Inverno de Praga

Inverno de Praga Madeleine Albright...




Resenhas - Inverno de Praga


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Christiane 24/07/2021

"ÀQUELES QUE NÃO SOBREVIVERAM, MAS NOS ENSINARAM COMO VIVER E POR QUÊ."

Madeleine Albright foi Secretária de Estado dos EUA e neste livro ela nos relata a história de sua família durante a Segunda Guerra Mundial, mas muito mais, ela nos conta a história da Tchecoslováquia e do Leste Europeu durante a guerra e também sobre o que ocorreu na Europa.

Albright era uma criança quando a guerra começou e somente muitos anos depois, quando seus pais já não viviam, ela tomou conhecimento do seu lado judaico e do destino de muitos de seus familiares. O livro é um relato sobre a guerra baseado numa extensa pesquisa, mas é também o relato pessoal de Madeleine e de sua família.

Achei interessantíssimo, pois temos muitas informações sobre os países da Europa Ocidental, mas pouco sobre o que ocorreu no Leste Europeu em países como Hungria, Romênia, República Tcheca, Eslováquia, a antiga Ioguslávia entre outros.

O livro inicia com um relato sobre a história da Tchecoslováquia, de sua formação inicial, Boemia, Morávia, Eslavos, ainda sob o Império Austro-Húngaro. Conta as lendas e costumes, os principais heróis. Algo que eu pessoalmente desconhecia e me enriqueceu muito, me levando a assistir o filme "A Avó" que já postei aqui no Blog. São muitas informações interessantes e que enriquecem.

O relato inclui toda a diplomacia que não surtiu nenhum efeito sobre Hitler, nos ensina a ser mais perceptivos, a ter mais cuidado. Tanto Hitler como Stálin mentiam, enganavam, não cumpriam com sua palavra, mas os outros países também visavam seus interesses e neste jogo não perceberam diante do que estavam e o que poderia vir a ocorrer.

A família de Madeleine consegue se exilar na Inglaterra, mas muitos de seus familiares ficaram e depois morreram de fome, doenças ou nas câmaras de gás. Ela relata o bombardeio de Londres, e a luta para voltar à democracia e liberdade. Acompanha principalmente Benes no exílio e suas tentativas para manter a Tchecoslováquia como um país e livre após a guerra, o que infelizmente não ocorreu. Este país que havia atingido sua independência e se formado logo após o fim da Primeira Guerra teve curta duração.

Após o fim da Segunda Guerra o Leste Europeu passou a ser um satélite da Rússia, estavam atrás da Cortina de Ferro, e apesar de toda a luta a Tchecoslováquia também ficou ali. Neste momento a família de Madeleine que havia retornado à Praga e depois ido para Belgrado, numa Iugoslávia já sob a ditadura de Tito, acabou pedindo exílio aos Estados Unidos.

Um livro que trata da história, mas também de pessoas, de todas que arriscaram suas vidas, das que morreram, das que sobreviveram, que nos traz as decisões terríveis que tiveram que tomar, onde o contexto não permite decisões morais, e sim de sobrevivência. Não há como julgar, pois somos incapazes de responder o que faríamos na mesma situação. A guerra trouxe a tona o que há de pior no ser humano, mas também o que há de melhor.

Recomendo a leitura, um livro belíssimo, sobre uma vida , sobre várias vidas e sobre um momento trágico da história do mundo.
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Henrique Fendrich 16/09/2021

Imagine que somente aos 60 anos você descobre que não apenas tem origem judaica como também que dezenas de parentes seus, inclusive tios, avós e primos morreram em campos de concentração ou de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial. Foi o que aconteceu com Madeleine Albright, nascida na Tchecoslováquia um pouco antes da invasão nazista ao país. A partir da surpreendente descoberta, ela passou a tentar reconstruir o passado de sua família, o que lhe era um pouco mais fácil na sua posição de secretária de Estado dos EUA.

O livro em que anuncia tais descobertas, contudo, não é meramente "pessoal". A história da família de Madeleine está sempre inserida no contexto maior da Segunda Guerra Mundial, a qual ela se propõe a recontar, mas a partir do "lugar de fala" tcheco (única experiência nesse sentido em português). Todos falam muito da Crise dos Sudetos e da posterior invasão alemã da Tchecoslováquia, antes ainda de a guerra ter um início "oficial", mas Madeleine fala a partir da expectativa de uma família que vivia naquele país e era herdeira de sua história.

Então a história, na verdade, começa muito antes, e Madeleine faz certamente o que é a melhor síntese em português da história tcheca. Embora haja um ou outro deslize que ela não tinha como saber estar cometendo quando escreveu o livro (como afirmar que os eslavos são de origem asiática), o painel que ela oferece da história tcheca é riquíssimo e ajuda a compreender melhor o comportamento daquele povo durante o tumultuado século XX.

Antes ainda de chegar a tratar da Segunda Guerra, emerge no livro a figura do presidente Tomás Masaryk, um personalidade muito à frente do seu tempo, que tinha tudo para marcar o século XX, pela sua influência e pensamento originais, se o século não estivesse destinado a ver surgir, depois dele, figuras odiosas que mancharam a reputação dos anos 1900.

Chega-se, enfim, à Segunda Guerra Mundial, e Madeleine esmiuça tudo mesmo, valendo-se de muitas fontes e documentos, familiares ou oficiais, sempre tendo em mente a perspectiva do seu país de origem. Reconheço que em alguns momentos senti um certo enfado com as descrições de combates, mas os momentos "políticos" são muito interessantes, pois nos levam a perguntar se não poderia ser diferente, se aquilo tudo não poderia ter sido evitado.

O presidente Benes também é figura importante na história, embora não tivesse a mesma envergadura de Masaryk e, inclusive, tenha tomado algumas atitudes bastante questionáveis, para não dizer amplamente censuráveis, como a expulsão dos germânicos do país logo após o fim da guerra (atitude que os críticos, com razão, comparariam aos métodos nazistas).

Mal a Tchecoslováquia havia saído do jugo nazista e entrou no jugo stalinista. A autora acompanha então, também com muitos detalhes, os eventos que culminariam no Golpe de Praga, em 1948, que levaria à influência ou ao domínio de quatro décadas dos soviéticos.

Há, sim, a história familiar, pois o pai de Madeleine foi um diplomata tcheco e todas as decisões alusivas a esse período impactaram diferente a vida da família (o pai dela teve também uma atuação muito interessante no governo tcheco exilado em Londres, trabalhando para a BBC), mas trata-se de uma história muito mais ampla, no mínimo de toda a Europa.
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Cláudia 09/10/2023

Duas estrelas foi só pela coragem dela de escrever esse livro vergonhoso. Como bibliotecária sei que não posso queimar livros, pois fazem parte da história, mas esse merecia!
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Hester1 28/04/2017

Não tenho muito a falar do livro. Eu simplesmente o amei!!!!!! Tchecoslovaquia na 2° Guerra e depois Comunismo e Guerra fria.
Márcia Naur 18/05/2017minha estante
Eba! Está na minha lista.


Hester1 19/05/2017minha estante
Tenho certeza que vc vai gostar. Excelente livro!!


Márcia Naur 19/05/2017minha estante
:=)




Lina DC 10/08/2014

Foi apenas no ano de 1997 que Madeleine Albright e seus irmãos descobriram que eram judeus e que esse foi o motivo para seus pais fugirem para Londres durante a ocupação nazista. Infelizmente, seus pais já não estavam mais vivos para contar a sua história, então ela e seus irmãos viajaram, pesquisaram e conheceram a verdade sobre os seus parentes. E eis que temos "Inverno de Praga".
O livro é dividido em quatro partes: Parte 1 - antes de 15 de março de 1939, com oito capítulos; Parte 2 - abril de 1939 - abril de 1942, com sete capítulos; Parte 3 - maio de 1942 - abril de 1945, com sete capítulos e Parte 4 - maio de 1945 - novembro de 1948, com oito capítulos. A história é narrada em terceira pessoa, mas possui observações pessoais da autora, assim como fotos de família e fotos sob a perspectiva mundial.
Na parte 1 temos a invasão de Praga pelos alemães, com a presença de Adolf Hitler e seus auxiliares principais: Hermann Goring e Joachim Von Ribbenrop.

"Meus pais me mandaram para a casa de minha avó e tentaram da melhor maneira fazer o que seu amado país fizera: desaparecer". (p. 25)

A primeira parte faz uma trajetória histórica, usa citações de Sherlock Holmes, fala sobre T. G. Masaryk e do assassinato do arquiduque Fernando em Sarajevo em junho de 1914. Mas também fala da história de seus pais: Josef Korbel, o mais novo de três filhos e nasceu em 20/09/1909.

"Um excelente aluno, que desempenhava papéis importantes nas peças teatrais escolares, aborrecia-se com professores enfadonhos e viu-se em apuros por derrubar o chapéu de um estranho com uma espingarda de ar comprimido". (p.57)

E a sua mãe Anna Spiegelová, que foi abordada de forma bem direta pelo futuro marido quando os dois ainda eram bem jovens.

"Boa tarde, sou Josef Korbel e você é a garota mais tagarela da Boêmia". (p.58)

São esses momentos familiares que conseguem amenizar o impacto causado por esse evento mundial. O livro ainda apresenta trechos de biografias, de discursos importantes e muito mais.

"A memória nacional de qualquer povo é uma mistura de verdade e mito". (p. 120)

Na segunda parte, temos uma atenção maior aos programas humanitários, a transferência das crianças e o governo britânico e americano.

"Quando uma mulher desesperada envenenou seus dois filhos meio judeus, os vizinhos não deram as costas. Pelo contrário, quatrocentas pessoas - incluindo autoridades municipais - compareceram ao funeral". (p. 147)

Temos ainda muitas menções à Winston Churchill, à Batalha da Inglaterra e o cenário geral da Europa.

Na terceira parte, o foco é o incêndio de Lídice, a Gestapo e os campos de concentração, dando atenção especial a Terezín.

"Entre 1942 e 1944, ao menos 25 membros da minha família foram enviados à Terezín. Nenhum sobreviveu". (p.290)

A quarta e última parte foca na Conferência de Teerã em 1943, em Josef Stalin, nos "remendos" realizados no pós-guerra, nas conferências de paz, nas eleições e no comunismo.
O livro ainda contêm um guia das personalidades, uma linha tempo e um índice de notas. "Inverno de Praga" é uma obra que merece ser lida, apreciada e honrada.
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Raffafust 05/11/2014

Ler "Inverno de Praga" é uma aula de História. Madeleine Albright, autora do livro, é ninguém menos do que uma ex Secretária de Estado Americana. Atuou na época do governo Bill Clinton e nos apresenta a história de sua família que ela própria desconhecia.
Sim, por incrível que pareça a tcheca que se naturalizou americana nasceu quando o país ainda era Checoslováquia em 1937. Dois anos mais tarde ela sairia do país rumo a Londres e pensou a vida toda que seria por motivos políticos já que seu pai era um diplomata. No meio da invasão de Hitler ao país milhares conseguiram fugir mas ela só viria a saber o real motivo anos mais tarde : sua família era judia. A então americana não poderia imaginar que muitos de seus parentes foram mortos no Holocausto. Publicado dois anos atrás nos EUA o livro chega ao Brasil com uma tradução maravilhosa da Editora Objetiva. Hoje, com 77 anos, Madeleine dá palestras e gosta de apoiar movimentos judaicos, suas origens.
O que lemos no livro dela não é somente a história de sua família mas tudo que se refira a explicar como surgiu o país onde nasceu e onde devido a guerra foi tirada para ser salva.
Enquanto boa parte de sua família ia para campos de extermínio, ela que viveu com uma das avós por um bom tempo, não se lembra de quase nada da época , foi preciso que fizesse uma pesquisa a fundo da história de seus ancestrais.
Madeleine conta que lembra de tentar voltar a sua terra natal após a Segunda Guerra mas como sabemos a então União Soviética devastou o que pouco que Hitler deixou e eles acabaram se mudando para os Estados Unidos onde ela viveu toda sua vida. De 1948 até os dias de hoje mergulhamos no universo de uma mulher que é elogiada no mundo todo por sua firmeza nas decisões quando trabalha com Clinton.
Sempre esforçada em movimentos pacíficos ajudou em diversas leis e criou medidas com a mesma garra que quis saber a fundo sua história de verdade.
Da criação da Checoslováquia aos dias de hoje, Madeleine nos dá de presente um livro para ser lido , entendido e guardado para sempre. Quem assim como eu ama História, não tem como não gostar.
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allaraujos 15/12/2015

Intrigante
Livro que trata da história da família da ex-secretaria de Estado dos EUA em paralelo com o nascimento, lutas e desenvolvimento da República Tcheca.
Iniciando com os grandes personagens históricos da República Tcheca desde nascimento deste Estado a autora desenvolve de modo envolvente um mapa sociológico e cronológico até o momento atual deste Estado que em diversas ocasiões teve seu futuro comprometido por decisões externas tomadas pelas grandes potências.
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suellem 14/07/2017

Inverno de praga
Um livro que demora a fluir, mas quando começa a desenvolver você não quer largar. Um trabalho de pesquisa incrível da autora sobre sua própria família . Os relatos da segunda guerra, impossível não chorar . Gostei bastante do livro, apesar de biografia não ser um dos meus gêneros favoritos. Valeu muito a experiência de leitura . Vale a pena ler o livro e conhecer a história dessa família . E também como a tchecolosvaquia foi afetada na guerra .
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