Sabe quando você olha para um livro, mas sabe que ele vai te tocar de uma forma única? Pois bem, com Alex Woods foi assim e por isso foi com imensa felicidade que esperei a Rocco lançá-lo. Gavin Extence presenteia o leitor com uma narrativa singular e pessoal, uma voz narrativa inteiramente diferente, nova e com um tom despreocupado ao mesmo tempo que profundo. Um presente ao leitor, sobre tudo e sobre nada, sobre amizade, sobre palavras e sobre o universo. Uma história tocante pelos motivos mais inesperados. Conheçam a singular história de Alex Woods.
A história começa depois do final. Começa com Alex depois que tudo terminou e é a partir desse encontro que ele nos conta como sua vida o encaminhou para uma das amizades mais improváveis e significativas. Tudo começa quando algo quase impossível acontece, ele é atingido por um meteorito de ferro-níquel de aproximadamente dois quilos, o que é muito raro e ninguém esperava que ele acordasse. Porém depois de dez dias Alex acordou, com um mês de memória apagada, tudo o que sabe do acidente ouviu dos médicos, da mãe e de ler todas as notícias que saiu no jornal. Foi a partir desse fatídico acontecimento que a trama que levou Alex Woods até a porta do Sr. Peterson. Depois do meteorito, Alex começou a ter convulsões, por causa delas mudou-se para o apartamento minúsculo sob a loja da mãe, e passou um ano em seu pequeno quarto lendo, lendo e lendo, quando finalmente suas as convulsões chegaram a um número controlável ele pode voltar para a escola, o lugar que Alex carinhosamente de casa dos macacos, um lugar onde ser diferente é o maior crime e Alex se encaixava em todas categorias de crimes. Ele gostava de ler, ele não praticava esportes, ele gostava de estudar, ele não tinha videogame ou celular. Foi fugindo dos trogloditas de sua escola que ele foi parar na casa do Sr. Peterson, e para não se complicar ainda mais ele não contou quem havia quebrado os vidros da estufa, mal sabia que a partir dali surgiria uma amizade inusitada com o viúvo, mal-humorado e veterano da guerra do Vietnã, que tinha uma estante recheada de Kurt Vonnegut e uma plantação de maconha clandestina. Mal sabia Alex que o universo pregaria outra peça cruel nele, no mesmo dia, anos depois, algo que mudaria sua vida de novo e algo único, terrível, e sem palavras para explicar.
É a partir dessa premissa que a história de Alex se desenvolve. Narrado em primeira pessoa, de forma direta e inteligente, a história é única. A voz narrativa de Alex é mais do que gostosa, é perspicaz e profunda. Ao lado de seus pensamentos e comentários singulares entendemos a complexidade e a profundidade de sua história. A sensação que fica é que Gavin Extence foi apenas a mão que nos levou a história, apenas o intermediário inevitável para o mundo conhecer Alex Woods e sua história. E por conseguir isso o autor é brilhante, conseguir levar sua história tocando-a o menos possível e deixando o leitor com a incrível sensação de quem em algum universo paralelo Alex segue sua vida.
É impossível colocar em palavras tudo o que senti com o desenrolar da história, não sei se agiria da mesma forma que Alex, mas visto minha experiência em hospitais não posso deixar de concordar com tudo o que aconteceu. Estou feliz por ter conhecido Alex, o Sr. Peterson e sua história de improbabilidades, escolhas difíceis e acasos. A história tão perfeitamente entregue por Gavin Extence ao mundo é uma daquelas que precisam ser lidas, sentidas e compreendidas. Sem preconceitos com as decisões finais dos personagens, apenas aceitando a tristeza da situação, e o que a vida nos leva a fazer por aqueles que amamos. Até onde você iria, até onde eu iria é algo completamente diferente, com sorte nós nunca saberemos, nunca precisaremos passar por algo parecido, mas Alex passou e nos presenteou com sua história.
Leitura rápida, instigante e agradável. A narrativa flui em um ritmo único, como um relato pessoal e íntimo, a história cativa e surpreende o leitor a todo momento. Rica pelos personagens, rica pela mensagem e rica pelas diversas citações de literatura a ciência a história entregue por Gavin Extence é única. Sua escrita e sensibilidade é palpável, mal posso esperar por outras histórias assim, mas como disse, Alex Woods é único. A edição da (...)
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