morganarosana 14/04/2013Eu já falei da autora, a chinesa Xinran, na resenha de outro livro viajante As boas mulheres da China. Ela era uma apresentadora de rádio que resolveu dar voz aquelas que não tinham voz para expressar seus sentimentos, dividir suas dores e espalhar suas opiniões.
Ela teve que praticamente fugir para a Inglaterra para publicar seu livro e para que as histórias destas mulheres pudessem ganhar o mundo. Assim ela vai viver em um mundo completamente novo e desconhecido pra ela, com costumes malucos e arte incompreensível para sua mente e orientações chinesas. Alguns anos depois, já estabelecida neste novo país, ela começa a escrever colunas para o jornal inglês The Guardian, contando curiosidades, costumes e diferenças de sua ancestral terra natal.
Há várias referências ao seus livros anteriores As boas mulheres da China e o romance Enterro Celestial - romance no qual ela descreve a jornada de uma mulher chinesa recém-casada em busca do marido dado como morto no Tibete.
Não é um livro com forte carga emocional como As boas mulheres da China, já que se trata de apenas apanhados de crônicas para um jornal. Mas há várias curiosidades e discrepâncias entre o modo de viver chinês e o modo de viver ocidental. Há várias questões importantes para o povo chinês como a relação entre meias e status, as superstições, o valor da liberdade de pensamento e atitudes, as marcas que as várias revoluções deixaram na vida chinesa, principalmente das mulheres, os modos de compreensão e apreensão da Arte ocidental e oriental. E principalmente, como a China atual, com política de abertura lida com a crescente ocidentalização de suas vidas e cultura. Como preservar tradições milenares com o desenvolvimento vindo em direção como um trem desgovernado e sem freio?
É um bom livro de curiosidades e relatos de uma chinesa, que vivendo tanto tempo no ocidente, talvez nem saiba mais o que é ser chinesa.
resenha originalmente postada em: www.estranhomundinhoinsano.blogspot.com