História do cerco de Lisboa

História do cerco de Lisboa José Saramago




Resenhas - História do Cerco de Lisboa


71 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Andre.28 10/12/2020

Ficção e História: um amor em Lisboa
Há um senso pra lá de intuitivo na forma em que o escritor português José Saramago escreve suas histórias. Saudado pelo mundo da literatura, o grande mágico da escrita traz sempre um tom sóbrio em seus livros, acidas criticas que dão o passo a mundos fantásticos e ideias desenvolvidas s no fio da genialidade. Em “História do Cerco de Lisboa” José Saramago dá o tom característico de sua vasta bibliografia. Publicado originalmente em 1989, esse romance de Saramago costura duas narrativas, dando o tom entre o amor e a negação, entre a História (com H) e a ficção.

Raimundo Benvindo Silva, um revisor literário de 50 anos que trabalha em uma editora, no tempo contemporâneo de uma Lisboa agitada. Nesse desenrolar da história de Raimundo, temos a história da mesma cidade de Lisboa em 1147, quando foi tomada pelos portugueses, com ajuda dos cruzados, das mãos dos mouros, no que ficou conhecido como Cerco de Lisboa. Entre a ficção e a realidade Raimundo comete deliberadamente um erro na revisão da História do Cerco de Lisboa, o que trará sérias consequências para a rotina de seu trabalho. E após conhecer sua nova chefa, Maria Sara, uma mulher de meia idade bastante séria, ele acaba por manter uma espécie de relação com ela que beira a paixão.

Em termos específicos esse livro mantém as características da escrita do conhecido Saramago, entretanto com toques de romance. É tão bom ver como o velho Saramago sóbrio se derrete ao falar de amor. Esse livro é uma verdadeira trama, com parágrafos quilométricos, pontos finais raros, e movimentos narrativos intensos, quase frenéticos em alguns pontos. Talvez não seja o livro mais indicado para começar a ler Saramago, mas não deixa de ser um livro fenomenal pra quem conhece a escrita dele. Enfim, entre a ficção e a realidade do tempo presente Saramago constrói uma narrativa envolvente. Saramago escreve um dos seus livros mais interessantes e intrigantes. Une historia e literatura numa narrativa ficcional primorosa.
Marcos.Azeredo 25/12/2020minha estante
Este foi o livro do Saramago que eu menos gostei.




Juliane 24/11/2011

José não-uso-pontos Saramago. ¬¬
MindFields 17/11/2013minha estante
É justo essa maneira inovadora de Saramago escrever que o classificou como um escritor revolucionário. Sim, a leitura demanda muita atenção, e constantes retornos no texto, que após um certo número de páginas desaparece.

A maneira que o autor utiliza a pontuação e joga com a mesma não deve ser considerada um defeito, mas sim uma forma de retratar as situações que ocorrem no livro através do uso do texto.


Munyque 30/01/2014minha estante
Adoro o jeito como ele mistura falas, descrições, pensamentos e tudo o mais. Divaga, viaja e retorna sem perder o fio.

Sua escrita reflete lucidez.




yumiand 16/06/2020

Esse é o melhor livro que li na quarentena, que nos mostra o melhor e o pior do homem. É um livro sensível e que nos mostra a genialidade de Saramago a decifrar suas emoções. Dá vontade de ler outros livros dele, pois me senti órfã quando a história acabou!
comentários(0)comente



Cristiano.Vituri 18/01/2021

As várias histórias do cerco
Protagonistas: Raimundo Silva + Maria Sara.
Ele revisor de uma grande editora, comete um erro proposital em um livro que desencadeia em mudanças na empresa. Ela, Maria Sara -nova "diretora" e agora chefe de Raimundo- é uma mulher que desperta o interesse amoroso de Raimundo.

O caminho até isso Jose Saramago esconde bem, com uma escrita sem paragrafos e com orações longas, qualquer desantenção e perdemos o fio da meada. O humor sempre presente do autor é hilariante, algumas situações onde ele conversa com o leitor são bastante comuns.

É admiravel o conhecimento de Saramago, seja sobre história, relacoes humanas ou os pequenos prazeres humanos. A impressão é que todo livro do Saramago poderia virar filme.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Otávio - @vendavaldelivros 01/02/2024

“porque ninguém sabe o que o beijo é verdadeiramente, talvez a devoração impossível, talvez uma comunhão demoníaca, talvez o princípio da morte.”

Tivéssemos o dom de reescrever o passado, o que mudaríamos? Reescrever passagens, incluir um “não” onde existiu um “sim”, aceitar ou negar propostas e alterar escolhas é um exercício de imaginação que dificilmente não passou na cabeça de inúmeros seres humanos que já passaram por esse planeta. Reescrever o passado pode ser, também, um ato de rebeldia contra o destino.

É no ato de rebeldia que nasce “História do cerco de Lisboa”, do genial José Saramago, livro publicado em 1989. Nessa história, o revisor Raimundo Silva, sempre eficaz em seu trabalho de revisão de livros, em um ato gratuito insere um “não” onde deveria haver um “sim”, em uma passagem que, caso ocorresse, mudaria para sempre a história de Portugal e do famoso Cerco de Lisboa.

Depois de pego pelo equívoco, Raimundo acaba desafiado pela nova supervisora, Maria Sara, a reescrever ele então a história, usando o “não” no lugar do “sim” criando, dessa forma, um novo destino para Portugal e para eles mesmos. Acompanhamos, a partir daí, dois fios narrativos que se cruzam, um através dos eventos recriados por Raimundo em relação ao Cerco e outro com sua vida no tempo presente e sua súbita paixão pela mulher que o desafiou.

Imaginava um enredo diferente quando iniciei esse livro, o que quebrou um pouco minhas expectativas. Saramago era genial, mas sempre digo que para lê-lo é preciso estar ali por inteiro, caso contrário a leitura pode ser arrastada e cansativa. Como a história não me pegou, principalmente pelos detalhes históricos e locais de Lisboa que desconheço, demorei a terminar o livro, mesmo vendo nele passagens ótimas e engraçadas, como é característico do autor.

Destaco, porém, como é lindo ver Saramago falando sobre amor e paixão. É de uma intensidade única a forma que a relação de Raimundo e Maria Sara é construída aos nossos olhos. Passional e intensa, mas extremamente bela, pra mim foi essa história de amor que salvou o livro, muito mais que a história do Cerco em si. No final, é parte da história humana, amores e paixões que mudam a História.
comentários(0)comente



Rafael 05/03/2011

José Saramago é meu escritor favorito, e mais um livro dele que não me decepciona.

Achei bacana a mistura das duas histórias, ambas se misturando em determinado momento, como nas histórias de amor de Raimundo e Maria e de Mogueime e Ouroana. Engraçado que as histórias "românticas" foram as que mais me chamaram a atenção no livro.

Enfim, mais uma grande estória de um grande gênio da literatura.
comentários(0)comente



Procyon 15/11/2022

História do cerco de Lisboa ? Resenha
?A literatura é o que poderia ter sido; a história é o que foi.?
? Aristóteles

Neste romance, publicado em 1987, o escritor português José Saramago explora os meandros da paixão nos espaços históricos e literários, como viria fazer noutra obra tão ou mais notável como O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991). A obra divide-se em duas histórias paralelas: a real, do cerco de Lisboa; e a fictícia, que surge da mente do revisor Raimundo Silva. Na trama, Raimundo Benvindo Silva é um humilde revisor de textos. Ao trabalhar em uma obra sobre o cerco de Lisboa, comete, deliberadamente, um ?erro? alterar injustificadamente uma certa frase de um livro sobre o cerco de Lisboa, da potência de um simples ?não?.

O cerco de Lisboa foi o momento decisivo de retomada da Península Ibérica pelos cristãos (no ano 1147 d.C.), até então dominada pelos mouros. É com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Oriente Médio ? após a Segunda Cruzada ? que as forças lusitanas do rei D. Afonso Henriques (1109-1185) conseguem expulsar os mouros da fortaleza. O ato ?gratuito? de Silva ? aparentemente insatisfeito com os erros historiográficos do livro ?, compelido a inserir um termo que muda os termos da guerra. No lugar, ele reescreve a história com traços pessoais: o romance entre um soldado e a concubina de um cruzado alemão, que espelha a crônica de amor tardio entre o próprio revisor falsário e sua editora, Maria Sara.

?Corrigir, corrijo eu, mas as piores dificuldades resolvo-as à maneira expedita, escrevendo uma palavra por cima de outra?. (p. 5)

É por meio da metaficção, com uma narrativa ? em terceira pessoa ? com o tempo bifurcado entre 1147 d.C e os anos ?80, que Saramago discute varias questões, como o papel do escritor, o registro historiográfico, o direito ao ?não?, e, em certa medida, às notícias falsas que se proliferam na contemporaneidade. É por meio de uma constante tensão entre realidade e ficção que o autor discute a fabricação da história, numa espécie de narrativa-moldura que engendra várias camadas discursivas. Essas duas narrativas espelhadas são tecidas maneira brilhante, fazendo o leitor cativar-se com as possibilidades do romance como um meio de recriar o passado.

José Saramago nasceu em 1922, numa família de camponeses, em Ribatejo, Portugal. Exerceu diversas profissões, como serralheiro, funcionário público, editor e jornalista, antes de dedicar-se unicamente à escrita. Laureado com o Prêmio Camões (1995) e com o Nobel de Literatura (1998), Saramago foi consagrado ao adotar um estilo que quebra com os padrões clássicos de narração ao abolir o uso tradicional da pontuação. Seus diálogos não possuem travessão ou aspas que indiquem a troca de turno das falas; escreve longos períodos com escassa pontuação; apresenta capítulos inteiros sem uma quebra de parágrafo.

Seus diálogos orais parecem evocar um fluxo de consciência, que ativam a atenção do leitor, numa abordagem quase cinematográfica, que deixa as personagens falarem por elas mesmas, continuamente e sem muita cerimônia. Seu discurso está imbuído de ditados e expressões populares. Caracterizado pela metalinguagem, Saramago tem uma abordagem social, que dá voz e vez aos humildes, às classes mais baixas.

?[?] Um homem sempre deve ir completo aonde o chamem, não pode alegar, Trago aqui esta parte de quem sou, o resto atrasou-se no caminho?. (p. 46)

Militante político e perpétuo provocador, Saramago transmite uma postura política afiada. Ao inserir um ?não? ao texto histórico, que desvirtua o ocorrido, Raimundo Silva, um sujeito calmo, paciente e de classe média, tem sua vida completamente alterada, assumindo, com o ato de rebeldia (talvez incorporando a revolta camusiana), um outro sentido a sua vida. São dois cercos a serem derribados ao longo da narrativa: o histórico, aparentemente tangível; e o fictício, no imaginário do editor, que aos poucos consegue levar em frente seu romance pessoal (a metáfora do cerco seria a prisão do próprio ?eu? de Raimundo).

Como que para exaltar o papel do escritor, Saramago expõe a subjetividade humana, pondo em evidência personagens paralelas, que representam as classes populares da sociedade, frequentemente ausentes do texto historiográfico. Saramago deixa claro o poder da arte literária ao revelar um passado significativo da história. O autor invoca o mito fundador da nação portuguesa para fazer uma releitura sob a ótica de uma personagem deslocada, que, por sua vez, dá protagonismo às figuras menos favorecidas pela história hegemônica (em grande parte branca e anglófona). Esse processo resulta numa desmistificação de ícones e da própria história nacional, bem como numa proposta reflexiva pertinente sobre o futuro. Em suma, vários pontos de vista sobressaem-se à voz do onisciente narrador.

?[?] E é neste instante que ao espírito vazio lhe acode uma ideia para ocupar este seu dia livre, algo que afinal nunca fizera na vida, não têm razão aqueles que se queixam da brevidade dela, se não a aproveitaram como lhes foi dada?. (p. 51)

Além de ser uma estratégia feita a partir da ambiguidade da história ?real?, a negativa de Raimundo Silva ganha uma outra significação: a afirmação do ficcional. O revisor reconfigura sua nova história a partir de vestígios ficcionais, evidenciando seu olhar sensível e criativo ao trazer novas perspectivas históricas sob ponto de vista crítico. Vale lembrar ainda que, na própria epígrafe do livro, assim como noutros, Saramago inventa algo fictício.

?Enquanto não alcançares a verdade,
não poderás corrigi-la.
Porém, se a não corrigires,
não a alcançarás.
Entretanto, não te resignes.?
(Do Livro dos Conselhos)
comentários(0)comente



regifreitas 02/08/2021

HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA (1989), de José Saramago.

Aqui novamente Saramago mistura acontecimentos históricos com personagens fictícios, refletindo sobre história, vida e literatura. Acompanhamos simultaneamente duas linhas narrativas. Na Idade Média, os acontecimentos que envolvem a tomada de Lisboa das mãos dos mouros, em 1147. No presente do texto, o revisor Raimundo dos Santos ficcionaliza e reescreve aqueles mesmos acontecimentos históricos, ao mesmo tempo que assistimos ao seu envolvimento com Maria Sara, a nova chefe dos revisores da editora para a qual ambos trabalham.

As questões levantadas sobre historiografia, ficção e o próprio ato da escrita, são bem interessantes. Contudo, se a história entre Raimundo e Maria Sara despertava mais minha atenção, as partes envolvendo o cerco e os preparativos para a batalha quase sempre me aborreciam. A forma como o autor desenvolve esses temas não me pegou tanto, principalmente porque a amarração entre esses dois tempos acabou não funcionando para mim.

O estilo de escrita de Saramago é muito envolvente; o português é dos meus autores preferidos. Porém, juntamente com o MANUAL DE PINTURA E CALIGRAFIA, este foi outro romance do autor cuja leitura acabou se demorando e arrastando mais do que devia. Mas, diferentemente do primeiro, essa é uma obra para a qual eu voltaria para uma releitura. Sinto que posso não tê-la aproveitado como deveria.
comentários(0)comente



DIRCE 27/10/2023

Uma reviravolta de 180 graus. E atenção: isso não é uma resenha.
Não é uma leitura fácil: há muitas alternâncias entre o passado e o presente, e são ,na verdade, três história, mas vale cada parágrafo lido, não só pelos conteúdos da obra, mas por Saramago, mais uma vez, dar voz aos invisíveis. E tem mais: Saramago foi mesmo um incorrigível romântico.
Entretanto, o que mais gostei foi que um revisor - o Raimundo (BENVINDO) Silva. O parênteses no BENVINDO foi por conta do revisor ter abdicado desse seu sobrenome. Ironia, né ? Ser Benvindo à época. Imaginem Saramago hoje...Ele deve estar se virando no túmulo. Mas enfim, voltando ao que interessa: Raimundo Silva não só revisou um livro que deu um reviravolta de 180 graus, como também deu uma revisada na sua vida. AMEI ! AMEI! AMEI!
comentários(0)comente



Diego Rodrigues 21/06/2020

Um livro de muitas camadas
O Cerco de Lisboa foi um fato histórico que aconteceu no século XII, mais precisamente no ano de 1147, e integrou o processo de Reconquista cristã da Península Ibérica. A cidade de Lisboa era então dominada pelos mouros, que contavam com os poderosos muros da cidade para defendê-los dos ataques inimigos. Diante dos muros intransponíveis, portugueses e cruzados, que haviam formado aliança, sitiaram a cidade enquanto experimentavam diferentes estratégias na tentativa de furar o bloqueio muçulmano. Depois de várias semanas, com o auxílio de torres móveis de madeira e outros aparatos de guerra, os cristãos finalmente conseguiram empreender um ataque efetivo e, se aproveitando do enfraquecimento dos mouros que devido ao cerco já sofriam com a fome e a peste, reconquistaram a cidade que viria a se tornar a capital de Portugal mais tarde, em 1255. Agora que temos alguma ideia, mesmo que vaga, do que foi o Cerco de Lisboa, podemos falar sobre o livro.
.
Raimundo Silva é um revisor de textos. Ele trabalha para uma editora que tem muita confiança no seu trabalho devido ao longo tempo de serviços prestados e sua eficiência nas revisões. A confiança depositada no revisor é tanta que ao escrever um livro de história sobre o Cerco de Lisboa, o autor do livro dá a Raimundo a liberdade de revisar sua obra e entregar diretamente a editora para a impressão depois de finalizado o processo de revisão, sem necessidade de um novo aval do autor, que seria o procedimento de praxe. Diante de tal liberdade e sem um motivo aparente, Raimundo decide, por conta e risco, incluir no livro uma palavra que não constava no texto original do autor: um simples "não" no início de uma frase afirmativa. Muito mais do que alterar um contexto histórico, esse "não" terá consequências muito maiores na vida do revisor.
.
Esse é um livro que possui muitas camadas. Ao mesmo tempo em que ele permite ao leitor um vislumbre de como funciona o mercado editorial e qual o papel do autor e do revisor enquanto profissionais, ele também propõe um debate sobre a veracidade dos fatos históricos e a forma como eles são relatados. Mais do que isso, Saramago levanta a importância de questionar aquilo que a sociedade muitas vezes aceita como veracidade sem levantar a menor sombra de dúvida. O "não" que Raimundo descaradamente inclui na "História do Cerco de Lisboa" possui muitos sentidos: é um grito de rebeldia contra a editora e todo o setor editorial, é uma bandeira de dúvida e questionamento que ele levanta diante da história e, talvez o mais instigante, é a forma que o revisor encontrou para romper com a vida ordinária levava até então. Raimundo era do tipo solitário que levava uma vida regrada e sem graça, comia sempre as mesmas comidas e andava sempre pelos mesmos caminhos. De repente, no auge de seus cinquenta e poucos anos, Raimundo, conformista que só, percebe que nunca é tarde para mudar. Girando em diferentes linhas narrativas, Saramago brinca com a ficção e a história da mesma forma, e com a mesma facilidade, que uma criança maneja seus brinquedos. Em "História do Cerco de Lisboa" o autor português apresenta uma proposta que não vemos todos os dias. Não diria que é um livro complexo, mas apenas diferente. Saramago já proporciona uma experiência única de leitura por si só, digamos que o que temos aqui é isso elevado ao quadrado: uma experiência "estranha" para aqueles que já estão acostumados com o "estranho" do Saramago.

site: https://discolivro.blogspot.com/
Silvia Ferreira 18/06/2021minha estante
que resenha maravilhosa! estou lendo o livro e você traduziu perfeitamente o meu sentimento. obrigada!




Tellys 03/10/2021

História e literatura.
Até que ponto historia e literatura são tão diferentes e a que ponto são semelhantes naquilo que dizem do passado? Construção de fatos, invenções de mitos, nascimento e morte, eternidade e esquecimento, tudo ao sabor e dispor da pena do escritor que, seja ele historiador ou literato, constroi o passado real e imaginário a partir de seu presente, de suas experiências e possibilidades. Essa discussão se faz presente nessa obra de Saramago cujo personagem-narrador subverte a ordem ao introduzir um "não" contrafactual na história fundante da nação portuguesa, que lhe permite construir histórias de amor no passado e no presente e criar novas possibilidades em vidas reais e imaginárias que se entrelaçam por suas páginas.
comentários(0)comente



Leila 25/06/2023

História do Cerco de Lisboa de José Saramago, é um romance que se destaca por sua abordagem peculiar e sua habilidade em desafiar as convenções literárias. Nesta obra, Saramago mergulha profundamente na história da cidade de Lisboa e apresenta uma narrativa que transcende o tempo, ao mesmo tempo que nos conduz a uma reflexão sobre a natureza da escrita e do poder das palavras.

No contexto de História do Cerco de Lisboa, o romance entre os personagens ganha destaque. Contrariando as experiências anteriores de leitora, Saramago nos presenteia com uma história de amor genuína e apaixonada. A relação entre Raimundo Silva, o revisor de livros que altera acidentalmente a história do Cerco de Lisboa, e Maria Sara, uma colega de trabalho, é retratada de maneira delicada e convincente. O autor explora as complexidades desse romance e o contrapõe ao pano de fundo da cidade sitiada, criando um contraste fascinante entre a intimidade do casal e a turbulência do mundo exterior.

Além do romance, Saramago aproveita a história do Cerco de Lisboa como uma metáfora poderosa para discutir temas mais amplos, como a influência do poder e a manipulação da narrativa. Ao inserir um revisor que decide acrescentar uma frase à história oficial, Saramago questiona a veracidade dos fatos históricos e propõe uma reflexão sobre a natureza subjetiva da escrita. Através dessa trama, ele nos leva a questionar como a história é construída e como as versões oficiais podem ser moldadas ou até mesmo distorcidas.

José Saramago, como de costume, apresenta uma escrita provocativa e profunda. Sua narrativa é repleta de camadas de significado, e o leitor é constantemente desafiado a refletir sobre os temas apresentados. História do Cerco de Lisboa é mais um livraço do autor! um livro que transcende as fronteiras do tempo e do espaço, capturando a essência humana e suas contradições. José Saramago prova mais uma vez sua genialidade ao nos oferecer uma visão única e desafiadora sobre o amor, a história e o poder da escrita. Recomendo.
comentários(0)comente



Júlia Tamborin 12/02/2020

Embora seja escrito com maestria e o enredo seja incrível, o livro é muito difícil e demorado de ser lido.
comentários(0)comente



AnaLaura 16/02/2020

Fascinante Lisboa
Muito interessante a forma que somos levados a Lisboa em diferentes épocas de sua história. Romance envolvente!
comentários(0)comente



71 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR