umbookaholic 31/05/2017Um livro que vai muito além do romance!No começo desse ano [2017], a autora Tatiane Durães entrou em contato comigo, pra saber se eu tinha interesse em ler o livro dela e depois vir comentar sobre ele aqui, pra vocês. E, claro, fiquei muito feliz com o contato e aceitei a parceria! :)
Eu acompanho a Tati desde meados de 2014, antes d'ela chegar na casa editorial que está agora - Editora Arwen. Sempre tive muita curiosidade pra ler essa história, mesmo sendo um "romance". Agora que tive a oportunidade de pegá-lo pra ler, decidi contar pra vocês como foi a minha experiência de leitura.
Deixo aqui meus parabéns e minha admiração pela capista, a Marina Ávila. Acompanho o trabalho dela há um tempo, também, e ela é simplesmente incrível! A capa, a quarta capa, as orelhas; tá tudo lindo! \o/
Vamos, antes de mais nada, comentar sobre a sinopse do livro. Eu, depois de ler esse livro, passei a não gostar nem um pouco dela. Essa sinopse vende um livro pros fãs de Crepúsculo (não levem isso como um ataque, já que também adoro a saga da Meyer. :D); um romance onde uma garota ingênua se vê apaixonada por um elfo que é irresistível e tudo mais. NÃO! As Faces da Luz é um livro de fantasia com foco em construção de mundo e desenvolvimento de personagens. Uma jornada épica por um mundo repleto de magia e seres fantásticos. Vocês, fãs de romance, vão encontrar romance aqui, mas a Tati foca no mundo e na trama. O que, diga-se de passagem, foi um truque de mestre.
Essa sinopse, apesar de ter chamado a minha atenção, não é muito legal. Aos meus olhos ela não é atrativa, já que não suporto romances. Logo, minhas expectativas estavam em 60%. Adivinhem a minha surpresa ao começar a ler e descobrir que Arcantatys - nome do mundo criado pela autora - é habitado por elfos, dragões, fadas, lobisomens (o melhor núcleo de todooos!) e criaturas sombrias! O livro não deixa nada a desejar, se comparado com sagas gringas de fantasia, meus caros.
Fã de GRRM e Tolkien, sou acostumado com narrações descritivas, onde o autor te conta até a textura das coisas mais simples. A narrativa da Tatiana é intuitiva e ousada; sempre direto ao ponto, ela narra a história com maestria, prendendo o leitor e o surpreendo a cada novo parágrafo. Recebi o livro numa tarde de sábado e, na noite do mesmo dia, eu já estava chegando na página 150. Isso foi fundamental pra que eu ficasse mais imerso na história. O tempo todo eu estava preocupado com os personagens, com aquela aldeiazinha e com todo o reino. A autora não se prende a descrições detalhadas; ela te dá uma base - que é mais que suficiente - do que você precisa saber pra se situar e se ambientar melhor naquela cena. Ela descreve muito mais a mente e as emoções dos personagens do que o lugar em si. Ponto pra Tati.
Os personagens são muito legais, embora alguns sejam bem estereotipados e se pareçam com personagens de outros livros. Apesar disso, todos eles são tridimensionais, com sua própria a história. A gente consegue ver os dilemas de cada um deles e como o passado deles consegue influenciar em suas decisões de hoje em dia.
Um personagem em específico, o Ariosto, é incrível! Ele é irritantemente parecido com o Jacob - saga Crepúsculo -, mas é muito original ao mesmo tempo. Lá pra página 200, de alguma maneira a gente entra num dos clãs de lobisomens e MEU DEUS! Toda a mitologia em volta deles, a névoa de incerteza que ronda cada um daqueles personagem é incrível! Sem sombra de dúvidas esse é meu núcleo favorito da história, porque a autora soube apresentar, explorar e desenvolver tudo aquilo muito bem! Espero muito que a gente possa ler mais sobre eles nos próximos livros da série. E, claro, o Ariosto é meu personagem predileto. ❤
Vamos falar sobre a edição do livro? Acompanho a editora Arwen há bastante tempo e gosto muito do trabalho que eles vêm fazendo. Eles só publicam autores nacionais e têm feito isso de maneira incrível, trazendo edições lindíssimas!
A arte do mapa é bem legal! Mas achei uma coisa meio estranha... Arcantatys não tem mar? Acho que conforme a saga for avançando, o mapa vai se expandindo. Espero que seja isso! 😜
Uma coisa que me incomodou durante a leitura foi a revisão. Falta vírgula no vocativo, troca de mal por mau, troca de vírgula por ponto final e outras coisas. Ao olhar na ficha catalográfica, pude ver que o livro foi, sim, revisado. Acho que eles poderiam ter tido um pouco mais de cuidado com isso. :(
A esmagadora maioria do livro é narrado pela Tayara, mas, de vez em quando, temos capítulos narrados por outros personagens. Nesse livro, pelo menos, temos uns cinco ou seis capítulos narrados pelo Rei Cedric, que é o rei de Haesbaert. Na página 171, temos o início do capítulo 14 chamado Aodh. Logo abaixo do nome do capítulo, a gente tem o nome de quem vai narrar; no caso, está escrito "por Tayara", logo, li todo o capítulo na voz da Tayara. Imagine como fiquei surpreso ao descobrir que esse capítulo, na verdade, é narrado pelo Rei Cedric! Precisei reler todo o capítulo por causa desse errinho. Mas tudo bem, depois da releitura tudo ficou mais claro e sobrevivi. 😝
No final do livro a gente pode conferir um glossário com vários dos feitiços que a Tayara usa durante o livro. Achei isso bem legal, por que eu sempre ia lá, pra ficar consultando e tudo mais. Boa parte dos feitiços vem do latim... interessante!
Um dos pontos mais interessantes desse livro é a personagem principal. Tayara, diferentemente da maioria, não é uma adolescente de 16/17 anos. Ela já tem 21 anos e se conhece muito bem. Ela é capaz de se sentir atraída por um cara e não ser apaixonada por ela ao mesmo tempo. Ela não é cheia de mimimi! Tayara é forte e muito decidida. Ela vai atrás daquilo que acredita ser certo e, mesmo com seu passado misterioso, ela não muda seus valores.
Amei a mitologia e o universo criado pela autora. Achei genial, a forma como ela distribuiu reinos por toda Arcantatys e os desenvolveu. Cada reino tem sua própria cultura, seus próprios costumes. Isso foi muuuito legal! *-*
O livro tem uma parte bem sombria, que é o passado da nossa protagonista. Tayara é, supostamente, a reencarnação de Agatha, a pior bruxa que já existiu. Isso, somado ao fato d'a protagonista chorar lágrimas de sangue, deu um lado muito creepy pra história e, claro, fez com que tudo ficasse mais legal.
E pra encerrar a resenha: Não gostei do Aodh. Ele é um mané.
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