Homero

Homero Luiz Antonio Aguiar




Resenhas - Homero


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Ana Luiza 07/12/2014

Resenha do blog Mademoiselle Loves Books
Homero tornou-se tão legendário – mitológico - quanto os poemas épicos a que ele são atribuídos: a Odisseia e a Ilíada, obras consideradas “fundadoras” da literatura ocidental. A questão homérica intriga e desperta controvérsias até hoje: teria o poeta realmente existido ou as obras milenares surgiram da tradição popular de se contar histórias oralmente?

“Personagens que jamais caminharam sob o sol. Diálogos que jamais foram travados. Sentimentos que jamais foram vivenciados. Falsidades. Mas ditas como se deve... Nunca, antes de Homero, alguém se atrevera a tanto. É como se ele concedesse a si mesmo o poder de criação. Poder, aliás, que os deuses jamais pretenderam compartilhar com os mortais.” Pág. 75

Nesse livro, Homero: aventura mitológica, o poeta é bem real e sua história é contada por ninguém menos que Calíope, a Musa da Poesia Épica. Filho de uma ninfa, Creteia, e do Rio Meles, muito antes de ser o grandioso Homero, a Musa nos conta que o poeta foi Melesigenes, um órfão que sempre foi ridicularizado por causa das circunstâncias de seu nascimento.

Melesigenes sobrevivia como podia e, apesar de ter encontrado muitas pessoas para destratá-lo, ele também encontrou diversas pessoas boas, que o ajudaram quando ele mais precisou e que, muito tempo depois, acabaram sendo homenageadas nos épicos do poeta, que nomeou vários personagens com os nomes daqueles que o auxiliaram em seu caminho.

“- (...) apenas lhes anunciarei que adoto de hoje em diante um novo nome. É preciso que o saibam para, se o escutarem no futuro, lembrarem que foram vocês que o deram a mim. Porque o nome que usaram aqui para me humilhar será o meu, a partir desse dia. Eu sou aquele que não vê. Eu sou Homero!” Pág. 25

Entretanto, antes de assumir o nome Homero e o destino para qual acreditava estar destinado, Melesigenes passou por provações dignas de seus heróis, inclusive a perda da visão, um castigo dos Deuses pela audácia do garoto em desejar criar algo novo, não histórias em homenagem aos Senhores do Olimpo, mas o que poeta nomeia de “épicos”, histórias novas, onde até os próprios Deuses são reinventados. Odiado por muitos Deuses, mas também por homens, Homero traça uma vida errante, onde se entrega completamente a sua arte e a seus épicos, que tratariam de encantar a muitos e imortalizá-lo na história.

Estava louca por Homero: aventura mitológica desde o seu lançamento. Sou simplesmente fascinada pela mitologia grega e claro que não poderia deixar de ler uma obra sobre aquele que alguns julgam ter até mesmo inventado os Deuses Gregos. Apesar de, particularmente, acreditar que Homero não tenha realmente existido, eu amei ler sobre a trajetória dele, apesar de que esperava um pouco mais.

Infelizmente, o autor, pela voz de Calíope, em uma excelente e envolvente narração em primeira pessoa, não foca apenas na história de Homero, mas também em muitos mitos da mitologia grega e nas histórias de a Odisseia e a Ilíada. Eu entendo que fazer essa conexão entre os mitos e a Odisseia e a Ilíada eram necessárias, mas acredito que Aguiar perdeu muito tempo nessas interlocuções e a história principal foi prejudicada.

Por se tratar de uma “aventura mitológica”, esperava um livro com muita ação e, apesar da obra ter bastante disso, pouco dessa ação é da história de Homero. Aqui o protagonista nem parece ser o personagem principal e sua história, sua vida, por si só, é mais monótona do que qualquer outra coisa. Homero não viveu nenhuma aventura, apenas as desventuras mesmo, e isso me decepcionou, pois não sei por que, antes de ler o livro, achei que ia encontrar um poeta misturado com herói, que realmente tivesse vivido aventuras, que tivesse lutado com monstros e sido seduzido por feiticeiras.

Apesar disso, Homero: aventura mitológica é um livro extremamente envolvente e gostoso de ler. Apesar dos desapontamentos, eu gostei bastante da obra. Para amantes de literatura e de mitologia grega, Homero é um mergulho maravilhoso em ambos os universos.

Um dos melhores atributos do livro é, sem dúvida, a belíssima edição. Adorei que o formato da obra, maior e quadrado, fuja do tradicional. Também me perdi nas belíssimas ilustrações que recheiam o livro, elas até mesmo me distraíram das páginas brancas que eu não gosto, mas que aqui foram um detalhe completamente irrelevante. Além do interior belíssimo, temos essa capa maravilhosa e que combina perfeitamente com a obra. A edição de Homero: aventura mitológica é um luxo completo!

“Em grego, a palavra das musas por vezes é nomeada por uma expressão que significa mito. E o mito é nossa verdade.” Pág. 237

site: http://mademoisellelovebooks.blogspot.com/2014/12/resenha-homero-luiz-antonio-aguiar.html
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Saleitura 08/11/2014

AVENTURA MITOLÓGICA
A grande chamada da A Menina que Roubava Livros de Markus Zusak era que se a Morte tinha uma história para contar, você devia parar para ouvir, e seguindo na mesma linha se Calíope a Musa da Poesia Épica também tem uma história para contar, você também para e ouve. E, ela conta sobre a vida de seu maior representante: Homero.

Deixemos um pouco de lado as discussões históricas sobre a existência ou não de um Homero; se ele foi o verdadeiro autor da Ilíada e da Odisseia; seu verdadeiro papel na criação dos deuses gregos; ou se a Ilíada e a Odisseia não passam de um conjunto de relatos compilados, e vamos nos concentrar no romance de Luiz Antonio Aguiar.

A trama do livro trata da história do Homero mítico, um aedo (poeta grego da época primitiva, que cantava ou recitava com acompanhamento da lira) que compôs A Ilíada (poema que relata um corte temporal da Guerra de Tróia) e A Odisseia (que relata o final da Guerra de Tróia e o retorno de Odisseus (Ulisses como também é conhecido) a sua terra natal, Ítaca).

Narra desde a vida dura do menino órfão Melesigenes (fruto da união do Rio Meles e da Ninfa Creteia ), suas desventuras como aedo que desafiava os deuses, sua cegueira, até tornar-se o célebre e reconhecido Homero.

Como é narrada pela musa Calíope, na obra os deuses gregos são tão reais quanto nas obras de Homero, e interferem na vida do aedo, que tem o atrevimento de cantar os deuses com características humanas e os humanos com características divinas. O que será um dos principais elementos de suas obras: a humanização dos deuses e a divinização dos heróis. O que gera a cólera dos deuses, até mesmo sua cegueira será uma vingança divina, e todos os percalços que passará durante sua vida, e que só obterá redenção após sua morte.

O autor faz um excelente paralelo entre a história de Homero e de suas criações, destacando a participação de personagens principais em sua vida, que serão homenageados como personagens secundários em seus hinos. Além de nos brindar com uma excelente análise (que aparece como divagações de Calíope ou discursos do próprio Homero) dos próprios elementos dos hinos de Homero e das relações humanas e da própria figura divina.

Um excelente livro, o texto de Luiz Antonio Aguiar é muito bom e envolvente, além da própria história de Homero, que acrescenta ao longo da trama, outras histórias da mitologia grega que complementam perfeitamente a narrativa. Um destaque são as belíssimas ilustrações de Sérgio Campante que dão um clima perfeito, misturando ilustrações modernas e reproduções de pinturas da época da Grécia Antiga.

Mito ou realidade, o mais importante é que Homero e seus contemporâneos, hoje mais de 20 séculos depois, criaram obras que nos inspiram e emocionam. Em suas narrativas repletas de criaturas fantásticas, deuses e heróis, nos trazem informação e conhecimento de e sobre um povo e sua cultura, uma forma pela qual as sociedades demonstram suas contradições, anseios e inquietações, o modo como enxergavam o mundo e percebiam qual o seu lugar social nele. E a Ilíada e a Odisseia foram imprescindíveis neste intento.

Se os deuses e heróis gregos são imortais, agradeceremos a Homero (ou aos homeros), que continuarão imortais, sempre que repetirmos as histórias sobre: a fúria de Aquiles, a nobreza de Heitor, a esperteza de Odisseus e a fidelidade de Penélope, entre tantos outras.

Resenhado por Marcelo Daltro
https://www.facebook.com/marcdaltro

site: http://saletadeleitura.blogspot.com.br/2014/11/resenha-do-livro-homero-de-luiz-antonio.html
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