luan_dal 04/06/2021
os MEUS dois amores são vernon e joe eu só queria tê-los para mim :(
Minha gente... eu esperava gostar desse livro, mas eu não imaginava que ia ser tanto.
Esse é um dos livros de drama da Agatha, onde ela para de matar pessoas e fazer personagens caricatos e excêntricos e passa a fazer coisas emotivas e com personagens muito bem construídos.
Em "Entre Dois Amores", a gente vai acompanhar a vida de Vernon Deyre, desde sua infância no final dos anos 1890 (de acordo com meus cálculos) até a vida adulta.
Nisso, a gente vai conhecer seus pais (que não se davam muito bem), tios (que os pais não gostavam muito), outros familiares (que não importam muito), babás, vizinhos, etc.
No começo, eu só consegui pensar que a Agatha escreveu Vernon como sendo uma versão sua: os dois gostavam de brincar no jardim, tinham babás de quem gostavam muito e amigos imaginários.
Mas eles também tem diferenças: Agatha gostava de música e Vernon não gostava; Agatha tinha pais se que amavam, Vernon não tinha, Agatha tinha vários amigos, Vernon era mais solitário.
As semelhanças voltam depois, quando as guerras são mencionadas (Guerra dos Bôeres e a Guerra Mundial, ambas que envolveram pessoas próximas ou a própria Agatha), e uma personagem trabalha num hospital (assim como Agatha; e aqui é uma parte bem extensa do livro, e muitas experiências da personagem foram parecidas com as de Agatha).
O livro é incrível. Bem diferente dos livros policiais, ele tem partes que falam sobre os sentimentos da época, envolvendo as guerras, a modernização e tecnologias, o progresso, a arte que vai contra o estilo convencional, etc., e esses sentimentos também se encaixam nos dias atuais.
Os personagens são incríveis. O Vernon criança, a Joe criança, eles dois adolescentes - Vernon inseguro e tímido, e Joe gatinha comunista justa e paciente como era Jesus -; Sebastian gatinho capitalista, Nell sem sal, Jane parente distante da Evelyn Hugo (na minha cabeça); as outras pessoas, as fofocas, TUDO É MUITO BOM!
O final é incrível. Tinha muitos lados para onde a Agatha poderia ter seguido, e ela foi no certo. Considerando só o final-final, das últimas páginas, tinha dois caminhos: um deles eu aceitaria, mas não seria impactante; e no outro, eu ficaria triste pelo o quê aconteceria, mas seria impactante.
E qual a Agatha escolheu???? A segunda opção!!
Fiquei triste com a escolha? Não.
Fiquei triste com o que aconteceu? Sim. Muito.
Quando eu acabei o livro, eu fiquei sem saber o que sentir. Só fiquei parado por uns quinze segundos e depois eu abracei o livro e tive vontade de chorar. E desde que eu terminei eu penso nesse final, e nos personagens (principalmente Vernon e Joe), e em toda a história.
Com certeza é um dos melhores livros da Agatha, e vai ficar um bom tempo no meu coração.
Minha única crítica e que eu acho que algumas discussões foram um pouco rasas. Eu queria que elas fossem mais aprofundadas, porque tinha conteúdo pra ter um monólogo interior, um fluxo de pensamento mostrando todos os sentimentos dos personagens que dura 15 páginas, e depois voltam a viver como se nada tivesse acontecido. Mas isso não tira o brilho da história, é só que eu amo livro com essas coisas.
Agatha quis escrever um livro que mostrasse seu conhecimento técnico sobre música, mas ela conseguiu muito mais que isso. Além da música, ela falou sobre amor, amizade, trabalho, e escolhas difíceis que temos que fazer para seguir nossos sonhos.