Andréa Bistafa 26/04/2016http://www.fundofalso.comAtemporal toca em uma parte sensível das minhas dúvidas e cogitações sobre a vida. E se existisse um de nós para cada dia, para cada momento? E se o eu do passado estivesse lá ainda vivendo dia após dia um repetição e o eu do futuro estivesse apenas esperando tudo recomeçar em um ciclo sem fim?
Esse é o livro de estreia do escritor Rodrigo Mendes e que justamente me atrai pelo fato citado acima.
Em 25 de fevereiro de 1983 André falhou em uma missão, o policial foi morto em troca de tiros enquanto tentava fugir de seu cativeiro. Na cena do crime foi encontra uma placa de metal, a qual nunca conseguiram fazer ligação a nada, nenhum assassino foi incriminado e o caso foi arquivado.
Ano de 2023. Lucas é um jovem policial e à ele foi designado algumas evidencias a pouco encontradas a respeito do crime cometido em 83. Esse caso com certeza não teria sido desenterrado se Lucas não fosse filho do melhor amigo de André, Rico que trabalhou com ele na 14º Delegacia de Polícia de São Paulo e hoje aposentado; que nunca esqueceu que perdera o amigo a anseia por justiça.
Até aqui teríamos apenas um thriller policial como muitos, se não fosse pelo único fato da recente descoberta: A placa de metal da cena do crime, após investigada com aparelhos modernos datou de 12 de julho de 2023 contendo ainda outra data, 24 de julho de 2023, sendo esse dia 24 uma data que ainda está por vir, que fará Lucas iniciar sua corrida contra o tempo em busca da verdade.
Como explicaríamos a existência dessa placa naquela cena de crime há quarenta anos atrás? Tudo muito misterioso, mas tudo fazendo uma estranha ligação com duas empresas de Turismo e Exportação que já haviam registrado ocorrências com transporte ilegal de drogas.
Existia mais. Haviam rumores de uma maquina do tempo sendo projetada por paquistaneses no mercado negro.
O autor aplicou uma narrativa diferente em sua obra. Ao mesmo tempo que é corrida, não lhe faltam detalhes. Tudo é bem explicado e detalhado, e com tudo não demora a desenrolar. É cheio de acontecimentos e fatos importantes desde a primeira página. Não perde o ritmo, não se alonga e nem se perde. Tem cara de filme de ação, daqueles que após um tempo você não lembra ao certo se leu ou se assistiu, pois é fácil de gravar na memoria. Porém é preciso que você se atente e preste atenção na obra toda para não perder nenhum fato que fará ligação no futuro.
O grande ponto positivo foi o exito do autor em fechar todas as pontas que ele abre e deixa ao longo da trama. Por isso reforço, preste atenção leitor, cada detalhe pode ser de suma importância.
Também temos na narrativa aquele charme de todo final de capitulo, sabe aquelas últimas palavras que instigam a ler só mais um capitulo? Isso associado a capítulos curtos que mudam aleatoriamente de foco, faz o leitor não perceber que já está chegando ao final, e ler a obra toda em um ou dois dias é inevitável.
Com essa mudança constante, reservando a cada capitulo a narrativa sobre um dos personagens, faz o leitor enxergar variados ângulos para as situações, fazendo até mesmo se questionar quem está do lado de quem.
Eu adoro quando o autor explica uma coisa da qual tem total sentido e nem eu mesma, em meu detalhismo, tinha notado! Existe uma maquina do tempo, e uma máquina do tempo com certeza gastaria muita energia elétrica para funcionar correto? Claro, mas eu nunca pensaria nisso! Nem mesmo se fosse um filme, não me atentaria a esse detalhe, mas o autor sim! E ele cita a Agencia Nacional de Energia Elétrica encaminhando sua história para uma total realidade. Como o governo não perceberia um pico de energia tão alto? Fantástico.
E tem mais, a trama é tão bem pensada que justifica até mesmo o porque dessa história toda acontecer no Brasil e não em um pais mais desenvolvido.
Vale citar também o pequeno romance de Lucas, é bem tipico de filme de ação, não espere muito nesse quesito, mas não posso negar que deixou a obra ainda mais com carinha de filme! - Ei, está aqui uma ótima obra para migrar as nossas telinhas!
Só como observação, foi criado um cenário futurista bem real, com algumas invenções aprimoram o que já existe ou até mesmo estão em fase de teste, fora do Brasil.
E finalmente o final! Pelo menos eu quando leio uma resenha tenho curiosidade em saber se no final toda a leitura valeu a pena, por isso vou deixar aqui meu parecer: Sim, vale muito! Como sou uma fissurada em viagem no tempo, previa algo como, mas não o que realmente acontece, portanto, sim, o livro é completo em começo, meio e fim.
- Impossível - murmurou ele, e sorriu pensando que hoje em dia, dificilmente, algo se encaixaria na definição de impossível. Pág 43
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