Poetriz 03/09/2016Não convenceuA autora, numa nota no primeiro livro, explica que se baseou em histórias verídicas, quando entrevistou pessoas de várias religiões para um trabalho de graduação. Só isso me deixou super curiosa, eu esperava mesmo, que aparecessem coisas bizarras e absurdas, dessas religiões secretas e que fogem do senso comum.
No primeiro livro, somos apresentados à "Ordem", uma comunidade religiosa que prega a pedofilia e o estupro como formas de pacificação dos homens, que precisam "estravazar" para se sentirem em paz para "glorificar o senhor". Nessa comunidade, um grupo de 4 meninas lindas são chamadas de "almadiçoadas" e são retiradas do convívio da comunidade, devendo apenas servir na tal "partilha irmão-irmã". Foi revelado ao profeta dessa comunidade, que uma dessas meninas seria a salvação ou algo assim, e portanto, ela deveria ser a sétima esposa dele. A breve descrição desse profeta, me pareceu que ele é velho e com doença venérea, mas pode não ser também, já que a tradução estava péssima.
A história começa mesmo quando essa jovem consegue fugir dessa comunidade e é resgatada por uma caminhoneira que a deixa num clube de motoqueiros. O clube de motoqueiros tem uma temática mitológica, na história de Hades, daí o nome da saga. Eles usam até as moedas nos olhos e "gírias" como "enviar para o barqueiro", quando uma pessoa morre. Mas também, só isso.
O líder dessa gangue é mudo, na verdade ele fala, mas não em público, porque ele é extremamente gago. Menos nas horas calientes, onde nem se precisaria falar... Obviamente, ele se apaixona pela fugitiva, porque eles também se encontraram muitos anos antes, quando eram crianças. O clube é contra porque o cara, afinal, é o líder. E por isso, numa atitude, ao meu ver, muito estranha, ele deixa a moça aos cuidados de um "amigo" do clube e parte numa missão.
O tal "amigo" integra o triângulo amoroso. E, adiante, se revela como um espião da "Ordem" querendo levar a mocinha consigo.
Achei a pior mocinha das histórias das mocinhas que já li na vida. Ela insiste, não, ela irrita, enche o saco, torra as paciências mesmo, para ser amiguinha do tal "amigo da Ordem". Ela só quer amizade. O cara, obviamente não. Aí acontecem as brigas, o sequestros, as reviravoltas. Tudo porque essa santa fica persistindo nessa idéia bizarra de ter o mocinho da história e ainda o friendzone, perto dos olhos, como plano b.
Outra coisa irritante foi a construção dessa personagem. Uma pessoa, recém saída de um grupo religioso, teria uma visão deturpada das coisas e, acredito eu, levaria um tempo para se acostumar ao mundo do lado de fora dos muros. Porém, em menos de uma semana, a moça já estava vestindo calças de couro justíssimas. Cadê a tal modéstia que ela disse que tinha? Ninguém abandona os hábitos para algo totalmente contrário, do dia pra noite.
O romance do casal não foi tão ruim. Só achei nada a ver o cara ficar resistente para ficar com ela e ela se fazendo de virgem inexperiente.
A história tem muitos furos, além da construção dos personagens. Há uma guerra, que na verdade é um tráfico de armas, onde inclusive a "Ordem" é fornecedora. O governador do estado está envolvido, porém isso é apenas citado. E há os nazistas que num determinado momento aprisionam o mocinho, cortam ele fazendo uma suástica em seu peito, portanto ele devia estar dominado, concordam? E incrivelmente, ele se livra, mata todos e foge, voltando para a cama quente de sua amada.
E também há os chechenos que são citados constantemente mas até agora não deram as caras.
Os outros motoqueiros (mocinhos de livros futuros) são apenas citados e no final, as irmãs almadiçoadas são resgatadas, porque só existe mulher nessa comunidade e tem mais motoqueiro sem par, e é necessário romance para escrever novos livros.
Uma inspiração nítida na Saga da Adaga Negra, aquela dos vampiros que não são vampiros. Porém, sem a mesma criatividade ou fôlego da Saga dos vampiros.
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