João Moreno 13/09/2021Sai a Teoria do Newsmaking e entra a Teoria da Ação Política
O livro é de 2002, apesar de ter sido publicado em 2014, por aqui. Chomsky (2014) denuncia a "democracia" norte-americana; o papel das Relações Públicas na construção do consenso, da hegemonia e da despolitização do norte-americano médio; a Política Externa, o papel da Mídia e do terrorismo como novo mobilizador social (por "Mídia", Chomsky (2014) se refere a qualquer formato: TV, impresso, rádio).
Chomsky (2014) parece ser um leitor de Gramsci, apesar de não ser marxista. Fala em construção de consenso e de hegemonia. Um Estado Totalitário se impõe através da força. Como as democracias liberais agem? Através da construção de hegemonia. Na Primeira Guerra Mundial, a população norte-americana não tinha interesse em participar, não era belicosa, diz. O que Woodrow Wilson, o então presidente, fez, para atender aos desejos dos senhores da guerra? Criou uma comissão de propaganda, a Comissão Creel, que transformou uma "população pacifista numa população histérica e belicosa que queria destruir tudo o que fosse alemão" (s.p). De forma semelhante aconteceu com o Pânico Vermelho, os chamados 'Red Scares', contra os comunistas. Foi assim o início da destruição da organização política e dos sindicatos, no país: "A ameaça comunista".
"A propaganda política patrocinada pelo Estado, quando apoiada pelas classes instruídas e quando não existe espaço para contestá-la, pode ter consequências importantes. Foi uma lição apreendida por Hitler (...)" (s.p).
Mais à frente, apresenta o conceito de "democracia de espectadores", contrastando com a democracia ideal, do dicionário, com participação popular efetiva, à democracia norte-americana. Apresenta essa última como numa divisão social, de classes: i) o resto, ii) os intelectuais e iii) os donos do poder. Ao resto a inexistência na vida pública; os intelectuais seriam os intermediários, os capazes de "entender os interesses da população": os tecnocratas. Estes, na realidade, representam os interesses dos donos do poder, do dinheiro etc. Como o "resto" pode causar "transtornos" se tentar participar, e não é possível agir como num Estado Totalitário, à força, os tecnocratas usam do consenso:
"A mídia, as escolas e a cultura popular têm de ser divididas. Para a classe política e para os responsáveis pela tomada de decisões, elas têm de oferecer uma percepção razoável da realidade, embora tenham de incutir nele as convicções certas" (s.p).
Reinold Niebur; George Kennan; Walter Lippman; Harold Lasswell são alguns nomes que fazem parte dessa escola de "manipulação" (e aparecem em diferentes áreas do conhecimento ou momentos políticos estadunidenses).
"A propaganda política está para uma democracia assim como o porreta está para um Estado totalitário" (s.p).