Camila Biel 03/01/2022
Na minha estante tem... O Rei de Amarelo.
O Rei de Amarelo - Robert W. Chambers.
Camilla: O senhor deveria tirar a máscara.
Desconhecido: deveras?
Cassilda: De fato, é hora. Todos colocamos de lado nossos disfarces, exceto o senhor.
Desconhecido: Não uso nenhuma máscara.
Camilla: (Apavorada ao lado de Cassilda.) Nenhuma máscara? Nenhuma máscara!
O REI DE AMARELO, Ato I, Cena 2.
Trecho do conto A Máscara, p.65
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Sabe quando tem um filme que está passando em todas as salas de cinema, todo mundo está falando sobre e você acaba indo com uma expectativa gigantesca, compra um baldão de pipoca, se acomoda no melhor lugar que conseguiu encontrar na sala do cinema e, quando o filme acaba você pensa “ué… mas… e agora?”. Não é que o filme não seja bom, ele realmente é! Mas como todo mundo só falava nisso, como estava na lista de melhores do ano e ainda sendo citado em outros lugares a sua ideia era a de que, quando os créditos subissem, sua cabeça explodiria, que ficaria sem ar, que você ficaria atordoado. Não foi isso que aconteceu, você apenas achou o filme bom.
Esse foi exatamente o sentimento que tive lendo O Rei de Amarelo de Chambers. Conheci o livro através de um canal literário anos e anos atrás e fiquei bem curiosa, afinal, temos aqui uma fã de Poe. Mas não li o livro na época, apenas deixei na listinha. Mais e mais pessoas começaram a falar sobre a obra, descobri que era por causa de um seriado (não sei, acho que era True Detective). Mais alguns anos se passaram, conheci uma pessoa que fazia miniaturas para jogos de rpg (ele era muito bom nisso) e um dos personagens que ele criou foi baseado justamente em O Rei de Amarelo (ele sempre mencionava a obra). Enfim chegou o grande dia e, eu, com todas as expectativas do mundo em minhas mãos (o livro), comecei a minha leitura.
Primeiro, achei a introdução um pouco… fantasiosa demais? Da mesma forma que falei que o livro chegou para mim em vários momentos da vida, Elias Sousa também o faz, mas como se fosse alguma coisa mágica, uma força vinda diretamente de Carcosa para que ele entrasse em contato com o livro. No meu caso, foi só o seriado que deu o hype na obra e fez com que todos voltassem a falar sobre. E que bom, pois realmente O Rei de Amarelo é muito bom.
A história de O Rei de Amarelo é desconhecida. Só nos é revelado que a peça é amaldiçoada, seus leitores enlouquecem e que os atores que a interpretaram morreram logo em seguida. Não ter a peça completa é a grande sacada do autor, porque fica na nossa imaginação o que pode ser tão horrível, tão assustador que ninguém conseguiu escapar d’O Rei de Amarelo. Os contos giram em torno dessas pessoas que tiveram contato com a obra de alguma forma.
A edição que li foi a da editora Clock Tower e, além dos contos O Reparador de Reputações, A Máscara e No Átrio do Dragão de Chambers, meu conto favorito dos quatro, (todos contendo a mitologia da peça amaldiçoada de alguma forma), também conta com os contos Um Habitante de Carcosa e Haïta de Ambrose Bierce, A Máscara da Morte Rubra de Edgar Allan Poe (insira aqui um coração) e Carcassonne, um poema de Gustave Nadaud que formam extras incríveis que mostram um pouco das influências de Chambers.
No geral o livro é muito bom, as histórias são muito bem escritas, deixam o ar de mistério e, em algumas cenas, fica-se até com aquele arrepio na espinha. Não foi o livro de contos de horror que mais gostei de ler na vida, mas com certeza O Rei de Amarelo vale muito a pena ser lido!
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