spoiler visualizarFranci 07/02/2016
Suze voltou
Suzannah Simon se encontra nessa obra intempestiva e assustadora como sempre, mas ainda assim mais madura, sobretudo no que se refere a seus métodos de mediação. Sinal que fez o dever de casa, aquele que Padre Dom ensinava desde o princípio sobre a função de uma mediadora ser hm... Mediar ao invés de socar pessoas ou fantasmas. Apesar disso, não esperem que a Suzannah seja estritamente pacífica nesse livro, afinal é a garota que ensinou a todas as garotas de 16 anos que um punho no nariz pode calar uma boca, mantendo-se assim como minha protagonista preferida de todos os tempos.
Já Jesse vai ligeiramente na contramão desse comportamento de Suze. Lembram que ele era que levantava a bandeira da paz quando era morto, não é? Pois bem, aqui ele não está tão diplomático, muito pelo contrário: Ele está impulsivo .Talvez estar vivo tenha trazido mais sangue nas veias pra ele (ba da dun tss), o que desvirtua um pouco a ideia que ele passa anteriormente. E como nem mesmo o Jesse é perfeito, suas tendências superprotetoras se revelam nesse livro de um modo um pouco irritante ( de eu chegar a pensar "Vamos Jesse, fica sentadinho aí e deixa a Suze resolver"), o que me fez temer por um momento que ele virasse aquele mocinho típico de YA que possuem aquela coisa de sou-perigoso-e-vou-manipular-você–com-minhas-questões-internas, e se importam unicamente com o objeto de sua obsessão.
Sempre amei muito a simplicidade do Jesse, sem aquela áurea intimidadora que me da sono ou mesmo anti-heroica, ele realmente se importa com os outros, não só com Suze, chegando a levar pro pessoal a trama central do livro. E ainda por cima a chama de “Querida”.
Ou seja: Eu não tive a mínima chance de não desmaiar por esse cara.
O plot do livro é bem mais pesado que qualquer um dos anteriores, por girar em torno de abuso infantil, e em alguns momentos me fez me sentir péssima. Os personagens novos são trazidos com muito cuidado, de modo crível, criando um envolvimento com eles que eu não esperava. Você sai com o coração mais pesado da leitura. A autora ficou devendo, porém, um plot twist básico no desenrolar do mistério, mas ainda assim o enredo segue interessante.
Os outros dois meio-irmãos da Suze aparecem aqui fazendo a gente (quem-diria) realmente gostar deles e até aprender seus nomes. Sim, Soneca e Dunga quase cai em desuso aqui. Um deles com trigêmeas adoráveis (e assustadoras) e o outro sendo um padrinho muito do ótimo (alguém esperava que Dr. De Silva fizesse alguma amizade com jovens desse século? Eu não). E o Mestre, o Mestre vem no fim do livro com uma surpresa pra todos nós (eu tive dificuldade de imaginar ele como um rapaz já, mas isso acontece com todas as crianças que conheci aos 16 anos).
Paul Slater segue sendo um completo lixo, mas a Suze sabe colocá-lo no lugar, e eles também trabalham bem juntos (principalmente quando ela está apontando uma arma para ele - ao menos é o que ele acredita).
A narração continua rendendo boas gargalhadas, Jesse não está tão bem adaptado ao século XXI (pra frustração da Suzannah) e a dinâmica desses dois permanece interessante, com direito a impasses, discussões, parceria e bastante cumplicidade. Sim, eles trabalham juntos e me fizeram gritar do outro lado da tela apenas por serem maravilhosos. E pra melhorar, a Meg nos brinda com nostalgia no finalzinho, dando ponto de participação pra todo mundo.
Minha maior queixa do livro? Jesse não chama Suzannah de "Hermosa" nenhuma única vez.
O que pede um oitavo livro pra resolver isso, obviamente.