Ju Oliveira 23/06/2014Tocante!Molly é uma adolescente rebelde, órfã, que vive trocando de lares adotivos. No momento ela se encontra na guarda do casal Dina e Ralph. Dina é uma mulher arrogante e implicante e deixa claro que só aceita a presença de Molly em sua casa pelo dinheiro que recebe por acolher um órfão. Já o “pai” Ralph é atencioso e até se mostra carinhoso com Molly.
Após cometer uma pequena infração, (roubar um livro da biblioteca), para não ser mandada para o reformatório, Molly decide prestar algum tipo de serviço. Com a ajuda de seu namorado Jack, ela acaba conhecendo Vivian, uma rica senhora de 91 anos, que está a procura de alguém para ajudá-la a organizar seu sótão, onde há muitos pertences antigos, guardados a várias décadas. Mesmo achando que esse serviço certamente seria um tédio, Molly aceita.
Logo após o primeiro encontro com a senhora, Molly percebe que elas tem muito mais em comum do que qualquer um poderia imaginar. A simpatia de uma pela outra é recíproca. Vivian também é órfã. Conforme elas vão abrindo as caixas para separar os itens para doação, lixo ou embalar novamente, Molly fica encantada, pois cada objeto que há naquelas caixas tem toda uma história por trás, geralmente uma triste história.
Vivian relata a Molly sua infância sofrida, a vinda da Irlanda com sua família, a morte de todos eles em um incêndio e após ficar órfã, a triste viagem no “Trem dos órfãos“, com apenas 9 anos de idade. Sua busca por um lar de carinho e o sofrimento enfrentado a cada nova parada do trem, quando era rejeitada, pois na época as famílias eram interessadas em bebês ou meninos mais fortes para trabalhar em suas lavouras.
O trem dos órfãos é um dos livros mais tocantes que já li na vida. Muito triste saber que ele realmente existiu nos EUA entre os anos de 1854 e 1929, chegando a transportar até 100 mil crianças órfãs. Narrado em primeira pessoa pela personagem Vivian, ela nos conta todos os horrores e as barbaridades que teve que enfrentar na vida, desde seus 9 anos. Os lares horrorosos por que passou, sendo tratada pior que bicho, por seres humanos insensíveis e maldosos.
Certos momentos da leitura, a angustia e a judiação era tão grande que chegava a doer. Revolta, raiva, compaixão, uma mistura de muitos sentimentos em um só livro. Apesar de a autora expor detalhadamente o sofrimento vivido por Vivian e vários outros órfãos, a lição que ela passou nessa obra é muito linda. A autora conseguiu nos fazer enxergar, que por mais triste e sofrida que tenha sido a infância da personagem, ao crescer e se tornar uma jovem mulher, ela não permitiu que o ódio e a amargura tomasse conta de sua vida. Pelo contrário, lutou para se tornar uma pessoa digna e honesta. E essa é a lição que Molly acaba aprendendo com Vivian.
O trem dos órfãos certamente vai mexer com o emocional dos leitores, assim como fez comigo. Tocante, emocionante, revoltante (em certas partes). Muito bem escrito, a autora fez uma grande trabalho de pesquisa, chegando a entrevistar descendentes dos passageiros e até mesmo alguns próprios passageiros do trem dos órfãos, todos já passados dos 90 anos.
Enfim uma leitura rica em sentimentos e fatos históricos, tristes, mas infelizmente reais. Eu indico muito. Leiam!
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http://juoliveira.com/cantinho/o-trem-dos-orfaos-resenha-sorteio/