Natalia.Eiras 20/12/2014Resenha publicada no blog Perdidas na Biblioteca Tudo começa com 4 desastres aéreos, que ocorrem quase ao mesmo tempo, em diferentes partes do planeta.
O primeiro ocorre próximo ao Monte Fuji, no Japão; o segundo próximo a Califórnia; o terceiro cai em uma "favela" na África do Sul; e o quarto próximo a costa de Portugal.
Logo no primeiro capítulo do livro, temos a narração de Pamela May Donald, a única americana que estava no voo que caiu no Japão. Os relatos dela, de como acontece o acidente, ou melhor, de como ela como passageira vê o acidente são de tirar o fôlego. Parece que você esta sofrendo o acidente junto com ela!
A melhor palavra que eu encontro para descrever o início deste livro é SINISTRO!
Porém, Pamela não morre na queda como os outros passageiros. Ela ainda acorda em meio aos destroços, muito ferida obviamente, e vê uma criança, mais precisamente um menino, perambulando em volta dos destroços do avião e dos cadáveres. Só que o menino não é a única coisa que ela vê...
E suas últimas palavras, gravadas em um celular, são enigmáticas...
Com um início como esse, você pensa: "Caracaaaaaa! Esse livro vai ser sensacional!!!"
Só que não.
Depois da narração de Pamela, o livro passa a uma narração bem criativa e original, utilizando entrevistas de pessoas que estiveram ligadas direta ou indiretamente ao desastre para elucidar o fato.
Por exemplo: o socorrista que foi o primeiro a chegar no local da queda do avião da África; a avó do menino que sobreviveu ao desastre da Califórnia; o tio da menina que sobrevive no desastre de Portugal; a prima, e o amigo virtual dela, do menino japonês que sobreviveu ao voo onde estava Pamela, e por aí vai...
E aí fica a pergunta: Como, o transporte considerado o mais seguro do planeta, consegue ter quatro acidentes no mesmo dia e quase ao mesmo tempo? E ainda por cima, como três crianças conseguiram sobreviver a isso?
Essas perguntas, meus queridos, são o X da questão.
E assim como nós ficamos maquinando em nossos cérebros uma resposta plausível para isso (sem encontrar), os fanáticos religiosos e os ufólogos também ficam. A diferença é que eles conseguem formular uma resposta e logo um culto as crianças se incia.
De um lado do ringue nós temos os ufólogos que acreditam que as crianças são seres do espaço e seus corpos foram tomados por alienígenas; do outro lado do ringue temos os fanáticos religiosos que afirmam que as crianças são na verdade os quatro cavaleiros do Apocalipse (quatro? Não eram só três crianças?) e no centro do ringue nós temos as famílias dos sobreviventes.
A confusão esta armada.
E acreditem... Quando o ser humano não consegue arrumar uma explicação para alguma coisa, ele sempre se volta para o sobrenatural.
Um exemplo: Antigamente, as pessoas não sabiam explicar por que chovia. Quem arrumou a primeira explicação foi a igreja, afirmando que era Deus quem enviava a chuva. Enquanto a ciência não explicava que se tratava de um fenômeno comum na natureza, as pessoas se conformavam com a explicação da Igreja e assim se sentiam mais "seguras". O ser humano tem uma necessidade natural de compreender as coisas para se sentir seguro.
Se ele não entende, o pânico pode tomar conta dele.
Agora me digam uma coisa... Tem como isso terminar numa boa?
Como eu disse anteriormente, o livro é narrado através de relatos e entrevistas.
Eu achei bem original essa forma de contar a história, porque, pelo menos eu, nunca tinha visto um livro de ficção assim. Você vê biografias baseadas em relatos; ficção é a primeira vez.
Mas por que a autora decidiu fazer assim? Existe uma explicação!
Elspeth é uma autora que fica encarregada de escrever um livro sobre a Quinta-feira Negra, e esses relatos são as entrevistas que ela fez para escrever o tal livro. Então, a autora coloca os relatos para dar mais credibilidade ao livro que Elspeth escreveu. E Elspeth irá aparecer realmente no final do livro para contar como foi a repercussão do livro dela, então, esses relatos fazem com que você crie uma opinião sobre o livro que ela escreveu também.
Só que essa forma de narrar tem dois lados muito ruins...
Como a narrativa é toda construída em cima desses relatos, você não tem imparcialidade. Você lê o que as pessoas achavam das crianças; do que causou os desastres; do que acontece depois, que eu já adianto é bem chocante; ou seja, você não tem aquela narração como uma terceira pessoa, onde você tem o fato como realmente aconteceu. Isso faz com que o suspense prossiga até o fim do livro? Sim! Mas também faz com que você não saiba o que é realmente verdade, e o que é apenas uma impressão ou pura especulação.
O segundo ponto negativo, é que depois de ler tantos relatos, e perceber que você não vai chegando a conclusão nenhuma com eles, a leitura fica chata. Eu pensei várias vezes em abandonar a leitura, mas como já disse diversas vezes aqui no blog, eu sou muito teimosa. E só por causa dessa teimosia que eu terminei esse livro.
Bem... Eu confesso que ainda não consegui digerir completamente esta história... Só sei que eu esperava bem mais deste livro.
A história é boa! Tinha muito potencial, mas a forma como foi contada fez com que eu ficasse louca pra terminar o livro, mas não porque queria chegar ao final e descobrir o mistério, mas sim por que a leitura não avançava...
Conforme informamos aqui no blog no mês passado, os direitos dessa publicação foram vendidos para serem adaptados para uma série de tv. Se eles não forem seguir esse formato de narrativa em forma de entrevistas, eu realmente acredito que a série vá ficar melhor do que o livro. Justamente porque poderá explorar todo o potencial que tem a história e deixar as coisas mais movimentadas e com mais clima de suspense/ terror psicológico.
PS: Sites americanos afirmam que a autora estaria em fase de produção para uma sequência: Day Four.
Vamos esperar e ver o que virá nessa sequência...
site:
http://www.perdidasnabiblioteca.blogspot.com.br/2014/06/os-tres-por-sarah-lotz.html