Lina DC 10/08/2014Foi apenas no ano de 1997 que Madeleine Albright e seus irmãos descobriram que eram judeus e que esse foi o motivo para seus pais fugirem para Londres durante a ocupação nazista. Infelizmente, seus pais já não estavam mais vivos para contar a sua história, então ela e seus irmãos viajaram, pesquisaram e conheceram a verdade sobre os seus parentes. E eis que temos "Inverno de Praga".
O livro é dividido em quatro partes: Parte 1 - antes de 15 de março de 1939, com oito capítulos; Parte 2 - abril de 1939 - abril de 1942, com sete capítulos; Parte 3 - maio de 1942 - abril de 1945, com sete capítulos e Parte 4 - maio de 1945 - novembro de 1948, com oito capítulos. A história é narrada em terceira pessoa, mas possui observações pessoais da autora, assim como fotos de família e fotos sob a perspectiva mundial.
Na parte 1 temos a invasão de Praga pelos alemães, com a presença de Adolf Hitler e seus auxiliares principais: Hermann Goring e Joachim Von Ribbenrop.
"Meus pais me mandaram para a casa de minha avó e tentaram da melhor maneira fazer o que seu amado país fizera: desaparecer". (p. 25)
A primeira parte faz uma trajetória histórica, usa citações de Sherlock Holmes, fala sobre T. G. Masaryk e do assassinato do arquiduque Fernando em Sarajevo em junho de 1914. Mas também fala da história de seus pais: Josef Korbel, o mais novo de três filhos e nasceu em 20/09/1909.
"Um excelente aluno, que desempenhava papéis importantes nas peças teatrais escolares, aborrecia-se com professores enfadonhos e viu-se em apuros por derrubar o chapéu de um estranho com uma espingarda de ar comprimido". (p.57)
E a sua mãe Anna Spiegelová, que foi abordada de forma bem direta pelo futuro marido quando os dois ainda eram bem jovens.
"Boa tarde, sou Josef Korbel e você é a garota mais tagarela da Boêmia". (p.58)
São esses momentos familiares que conseguem amenizar o impacto causado por esse evento mundial. O livro ainda apresenta trechos de biografias, de discursos importantes e muito mais.
"A memória nacional de qualquer povo é uma mistura de verdade e mito". (p. 120)
Na segunda parte, temos uma atenção maior aos programas humanitários, a transferência das crianças e o governo britânico e americano.
"Quando uma mulher desesperada envenenou seus dois filhos meio judeus, os vizinhos não deram as costas. Pelo contrário, quatrocentas pessoas - incluindo autoridades municipais - compareceram ao funeral". (p. 147)
Temos ainda muitas menções à Winston Churchill, à Batalha da Inglaterra e o cenário geral da Europa.
Na terceira parte, o foco é o incêndio de Lídice, a Gestapo e os campos de concentração, dando atenção especial a Terezín.
"Entre 1942 e 1944, ao menos 25 membros da minha família foram enviados à Terezín. Nenhum sobreviveu". (p.290)
A quarta e última parte foca na Conferência de Teerã em 1943, em Josef Stalin, nos "remendos" realizados no pós-guerra, nas conferências de paz, nas eleições e no comunismo.
O livro ainda contêm um guia das personalidades, uma linha tempo e um índice de notas. "Inverno de Praga" é uma obra que merece ser lida, apreciada e honrada.