jota 12/09/2018Jogo da vida...Millôr Fernandes disse uma vez, certamente de brincadeira (mas sabe-se lá se foi assim mesmo), que jogar xadrez torna as pessoas mais inteligentes para... jogar xadrez. Bem, lendo esta curta novela de Stefan Zweig (1881-1942), última obra que escreveu antes de se matar, ao final o leitor vai discordar do grande humorista brasileiro (e também pensador, entre outras coisas).
Zweig conseguiu transformar o jogo de xadrez num personagem tão importante quanto os dois personagens principais. De um lado, um campeão mundial de xadrez, Mirko Czentovic, um sujeito um tanto bronco e arrogante, do outro, o doutor B., um jogador misterioso cuja curiosa história nos vai sendo revelada aos poucos, por ele mesmo.
Muita coisa da novela, o jogo de xadrez, o embate entre os dois homens, o clima em que ele se desenvolve e termina, tudo tem a ver com um livro subtraído pelo doutor B. do bolso do casaco de um interrogador nazista durante sua prisão. Isso ocorreu enquanto ele aguardava num corredor para ser interrogado, fato que se dá mais ou menos lá pelo meio da história. É um dos pontos altos da novela, assim como seu final, que contém uma mensagem filosófica. Tudo muito a ver com o autor austríaco, que morou e morreu em Petrópolis, RJ.
Lido em 11 e 12/09/2018.