Thaís Venzel 21/02/2015 Um livro com 11 contos de suspense e terror, em que a autora trata de temas muito fortes e presentes na nossa sociedade atual. São contos não muito grandes, com uma narrativa fácil e bem construídos. Eu escolhi três deles para falar para vocês. Não são os preferidos, pois não consegui selecionar um sendo melhor que o outro, pois todos eles são muito bons, cada um com suas particularidades.
Conto 5 - Escuro
Este conto é a história de um homem que sofre de mania de perseguição. É contado de dois pontos de vista. Do dele, em meio a uma crise, e dos médicos, contando a história real e o desfecho dela. É bem curto o conto, mas mexe muito com a gente.
"Eram ELES. Eles haviam me encontrado, eles estavam ali e eu tinha que fugir para proteger os meus. Arrumei alguns poucos pertences e saí em meio à madrugada, com destino incerto, a fim de livrá-los da maldição que eu carregava."
Conto 7 - Pedro e o Lobo
Esse conto é a história de Pedro, uma criança de 5 anos que devido as dificuldades da vida já se sente um rapazinho. Ele e sua mãe todos os dias saem para catar lixo, com uma rotina sempre muito sofrida. Ao chegar em casa, quase sempre, seus esforços de nada valem, já que o padrasto de Pedro pega as poucas coisas de valor que conseguem para vender e com o dinheiro comprar bebida. Como se não bastasse, ele e sua mãe sofrem de violência doméstica, um dos temas mais tratados em todo livro. Ele então, com seus cinco anos e não conhecendo bem o mundo, resolve fazer algo de bom para que sua mãe e ele possam se livrar do padrasto. Mas o final, bem, é como quase toda história da vida real.
" Afinal, ele é só um garotinho, mas já é grande o suficiente para entender o que é não ter para onde ir. E que as pessoas têm casas, não como o barraco onde vivem com o padrasto, mas aquelas bonitas e coloridas, como no desenho que assistira na “tevelisão” de um vizinho. Logo, se eles tivessem uma casa, eles teriam para onde ir. Mas como se consegue uma casa?"
Conto 9 - O livro
Alguns de seus contos levam nomes de objetos, como "A casa", "A porta". Assim como nos outros "O Livro" é um objeto amaldiçoado. A personagem principal desta história recebe um livro em branco de herança de um tio muito distante. Inicialmente não dá muito interesse, pois era muito ambiciosa e apenas o dinheiro, que bancava os saraus em sua enorme casa, lhe importava. Com o tempo aquele objeto foi lhe despertando interesse, e teve a idéia de ali escrever suas memórias. Quanto mais tempo se dedicava à escrita de suas memórias, menos tempo passava com seus amigos. Tem um final impactante.
" O livro acabou por se tornar uma charada, um enigma, que prometia exauri-la por completo. Após titubear a respeito disso por semanas – por que fora dado a ela? Qual significado oculto por trás de tal legado? – ela finalmente pensou ter compreendido. A capa do livro não tinha seu nome? Que mais seria então, se não o receptáculo de suas memórias, das histórias que presenciara, dos mexericos que sabia? Deveria ser um livro escrito por ela, a respeito dela. Sim, deveria ser isso."
Foi uma leitura incrível. A autora é muito talentosa e amarra perfeitamente suas histórias. Os assuntos que ela aborda são de extrema importância, assuntos que precisamos refletir. É a realidade brasileira, contada de forma ficcional, porém tão assombrosa no livro quanto na vida real.
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