Aline 16/08/2015
Não me convenceu, não
Janela Literária apresenta a resenha de "Não se apega, não" da blogueira Isabela Freitas:
Er.... não sou muito fã de livros de auto-ajuda, aliás eu não tenho quase nenhum livro de auto-ajuda nessa vida (apesar de seguir os conselhos de alguns profissionais de vez em quando), porém, esse livro despertou minha atenção primeiro pelo título chamativo e segundo pela belíssima edição envolvida com muitas cores e um design espetacular (parabéns ao designer, de verdade).
Eu não sabia que a autora era blogueira e muito menos que ela era tão nova, só fui descobrir ao ver a foto da mesma na orelha da última página do livro, não que isso seja um fator importante.....ou talvez seja, enfim basicamente ele apresenta pra gente a história da Isabela que acaba de terminar um relacionamento. A premissa é muito básica: Isabela conta suas peripécias românticas, ao mesmo tempo que oferece conselhos preciosos que surgem da sua cabeça. É um misto de ficção (ou "ficação" rs) com auto-ajuda.
Fico com muito medo de fazer a resenha de um livro desses sem julgar a vida pessoal da autora já que ela se transformou no próprio personagem do livro. Quero tomar cuidado para não tentar ser muito cruel nas minhas colocações e até injusta com o estilo de vida dos mais favorecidos da sociedade (lê-se classe média), mas apesar de achar que a Isabela tem boas intenções, me pergunto se devo recrimina-la por ser piegas e fútil ou exalta-la por ser ela mesma e realista ao extremo, afinal a quantidade de garotas que são como ela não está no gibi, ao mesmo tempo, que não representa a esmagadora maioria. Isabela me pareceu pouco vivida e completamente fora dos padrões da maior parte da sociedade, ou seja, ela me parece ser da nata, a classe média alta que dá conselhos diferentes do que a maioria necessita.
O problema é que fazer a crítica de um livro é julgar o formato da narrativa e também o enredo e neste caso, a Isabela faz parte do mesmo. Não vou negar que muitos dos conselhos ditados pela Isabela são realmente bons e podemos dizer, até mesmo óbvios. Sei que ás vezes mesmo tudo sendo óbvio, só funciona se repetirmos ou estamparmos em algum papel, porém, a narrativa é demasiada simplória e creio que uma garota de 15 anos poderia ter essa mesma escrita. Certamente a autora quis ser ela mesma e ser sincera, o que podemos dar algum crédito, mas não elimina a pobreza de estrutura literária da obra.
Permitindo-me ser ousada agora e largando meu papel imparcial, preciso ressaltar que achei alguns absurdos neste livro inimagináveis que na minha cabeça, somente pessoas que têm tudo e são extremamente "bem de vida" conseguem enxergar a vida de forma tão pequena e fútil como li nessa narrativa (ok, sem generalizar, nem todos os "bem de vida" são fúteis"). Basicamente para resumir o que acabei de falar: a personagem ensina o desapego mas me parece insegura e recalcada em alguns momentos, senti ela ciumenta exageradamente e fiquei chocada com algumas passagens, como por exemplo, quando ela se revolta porque seu melhor amigo não estava mais na cola dela, afinal, o coitado estava namorando mas mesmo assim, ela deveria merecer atenção igual de quando ele estava solteiro.
Mas apesar de toda narrativa simples e piegas, me surpreendi com uma passagem que contava a história de uma amiga da Isabela, achei por incrível que pareça, simples mas bonita. O problema é que isso não convence muito, pois, você já está vacinado pela futilidade da protagonista e só acaba te convencendo de que ela contou essa história para te comover.
Essa resenha foi muito difícil de fazer, tive que tomar cuidado com minhas palavras mas infelizmente é realmente um livro extremamente comercial. Infelizmente fico triste em ver como a visão de muitos sobre o amor e sobre a vida é tão pequena e tão robotizada, além de simplória e infantil.
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