Carstairs 30/05/2022
Todo final tem um começo.
Essa é a frase para descrever Blue Lily, Lily Blue. Apesar de ser uma quadrilogia, Maggie Stiefvater deixa claro com esse volume que o final está chegando e começa a assumir riscos que, até então, ela só brincava.
Neste terceiro volume, o foco é na Blue, da mesma maneira que cada livro traz o foco sobre um personagem. Aqui, os mistérios ao redor da personagem começam a ser revelados bem como suas origens e seus dons. Mas o plot é mais que isso, com Maura Sargent desaparecida e novas ameaças rondando Henrietta, Gansey, Blue, Adam e Ronan sentem que o final da jornada em busca de Glendower está chegando ao fim e que devem começar a agir.
De todos os quatro livros, esse aqui é um dos meus favoritos de longe. Não apenas começamos a conhecer e entender mais a fundo a personagem da Blue, como vemos o desenvolvimento da relação dela com Gansey, tal qual a relação do Adam com a Persephone, que age como sua mentora através do desconhecido em sua jornada para torna-se O Mago.
Falando agora mais sobre o personagem central dentro desse volume: Blue Sargent, apesar de estarmos acompanhando o crescimento e o amadurecimento da Blue ao longo dos livros lá desde o primeiro, é aqui que a história dá seu maior foco à personagem. Enquanto no primeiro volume a Blue é apresentada como essa garota marrenta e às vezes um pouco grosseira, que está desconfiada de tudo e de todos e se ofende facilmente com muotas das coisas que fazem parte da realidade dos Garotos Corvos, esse terceiro livro nos apresenta uma personagem já mais forte e calejada que está aprendendo a navegar nessa sua nova realidade e encontrando forças dos mais diversos lugares, especialmente com o sumiço de sua mãe e a busca pelo seu pai. É nesse livro que vemos novos lados que ainda então era desconhecidos da personagem, exploramos mais seu lado vulnerável e fraco quando seu calcanhar de Aquiles é afetado = sua mãe.
Blue é uma personagem multifacetada e dinâmica sempre com um carisma muito grande que cativa o leitor, ao mesmo tempo que faz com que ele entenda suas decisões quando elas são as mais questionáveis possíveis. Sua relação com sua mãe e as mulheres da 300 Fox Way é uma coisa linda baseada na sororidade e no apoio mútuo e, ainda que às vezes elas briguem ou pisem já bola umas com as outras, no final estão sempre ajudando umas as outras. Não apenas sua relação com as mulheres da casa é mais explorada e desenvolvida, como também sua relação com os próprios Garotos Corvos.
Sua amizade com Noah e a conexão psíquica que há entre eles cria um elo muito forte e bonito, e você vê mais da aproximação dela com Ronan, como ela começa a enfrentar seus sentimentos pelo Gansey e mesmo a relação com Adam que, às vezes, é levada à ferro e fogo por serem dois personagens de personalidade muito forte. É tudo natural e orgânico, sem pressa alguma de ser desenvolvida.
Maggie Stiefvater mais uma vez surpreende com a sua escrita e sua genialidade fantástica, criando uma teia intrínseca e complexa que mistura o sobrenatural e o fantasioso, com os dilemas adolescentes em uma história urbana. O desenvolvimento do enredo geral da história é linear e cada vez mais toma proporções grandiosas, em um ritmo crescente que deixa claro que, agora, não estamos mais brincando. Maggie mata personagens importantes sem dó e brinca colocando os demais personagens à beira do risco.
O desenvolvimento dos personagens também é cada vez maior e apesar de ainda terem traços dos livros anteriores que primordiais em sua composição, como por exemplo, o ressentimento do Adam quanto à vida opulenta do Gansey, ou o jeito grosseiro do Ronan, eles já estão muito mais evoluídos. Mesmo eu já tendo dito isso antes, eles continuam sendo personagens moralmente cinzentos e nunca deixam de orbitar dentro desse espectro, e eu acho isso simplesmente maravilhoso.
Bem como os livros anteriores, esse também tem um mistério que vai se desenvolvendo, cheio de tensão e suspense, ao decorrer da história que chega ao final surpreendente de deixar o queixo caído e completamente revoltado! Da para ver o quanto a Maggie se divertiu criando e escrevendo esse volume que, na minha opinião, é um dos melhores!