Raianna 22/10/2020
lindinho ♥
Serena tem dezoito anos, um bebê e um ex namorado que ressurgiu das cinzas. Assim começa o romance Duas Vezes Amor, que aborda, acima de tudo, o perdão — o próprio e o do outro.
Duas Vezes Amor foi um livro que me intrigou desde a primeira cena, em que Reena reencontra Sawyer, seu antigo namorado, na loja de conveniências e algumas informações são jogadas e você fica atônito tentando processar. Pelo que parece, Sawyer ficou fora por dois anos e voltou de repente, sem avisar ninguém, assim como fez quando partiu. Reena fica perturbada com sua chegada inesperada, porque durante este tempo que ele esteve ausente, ela tevê um bebê... dele.
A história é contada em dois tempos, o Antes, quando eles se apaixonam pela primeira vez e iniciam um namoro conturbado, e o Depois, em que Sawyer retorna de um período sabático e tenta reconquistar seu lugar no coração de Reena. Eu gostei dos dois tempos, foram bem distribuídos no decorrer do livro.
Quanto aos personagens, me afeiçoei a Serena, me identifiquei muito com sua personalidade, e achei adorável ela toda apaixonada pelo Sawyer, por quem nutria sentimentos há anos. A personagem foi bem fiel a como uma adolescente agiria e isso me cativou, gosto de histórias com detalhes que a tornam o mais crível possível.
Reena é uma garota forte que desde o início quer ser boa e ajudar o próximo. É a filha querida e obediente, a aluna exemplar que vai se formar um ano antes do esperado para entrar em uma faculdade importante. Também é a amiga que cede o garoto por quem foi apaixonada a vida toda. Reena tem medo de desapontar as pessoas, se cobra muito o tempo todo. Quando ela comete um erro, o que acabando acontecendo, pois errar é inerente ao ser humano, principalmente quando estamos falando de uma adolescente apaixonada, ela assume total responsabilidade. Reena aceita seu destino como mãe, mesmo que isso destrua seu maior sonho: sair da cidade que sempre viveu e se sentiu sufocada.
Ela sofreu muito sem o apoio do namorado que desapareceu sem dar explicações, sem o apoio do pai que era bastante religioso e se afastou com a notícia da gravidez. Os sogros também desapareceram pelo mesmo motivo. Reena contou com a ajuda da madrasta e da melhor amiga, que são pessoas muito importantes no livro e uma luz no fim do túnel para ela, que se sente tão sozinha e desgastada conforme a gravidez e a rotina materna se desenvolve.
Reena é minha personagem favorita neste livro, o que é muito surpreendente pelo meu histórico, tenho a tendência de gostar dos pares românticos das protagonistas, mas Sawyer não me convenceu cem por cento. A sua construção como personagem foi muito crível, tendo sido muito bem feita a sua transição de um garoto perturbado para um viciado em entorpecentes que tenta se encaixar e encontrar um sentido na vida. O relacionamento do casal principal pareceu muito real e muito provável de acontecer, imagino que haja diversos casais por aí com uma história semelhante. As personalidades dos dois se encaixaram, ela cedia e tentava ajudar, e ele a amava muito, mas tinha problemas internos que só ele poderia resolver. Por isso decidiu se afastar.
Eu entendo as motivações do Sawyer, entendo o vazio que ele sentia, a culpa pela morte da Amy, a cobrança dos pais, sua ânsia em ser um músico. Eu entendo! Mas não gosto da forma que ele trata a Reena no Antes, pois apesar de ser totalmente apaixonado, Sawyer mente para ela e a deixa esperando em festas, a coloca em situações de risco para conseguir droga, não se abre sobre seus problemas e sempre a corta quando ela pede para conversar sobre a Amy, por quem ela também estava de luto. Também não gosto da forma prepotente que ele age quando volta, no Depois, como se a Reena devesse girar a chavinha do coração dela e voltar a amá-lo só porque ele decidiu que era hora de voltar e não sabia esse tempo todo que ela estava grávida. Vejo que é da personalidade dele ser confiante dessa forma, mas podia ter cedido mais, ter sido mais compreensível e não dificultado a vida da Renna, estragando o relacionamento dela agindo de forma possessiva. Faltou um pouco de humildade em reconhecer que foi ele que partiu, que escolheu deixá-la para trás sem nenhuma explicação.
A falta de consideração dele foi o que mais me incomodou. Ela merecia a honestidade e a gratidão dele por ter sido tão parceira, uma vez que mesmo tendo sido abandonada grávida e sofrido tudo que sofreu, tentou não dificultar as coisas para ele após seu retorno. Estava ressentida, discutia e jogava verdades em sua cara durante alguns encontros, mas deixou que se aproximasse da filha, deixou que se aproximasse dela, e o tratou com respeito e compreensão, o que talvez ele não fizesse se a situação fosse o inverso.
Na ficção esse casal funciona, é legal ver a mocinha e o famoso bad boy problemático, mas na vida real essa história não teria um final feliz. Talvez terminasse com ele indo embora e nunca mais voltando. O mundo está cheio de Sawyers que podem até ter algum sentimento pela garota, mas não agem com decência, porque estão tão consumidos pelo próprio vazio interno que são egoístas e agem como se o universo devesse algo a eles. Como se a garota fosse um depósito para suas angústias e quando veem que isso não é suficiente, se afastam e a deixam devastada.
Gostei do livro, sou super fã da Reena (como deixei óbvio) e não poderia ter me identificado mais com uma personagem, mesmo acreditando que não seria tão forte quanto ela — tomara que sim. A narrativa é em primeira pessoa e de fácil leitura, apesar de tratar de assuntos sérios, não é pesado e angustiante. Você se compadece dos personagens, fica intrigado pelo desenvolvimento de suas histórias, não fica entendiado lendo essa história que tinha tudo para ser um clichê raso e sem objetivo.
Dei 5/5 estrelas e só não favorito porque estou velha e crítica demais pra me apaixonar perdidamente por um perturbadinho da cabeça como o Sawyer. Se fosse alguns anos atrás, estaria surtando, mas aprendi minha lição.