Jamille Santana 28/04/2015
O fim justifica os clichês?
Minha resenha, começo a dizendo, é negativa. O livro, alguns dirão, vale a pena pela reviravolta, pelo final. Acho pertinente o questionamento: o fim justifica os meios, as enroladas, os clichês, os diálogos infantis, constrangedoramente infantis?
O livro me foi indicado por alguém que escuto quando o tema é literatura e por isso levei a obra empolgada para casa. E então, com aquelas quase 600 páginas na minha frente, fiquei incrédula com a indicação.
O autor apresentou um mise-en-abime (que consiste em uma história dentro da história e assim sucessivamente). Eu gosto da técnica, porém, as repetições (por vezes INTEIRAS, no estilo Crtl+Crtl+V) de trechos do que já havia sido dito não me pareceu um mise-en-abime, mas uma forma de preencher páginas e páginas e, no final, a obra ser grande.
Grande ela é, mas não grandiosa!
Os diálogos são um PECADO: patéticos, infantis, constrangedores. Principalmente os diálogos entre Herry e sua grande paixão, Nola. Paixão, por sinal, difícil de entender. O autor escreveu milhares de páginas para que nem nos convencesse da paixão dos protagonistas. Os personagens não cativam e você "só quer saber o final". O casal é inverossímil, os diálogos são retirados de algum livro de autoajuda e as mil reviravoltas só servem para te enganar. Enganar o leitor é diferente de brincar com sua imaginação.
“A vida é uma longa queda, Marcus. O mais importante é saber cair.”, disse Harry para Marcus. E eu caí como uma patinha, uma leitora enganada.