Naty__ 19/04/2021Quem é Sheldon Cooper? Para quem é fã da série “The Big Bang Theory” sabe muito bem quem é esse jovem cientista que chega a ser comparado com Einstein, com alguns diferenciais, claro.
Todos que viram a série com certeza o rotularam de chato e estranho. Mas será realmente que ele é estranho? Alguns comportamentos dele são diferentes, realmente. Porém, Sheldon tem o título de “estranho” por dizer coisas que muitos de nós não falamos por educação, seja para um amigo ou para um desconhecido. Não há papas na língua. Cooper não vê motivos para esconder a verdade. Aliás, ele não consegue mentir e nem esconder um segredo.
“Sheldon se sente muito desconfortável com a mentira porque não entende a necessidade social de mentir aos demais. […] Procuramos desculpas, não falamos exatamente o que pensamos, contamos meias verdades, dizemos o que os outros querem ouvir e poderíamos seguir com uma longa lista. Essas artimanhas artificiais escapam completamente da lógica de Sheldon, que, por fazer o correto, fica preso em situações nas quais não deseja estar” (p. 40-41).
Ler “Bazinga” é relembrar essa incrível série, relembrar diálogos e momentos que nos fizeram rir. É tentar entrar num universo que Toni de la Torre nos apresenta: a mente de Sheldon. O escritor não apenas cita frases famosas dos personagens, mas nos traz um guia para tentarmos entender. Calma! Não é enfadonho, não é forçado. É um dos livros mais deliciosos que já li. Em quase todas as páginas usei post-its e usei marca-texto do início ao fim. Não tenham dó, você vai ler e vai querer fazer isso para registrar cada momento.
O livro é dividido em cinco partes. Logo na primeira temos o “toc, toc, toc”. Sim, são três para fazer referência às batidas que Sheldon dá na porta de qualquer um, em particular da Penny. Falando nela, Penny é a garota atraente que saía com os rapazes musculosos no colégio, que foi morar no apartamento em frente ao do Sheldon e Leonard. Ela não tem nenhum diploma como os outros, possui um emprego num restaurante como garçonete – em determinado momento a jovem cita Howard como esquisito e Cooper deixa claro: “Perdoe-me, Penny, mas nesta sala a esquisita é você”. Pode parecer que não, mas num ambiente em que se encontram Sheldon, Howard, Raj e Leonard, sem dúvidas, a diferente é ela.
“Ninguém tem o direito de dizer ao outro que ele é diferente, por um motivo simples: todos somos. E eu acrescentaria: ainda bem!” (p.14)
Não vou trazer aqui a história aqui dos cinco integrantes iniciais e nem os que aparecem depois. Quem já assistiu sabe muito bem o que acontece e, quem ainda não viu, sugiro que o faça antes de ler esse livro. Não é questão de ter spoiler, até porque o livro conta trechos dos episódios de algumas temporadas. Mas o legal do livro é você devorá-lo após assistir (e ter gostado, obviamente).
Como a obra é de 2014, não se preocupe se você não chegou na oitava temporada, já que foi lançada em setembro. Mas recomendo que tenha assistido pelo menos alguma, em ordem cronológica mesmo, para entender o que acontece – não apenas vendo um episódio ou outro. O legal é ler quem tem familiaridade com os personagens.
Pra mim, foi uma experiência positiva, tanto porque gosto da série, e já assisti três vezes, quanto por gostar muito do Sheldon e adorar o seu jeito doido, engraçado e diferente.
Se você gosta da série, leia! Sério!
Abaixo deixarei algumas citações:
“Em uma ocasião, na qual Penny diz que seus hobbies são patéticos, Leonard decide enfiar todo os seus bonecos e brinquedos em uma caixa e livrar-se deles. Teoricamente, trata-se de amadurecer. Mas desde quando amadurecer é deixar de fazer coisas de que gostamos?” (p.15-16).
“Mas como é que estar deprimido e com a cabeça afundada no sofá pode ajudar a resolver um problema? A atitude de Sheldon, embora aparente frieza, é muito mais positiva, porque ele não afunda com o problema, mas busca sua solução” (p.20).
“Sheldon sempre segue as normas de segurança, mesmo que às vezes isso faça o resto do mundo achar que ele está louco. Por exemplo, quando leva o próprio cinto de segurança no ônibus. Sim, ninguém anda com cinto de segurança no ônibus e ninguém traz um de casa. Mas existe algum motivo para que nos ônibus não haja cinto de segurança como nos carros? Afinal, ambos são veículos em movimento. Por acaso, os ônibus não podem sofrer acidentes? Por acaso os passageiros não estariam mais seguros com um cinto, em caso de acidente? Será que não vimos em numerosas ocasiões passageiros que tropeçam e caem no meio do ônibus? Sheldon apenas utiliza a lógica. É o resto do mundo que age de forma totalmente irracional” (p.28).
“Se Sheldon pudesse, obrigaria todo mundo a se expressar de forma literal e concisa, melhorando a eficiência de muitas conversas. E ele tem razão. Quantas discussões começaram porque alguém não expressou com clareza o que queria dizer? Quantas brigas tiveram início com uma ironia que não foi interpretada corretamente?” (p.36).
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2021/02/resenha-bazinga.html