João Paulo 11/05/2014
Lição para toda vida
A nossa natureza procura sempre achar a palavra certa pros sentimentos, mas pela nossa própria incapacidade de pôr palavras em tudo, este é o sentimento que escolho para definir esta leitura fabulosa: estou extasiado.
Como este é o último livro da trilogia, vou falar um pouco sobre ele e terminar falando de toda trilogia cósmica assim como um pouco do que eu aprendi com Lewis.
A leitura de Uma Força Medonha é mais agradável, parte pelo fato de os capítulos serem divididos em sub-capítulos menores, parte porque temos mais personagens e eles são mais cativantes, mais tramas e mais suspense. Tudo isso facilita o trabalho do leitor e o envolve de um jeito mais direto.
Você realmente se espelha na história. Há toda uma simbologia que reflete as escolhas da vida cotidiana, ligadas à filosofia e a sociologia. As descrições minuciosas das cenas e dos pensamentos do personagens praticamente obrigam o leitor a viver na pele deles, a se ver entre suas escolhas, seus desejos e medos.
O final do livro é implacável. Acaba no jeitinho Lewis de acabar uma história. Sempre da vontade de ler mais e se pressupõe que há muito mais história pra se contar.
É fácil perceber que a Trilogia Cósmica não é um livro para iniciantes. Arrisco a dizer que um iniciante não iria de modo algum gostar da trilogia como eu gostei. Toda ela pressupõe que o autor já tenha uma certa carga literária nas costas. É uma obra densa, cheia de conflitos existencialistas e filosóficos, que a deixam ainda com mais brilho, mas que seria extremamente entediante para uma criança, por exemplo. Não é como Nárnia que tem a capacidade de encantar a todos, mas é igualmente linda quando compreendida por completo.
Agora, falando do autor: quando digo que Lewis é genial, não é porque ele dá respostas incontestáveis, mas porque ele evidencia a incapacidade de todas as coisas de serem incontestáveis.
No livro ele consegue juntar passado e presente, evidência e abstração, procura dar ao presente respostas utilizáveis ao futuro. Na obra é extremamente perspicaz, precisa lê-la por inteira para perceber que suas partes são interligadas.
Aqui eu preciso reforçar minha opinião de que suas histórias NÃO SÃO tipicamente cristãs, mas que existe uma certa verdade em toda religião, e toda filosofia que nos tire de divagações das quais nunca existirão respostas. Quando Lewis cita adão, ou Jesus, ou Deus, ele não está falando de personagens de uma única história para qual existe uma única verdade. Portanto, ele fala também de Thor, de Alah, de Zeus e da Mãe Terra. Quando ele fala sobre Deus ele não o está definindo como homem, com barbas e cabelos brancos, mas simplesmente mostrando a força, a energia que pode ser encontrada nos deuses de todas as religiões.
Enfim, você se diverte e aprende bastante.