Lethycia Dias 23/11/2022Desperdício de tempoEsse livro me foi apresentado como um clássico do terror, que supostamente teria influenciado vários autores influentes nos gêneros de terror e fantasia. Lembro de ter comprado influenciada por isso, mas a leitura me fez questionar todos os elogios a esse livro que eu já tinha visto, inclusive os blurbs da capa. Pra começar pelo fato de que a suposta "influência" do autor das obras de escritores que vieram depois é sustentada apenas por referências pontuais, como nomes de personagens e menções a lugares que são citados nesse livro, e que supostamente também são citações misteriosas de outras obras. Falarei sobre isso mais abaixo.
Uma boa parte dos contos desse livro é protagonizada por jovens artistas, o que a princípio pode parecer que constitui uma unidade temática, mas me pareceu apenas um recurso preguiçoso e pouco criativo. Várias das histórias contém cenas compostas pelo protagonista pintando ou mostrando sua obra para alguém, e várias vezes, durante a leitura, eu tive a impressão de estar relendo a mesma história.
O título "O rei de amarelo" se refere a um livro fictício criado para o universo narrativo do autor, que supostamente seria o responsável por despertar maldade e desgraças, trazendo coisas ruins para a vida de quem o lê. Isso por si só já me deixava muito curiosa, mas assim como no caso da profissão dos personagens, foi usado de forma preguiçosa. O livro é citado em várias das histórias como uma coisa terrível, uma peça odiosa com a qual seus personagens nunca deveriam ter tido contato, mas em nenhum momento se diz o que os personagens leram nesse livro ou por que isso é tão ruim e nem de que forma causou coisas tão horríveis nas vidas deles - e nem sabemos que coisas horríveis foram essas. Depois de duas repetições, disso, eu já estava cansada.
O livro é repleto de menções a nomes e lugares cuja compreensão escapa ao leitor e, segundo as notas de rodapé, poderiam ser referências a outros livros e textos, às quais se pode atribuir um ou outro significado que serviria como chave interpretativa para as histórias. Li as notas com atenção a cada menção de tais nomes, mas mesmo assim, ficava difícil atribuir os significados sugeridos. A ideia de funcionar como um quebra-cabeça que o leitor deveria decifrar aos poucos através de referências incompreensíveis pra qualquer pessoa que não tenha vivido no mesmo tempo que o autor e nem conhecido as mesmas pessoas que ele e consumido as mesmas obras que ele (nem todas elas sobrevivem como clássicos) ai ficando cada vez mais mal executada com o passar das páginas. Depois de chegar à metade do livro, eu já não via como uma coletânea de contos complexos e misteriosos, mas sim um conjunto histórias sem ritmo ou lógica e sem nenhum atrativo para conquistar a curiosidade ou a simpatia do leitor, com uma infinita repetição de nomes. Sim, porque além das referências misteriosas, o livro também repete nomes de personagens. Vários dos contos, embora se passem em lugares e tempos diferentes, têm personagens com os mesmos nomes, e as notas sugerem que podem ser as mesmas pessoas em diferentes fases da vida ou "diferentes universos". Ridículo. Era só preguiça mesmo.
Larguei esse livro em pouco mais de 60% e digo que foi uma perda de tempo. Nem sequer deveria ser considerado relevante.
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