É aquele para quem inexiste satisfação em obter algum proveito em prejuízo de terceiro ou condicionar a possibilidade de se doar a uma causa alheia apenas diante da potencialidade ganhos, retornos.
Em boa parte da obra, o Autor trata de diversas situações da vida com ilustrações de casos reais, especialmente no âmbito do mercado trabalho, do empreendedorismo, demonstrando como cada perfil busca estabelecer suas relações e as consequências alcançadas por cada um.
Fica claro para o Autor que o perfil doador tem mais vantagens, algumas delas são:
a) tem melhores e maiores recomensas, pois consegue maior engajamento das pessoas ao seu redor, reconhecimento, gratidão etc, em que pese estes não constituam a motivação principal da doação;
b) melhor capacidade para construir redes de relacionamentos (network);
c) tem um efeito propagador enorme naqueles que receberam a doação ou a acompanhou, fazendo germinar nas pessoas a importância de se debruçar sobre as necessidades alheias;
d) permite maior sensibilidade para reconhecer talentos, pessoas com grande potencial para desenvolver determinada atividade, na medida em que não vislumbra o outro como mero adversário ou concorrente;
e) aprimora a capacidade comunicativa, desenvolvendo o que o autor chama de comunicação não autoritária, algo muito próximo do que é desenvolvido na Comunicação Não-Violenta, decorrente de um olhar genuinamente empático;
f) além de permitir alcançar uma maior motivação, uma oxigenação constante para desenvolver trabalhos desafiadores, vez que o doador consegue perceber com maior clareza o impacto das próprias ações na vida de outras pessoas.
No entanto, o Autor faz uma importante ressalva: ser doador pode maximizar suas potencialidades, mas também pode te afundar. Em justificativa, ele diferencia o doador altruísta do alterista. O altruísta é aquele com pouca preocupação com os interesses próprios e alta preocupação em face dos interesses alheios. O alterista é aquele que tem elevada preocupação com os interesses próprios e alheios em equilíbrio, de modo que a sua doação ao outro não impede, nem o desvia dos próprios objetivos e metas. A doação altruísta, “na falta de instintos de autopreservação, facilmente se torna assoberbante”.
No último capítulo, é apresentado uma série de recomendações para desenvolvimento de um perfil doador. Há dicas de sites com testes que permitem identificar o perfil do interessado entre outras de ordem prática que podem ser incorporadas no ambiente de trabalho, familiar e social de um modo geral.
É uma obra que eu gostei de leitura. Acho que me acresceu algumas coisas e me permitiu alguns insights interessantes. Recomendo.