tainara 20/01/2024
Eu não entendi muito bem o que a autora tentou fazer aqui.
Primeiro de tudo eu queria começar falando da Tori. Eu entendo quem leu e criou uma antipatia por ela, não é fácil lidar com alguém depressivo, eu sei que não.
Mas como uma pessoa que já esteve no lugar dela, também na adolescência, eu me vi em muitos pensamentos e em muitas falas dela. Eu realmente por muitas vezes acreditei que era um incômodo na vida de todos, que não fazia sentido nenhum estar viva, que não havia motivo algum para querer sair do quarto e viver o próximo dia. E para muitos pode soar como vitimismo, eu entendo, mas a depressão realmente te faz acreditar nessas coisas. E muitos pensam que a depressão é um sentimento de tristeza, mas não é somente isso. As vezes é simplesmente civer um dia após o outro sem sentir nada, sendo apática, não se importando. É ligar o modo automático, não falar, não reagir. Eu reconheci muito esses comportamentos na Tori e a autora foi muito certeira nisso.
O segundo ponto, é que eu gostei muito do personagem do Michael, mas eu achei ele pouquíssimo desenvolvido. O livro todo é sobre a Tori, e a Tori, e a Tori, e acaba que a gente conhece muito pouco dele. O que é um pouco decepcionante, pois a autora criou toda uma situação em torno dos problemas de raiva dele, e das competições de patinação, e acaba que no final nada disso realmente importou pra narrativa.
Eu gostei da escrita da Alice. Se eu não engano esse foi o primeiro livro que ela lançou sem ser HQ, e eu achei a escrita bem fluida, um pouco rasa em certos pontos, mas não foi um ponto que afetou minha experiência.
Eu também gostei como ela abordou questões delicadas com a sensatez e o tato necessário, a Alice sabe falar sobre saúde mental de uma forma muito sutil e verdadeira, e essa é uma qualidade que eu conhecia dela desde Heartstopper.
Agora, o que eu não gostei de verdade foi todo esse lance do blog e do acontecimento no final do livro (não vou citar pra não dar spoiler).
Parece tudo muito diferente do que a gente está habituado do universo de Heartstopper. É tudo meio sombrio, sabe? Não era exatamente a vibe que eu estava esperando.
E eu achei a explicação do blog meio rasa, pouco convincente e achei os motivos meio fúteis, eu estava esperando algo maior, mais impactante. E a cena que deveria ser o clímax do livro é confusa, não causa o apelo que deveria.
Talvez eu com 22 anos só não seja mais o público alvo da obra...
No geral eu acho sim que vale a pena ler, o enredo é legal, é divertido ao mesmo tempo que é melancólico... Apesar de tudo, foi uma experiência interessante conhecer o ponto de vista da Tori.