spoiler visualizarNaiaraAimee 04/12/2019
Uma Surpresa e Tanto!
[RESENHA COM SPOILERS]
Antes de começar essa resenha eu preciso fazer uma confissão: não sou o público-alvo desse livro. Sou leitora de Novo e Jovem adulto, Chick lit, clássico, romance de época e o mais próximo que estive de algo diferente foi Thriller, com os livros do Charlie Donlea e Mary Kubica que chegaram a mim enviados para que fossem resenhados para o blog em que eu colaboro, de forma que não sei se os teria lido se não fosse assim. De alguns thrillers eu gostei de outros nem tanto, mas o caso é que, apesar de ter curtido as leituras que fiz, elas não foram o suficiente para me fazer ir atrás de mais livros do gênero. Estou dizendo isso porque essa resenha é uma resenha mais do coração, então eu não tenho como falar dos aspectos que tornam o livro o gênero que ele é.
Vamos a minha primeira experiência com um livro denominado como terror. Quando Nosferatu saiu, há alguns anos, achei a premissa interessante, mas fiquei com medo de ler porque só a sinopse e a capa já me deixaram meio apreensiva, então deixei passar até que recentemente tive a oportunidade de ter contato com a obra. Resolvi dar uma espiadinha pelo menos no primeiro capítulo (eu faço isso com todos os livros) e, de repente, me vi envolvida e não conseguia largar o livro.
A primeira coisa que me prendeu foi sem dúvida a narrativa. Preciso salientar que eu não estou no meu melhor momento como leitora. Honestamente? Esse ano (2019) estive bastante desanimada, então um dos critérios para eu pegar um livro seria ele no máximo ter umas 350 páginas, acima disso eu estava fugindo e fugia principalmente de livros que contivessem muita descrição e narração. Mas há alguma coisa muito mágica na maneira como Joe Hill faz suas descrições, que eu sequer me peguei pensando sobre o assunto.
O livro tem início nos anos 80. Há uma onda de crianças desaparecidas, mas ninguém é capaz de solucionar o mistério que há por trás delas. Victoria McQueen um dia, ao ver seus pais brigando por uma pulseira de sua mãe que desapareceu, pega sua bicicleta Raleigh e pedala até uma ponte de sua cidade que foi destruída, mas, de alguma forma, a ponte se refaz e a leva para o ponto em que a pulseira foi perdida. Quando ela retorna, não conta a ninguém sobre a “Ponte do Atalho”, inventa alguma desculpa e passa então buscar coisas desaparecidas, embora tenha ciência de que essas viagens não a deixem física e mentalmente bem.
Vic vai à procura de alguém que lhe diga se tudo aquilo é real e encontra Maggie Leigh, uma mulher que tem a capacidade de saber informações devido ao seu dom com o jogo de palavras. Ali, ela descobre sobre Charlie Manx, um sequestrador de crianças a quem ela está destinada a encontrar. Porém, por ficar muito tempo fora, Vic se sente mal e quando retorna para casa, ela descobre que sua Raleigh foi perdida e que não há mais como refazer a “Ponte do Atalho”.
Bing Patridge sempre sonhara com a noite natal quando seu pai lhe dera de presente uma máscara de gás que o mantivera vivo na Coreia, antes de ele ser acertado na nuca por uma pistola de prego. Assim que vê numa revista um anúncio sobre passar a vida na chamada Terra do Natal, ele não pensa duas vezes antes de responder e aguardar ansiosamente uma reposta. Leva algum tempo, mas ele logo conhece Charlie Manx, um homem de aparência estranha, que dirige um Rolls Royce antigo e que o convence a levar criancinhas para a Terra do Natal, afastando-o dos seus pais com o argumento de mantê-los longe das aflições que eles causam aos seus filhos e das mazelas do mundo.
Anos mais tarde, depois da separação dos pais, após uma briga com a mãe e o afastamento do pai, Victoria encontra nos fundos da garagem sua bicicleta e pedala em busca de problema. Assim, ela conhece Charlie Manx e passa por uma das piores experiências da sua vida, que quase a leva a morte. No entanto, com ajuda de Lou Carmody, um motoqueiro que está passando pela estrada quando ela consegue escapar da casa em chamas de Manx, ela consegue sobreviver e Manx é preso, porém as consequências desse dia a perseguem durante todos os anos seguintes. Vou parar por aqui porque já dei spoiler adoidado.
Victoria McQueen é uma personagem com a qual é impossível não se ter empatia. Toda a perturbação que ela passa por conta do episódio na casa de Manx, com tudo que viu, mexem com ela de uma forma que Vic torna-se alguém cheia de angustias consigo mesma que sente não merecer o amor de Lou, por quem ela se apaixona de verde, e o amor do Wayne, o filho que tem com ele. As emoções que ela passa são tão reais e palpáveis, os sentimentos tão genuínos que só me fizeram admirar ainda mais Joe Hill por ter essa percepção tão vívida. A cada página, ciclo, fase eu me pegava querendo saber o que ia acontecer e a ficar realmente apreensiva. É uma leitura viciante e você nem se prende ao número de páginas.
Charlie Manx foi um dos vilões mais carismáticos e detestáveis que conheci. Foi muito bem construído como todos os outros, na verdade. O Lou foi um personagem fofo e me apaixonei por ele com a Victória. Eu me emocionei em alguns momentos e, no fim das contas, esse livro se tornou um dos meus favoritos. Jamais vou esquecer Victoria McQueen e o mulherão que ela foi.
Enfim, foi minha experiência com o gênero, embora no decorrer da leitura o livro me parecesse mais uma fantasia sombria com um toque de thriller e não terror, talvez porque eu tenha uma visão de terror errada pelas péssimas experiências que tive com filmes e com tentativas com outros livros. Mas eu amei NOS4A2 e já estou bem ansiosa para ler outros livros do Joe Hill e também do Stephen King, seu pai. Ao que parece, o talento é mesmo de família!